Café em grãos e em xícara

NOROESTE
EM PAUTA


Exportações, aumento de geração de empregos, sustentabilidade e mobilidade urbana são temas importantes na pauta da Firjan Noroeste este ano 

 

Vai um cafezinho? Para quem vive em Varre-Sai, no Noroeste do estado, a pergunta não se limita ao agrado a uma visita, mas sim uma referência à principal riqueza do município. Com pouco mais de 11 mil habitantes, Varre-Sai é responsável por quase 60% da produção de café arábica do Rio de Janeiro, segundo dados oficiais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio), referentes ao ano passado. A maior parte vai para o Uruguai. O aumento de 27% nas exportações das empresas da região em 2023, de acordo com dados do boletim Rio Exporta, da federação, é creditado ao café de Varre-Sai, ressalta José Magno Hoffmann, presidente da Firjan Noroeste Fluminense.  

 

“O café de Varre-Sai tem se destacado no cenário nacional. As exportações da região movimentaram U$ 325 mil no ano passado, sob o efeito da alta de 145% nas vendas de café do município para o país vizinho”, conta ele. Também estão no Noroeste os outros três maiores produtores de café arábica do estado: Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Natividade.

 

José Magno Hoffmann, presidente da Firjan Noroeste. Foto: Vinícius Magalhães

 

A ampliação das vendas não se limita ao café. Na região, estão empresas de destaque, como a Companhia Paduana de Papéis (Copapa), em Santo Antônio de Pádua, que desenvolve projetos de produção sustentável em papéis higiênicos, toalhas e guardanapos; e a Fortplast, situada em Itaperuna, uma das maiores fabricantes de embalagens plásticas do estado.  

 

“A competitividade da região depende muito de melhorias em mobilidade local, através da duplicação da BR-356 e da Estrada do Contorno de Itaperuna. A proximidade do Porto do Açu, situado no Norte do estado, atrai negócios e vai gerar mais empregos e renda”, acredita Hoffmann, que também é vice-presidente da Firjan. 

 

 

Considerado essencial para o aumento da competitividade do Noroeste, o Porto do Açu é um dos destinos preferenciais de visitas programadas para seus associados pela Firjan Noroeste Fluminense, a fim de ampliar o networking e a troca de experiências. “Fomentar o ambiente de negócios é o objetivo da representação empresarial no Noroeste Fluminense, e com certeza mais ações virão. Já podemos perceber frutos da ida ao Açu, em 2023. Empresas do Noroeste que estiveram na visita vêm participando dos processos de compras de empresas do Porto”, conta.

 

Ao longo de 2024, a agenda de encontros de empresários será mantida, com visitas técnicas e networking em empresas locais ou de outras regiões. Como parte das atividades do Conselho Empresarial da Firjan Noroeste, 20 empresários estiveram na Fortplast, em maio, para conhecer o processo de fabricação e o maquinário que permitem uma produção de cerca de 300 toneladas mensais.   
 

 

Mobilidade aérea

 

A mobilidade para uma melhor circulação de mercadorias também se avizinha nos planos da região. A expansão de aeroportos regionais para aumentar a capacidade de movimentação de cargas e melhorar a competitividade em relação a outros estados é defendida pela Firjan na Agenda de Propostas Brasil 4.0. Em fevereiro deste ano, os ministros Celso Sabino, do Turismo, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, estiveram em Itaperuna para oficializar a entrega da outorga do aeroporto Ernani do Amaral Peixoto para a Infraero.  

 

Rogério Barzellay, presidente da Infraero, anunciou investimento de aproximadamente R$ 15 milhões, o que permitirá aumento da malha aeroviária, com expectativa de voos para os aeroportos das capitais do Espírito Santo, Minas Gerais e do próprio Rio de Janeiro.  

 

Itaperuna é um dos municípios mais distantes da capital fluminense, porém fica a apenas 40 km da divisa com Minas Gerais e a 35 km do Espírito Santo, recebendo um intenso fluxo de caminhões pela BR-356. Atualmente, no aeroporto, só há pousos de pequenos aviões particulares e ainda não há previsão de quando os voos regulares para outras cidades começarão a operar.

 

Canteiro-escola da Firjan SENAI Itaperuna. Foto: Vinícius Magalhães

 

Construção civil em crescimento

 

A região de menor densidade populacional do estado, com cerca de 325 mil habitantes em 13 municípios – Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema, Santo Antônio de Pádua e São José de Ubá –, tem experimentado crescimento em geração de empregos, principalmente em sua maior cidade, Itaperuna, com muitos empreendimentos em construção civil.  

 

Há grande procura por alojamentos para estudantes matriculados no campus local do Instituto Federal Fluminense (IFF) e nas diversas faculdades particulares que oferecem cursos em Itaperuna. Trata-se do 14º município que, segundo o Caged, mais abriu novas oportunidades entre as 92 cidades fluminenses no primeiro trimestre deste ano.  

 

Para atender a demandas de qualificação em construção civil, a Firjan SENAI Itaperuna inaugurou, em abril, o novo Canteiro-Escola da unidade, com cursos de aperfeiçoamento e aprendizagem profissional em alvenaria, cerâmica, pintura, carpintaria, drywall, light steel frame e climatização. A expectativa é formar 240 profissionais este ano.  

 

Outro programa de qualificação apoiado pela Firjan é o Calçada Acessível, que orienta o corpo técnico de prefeituras fluminenses para a padronização e acessibilidade de calçadas. “É uma iniciativa que diz respeito à mobilidade urbana, com assessoria da Firjan. É de extrema importância termos uma cidade acessível para todos, onde qualquer pessoa possa ir e vir”, destaca José Magno Hoffman.

 

Recomposição da rede de energia

 

A recomposição da rede elétrica para elevar a carga de energia na região permanece na pauta de reivindicações da Firjan Noroeste Fluminense. Em janeiro deste ano, representantes da Enel, da Copapa – uma das principais empregadoras da região –, da Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar e da federação se reuniram para discutir esse pleito histórico da região, onde as constantes quedas de energia prejudicam a produção industrial. Cada interrupção de energia pode comprometer toda a produção, levando à interrupção dos processos e limpezas de máquinas, sem contar com perda de material.

 

O projeto da Enel prevê a ampliação de 28 km da rede elétrica a ser implantada até 2026, com um investimento estimado em R$ 165 milhões. Ainda que tenha a Copapa entre os principais interessados na negociação, a obra estruturante de uma rede de distribuição mais robusta beneficiará os 13 municípios do Noroeste fluminense. Nos encontros com a Enel, os representantes dos municípios, apoiados pela Firjan, vêm solicitando a antecipação das obras na rede. “Temos avançado nos alinhamentos com a Enel, com a participação da Secretaria de Energia e da Copapa. Temos o desejo de que a recomposição da rede ocorra o mais rápido possível e o projeto apresentado pela Enel seja implementado o quanto antes”, reforça Hoffmann.

 

Resíduos sólidos

 

A Firjan Noroeste tem buscado incentivar práticas sustentáveis entre as empresas da região. O Noroeste produz 78 mil toneladas de resíduos sólidos por ano, o equivalente a 112 piscinas olímpicas cheias, e ainda não dispõe de coleta domiciliar universal em toda sua área. Estima-se que não haja sequer coleta de 11 mil toneladas de resíduos, enquanto outras 20 mil toneladas são depositadas diretamente em lixões. Outras 20,2 mil toneladas de resíduos que são recicláveis estão sendo aterrados, desperdiçando R$ 19 milhões em materiais que poderiam ser reaproveitados, o que levou à criação de um grupo de trabalho para analisar a questão.

 

A partir do estudo Mapeamento dos Fluxos de Recicláveis Pós-Consumo no Estado do Rio, também da federação, foi promovido um workshop de sensibilização para o tema, com apresentações de representantes de empresas que já fazem gerenciamento de resíduos. Este ano, a Firjan Noroeste tratou da economia circular como assunto prioritário no Conselho Empresarial da região, apoiando a criação de um grupo de trabalho que pretende envolver os setores público e privado e cooperativas, para, juntos, buscar a melhor forma de destinação de recicláveis. “A gestão de resíduos trará desafios e muitas oportunidades de negócios para a região”, acredita José Magno Hoffmann.