Trilho de ferrovia, indicando caminho

EF-118: PROGRESSO
SOBRE TRILHOS


Ferrovia é estratégica para o escoamento da produção e o desenvolvimento do Sudeste

 

A construção da EF-118 será um marco na infraestrutura ferroviária do Brasil, com grande potencial para conectar os principais polos econômicos do Sudeste, além de reposicionar o estado do Rio de Janeiro no mapa da logística, permitindo que recupere seu protagonismo como grande polo industrial e exportador, de acordo com a Firjan. O projeto de 495 km de extensão irá ligar a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), no Espírito Santo, à malha ferroviária da MRS, no Rio de Janeiro. A federação também destaca que a ferrovia é um dos pleitos da Agenda Propostas Firjan para um Brasil 4.0,“Com investimento previsto de R$ 4,5 bilhões, a EF-118 representa um avanço para o setor ferroviário, fortalecendo a logística nacional e garantindo um transporte mais eficiente e competitivo”, afirma Mauro Viegas Filho, presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan.

 

Mauro Viegas em audiência da ANTT
Mauro Viegas participou de audiências da ANTT sobre a EF-118 (Foto: Paula Johas)

 

Viegas também sinalizou a preocupação com a integração da ferrovia com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e os portos da Baía de Sepetiba. O empresário participou de audiências feitas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). em Brasília, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Quem também esteve presente nas discussões com a agência foi Francisco Roberto de Siqueira, presidente da Firjan Norte Fluminense.

 

“Este é um projeto fundamental para reposicionar o estado do Rio de Janeiro como um centro estratégico no cenário logístico nacional e internacional, que vai ligar os principais portos do Sudeste à rede ferroviária do país, permitindo que o Rio recupere sua relevância como um grande polo industrial e exportador”, analisa Siqueira. O empresário destaca que a EF-118 diminuirá a dependência do transporte rodoviário, que atualmente sobrecarrega a indústria, além de proporcionar um fluxo de cargas mais ágil e sustentável.

 

A ferrovia não só promete dinamizar a logística do Rio de Janeiro, mas também tem o potencial de impactar positivamente outras regiões do Brasil. Ela facilitará o escoamento de produtos, como grãos e fertilizantes, de estados do Centro-Oeste e de outras regiões para os portos do Sudeste. Segundo Diogo Martins, especialista em infraestrutura da Firjan, a EF-118 vai criar um novo corredor de exportação que ajudará a aumentar a competitividade do Brasil no comércio global.

 

“Trata-se de uma ferrovia que conectará os principais portos do Sudeste à malha ferroviária nacional. Reduzirá a dependência do modal rodoviário, que hoje onera a indústria, além de reduzir as emissões de carbono, por ser um transporte mais sustentável”, reforça Martins. Na opinião do especialista de infraestrutura, a EF-118 proporcionará um fluxo de cargas com menor custo logístico. Além disso, ao integrar-se à EFVM e à malha da MRS Logística, criará um novo corredor de exportação e importação, facilitando o escoamento da produção nacional.

 

A ferrovia é apontada como um motor de desenvolvimento para o Brasil, podendo atrair novos investimentos privados para terminais intermodais, centros logísticos e indústrias ao longo do seu traçado, segundo a Firjan. O impacto não se limita apenas ao Rio de Janeiro: o traçado estratégico da EF-118 proporcionará um escoamento mais rápido de recursos naturais e produtos industrializados, como minério de ferro, ferro gusa e carvão coque, que já movimentam grandes volumes pelo sistema ferroviário.

 

Infográfico mostra como será a EF-118
Infográfico: Paulo Quintão/Firjan

 

Como será a EF-118

 

A ferrovia, que integra o Anel Ferroviário do Sudeste e foi contemplada no Novo PAC, será implementada em fases. O primeiro trecho, de 170 km, liga Anchieta (ES) ao Porto do Açu (RJ) e atenderá ao escoamento de produtos pesados; enquanto o segundo, entre o Porto do Açu e Nova Iguaçu, no RJ, será dedicado a cargas diversificadas, incluindo grãos, fertilizantes, combustíveis e bauxita. Esse trecho é especialmente relevante para setores produtivos de diversas regiões do país que dependam da eficiência logística para acessar mercados internacionais.

 

“O Norte Fluminense será altamente beneficiado com a integração ao Porto do Açu, que é um dos maiores complexos portuários da América Latina. A ferrovia também impulsionará a geração de empregos, criando novas oportunidades de negócios ao longo do traçado”, afirma Siqueira,também vice-presidente da Firjan. O impacto sobre a força de trabalho é significativo, com previsão de mais de R$ 3,7 bilhões gastos em salários e uma arrecadação aproximadamente R$ 2 bilhões em impostos, fortalecendo o desenvolvimento socioeconômico da região.

 

Por outro lado, o empresariado fluminense vê a ferrovia como uma oportunidade única de redução de custos e aumento de competitividade. Setores como siderurgia, petroquímica, naval e agronegócio serão os maiores beneficiados pela redução do custo logístico, essencial para ampliar o comércio exterior do estado. A Firjan, no entanto, destaca os desafios de garantir a viabilidade econômica do projeto, enfatizando a necessidade de a ANTT definir parâmetros claros para a implementação do "gatilho" do trecho São João da Barra–Nova Iguaçu.


“A modelagem do financiamento, que envolve aportes públicos e privados, deve ser robusta para garantir segurança aos investidores. Além disso, é fundamental definir claramente o 'gatilho' para o trecho São João da Barra–Nova Iguaçu, critério que define quando a obra deverá ser iniciada, com base em fatores como volume mínimo de carga, metodologia de monitoramento da demanda e prazos estabelecidos”, pontua Martins. O “gatilho” é considerado essencial para a integração da ferrovia com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e os portos da Baía de Sepetiba, através da integração com a malha da MRS.

 

Martins ressalta ainda que, da extensão total da ferrovia, o trecho de 80 km entre Santa Leopoldina e Anchieta deverá ser construído pela Vale, como contrapartida pela prorrogação antecipada da concessão das suas ferrovias, e passará a integrar o contrato de concessão da EFVM. Portanto, garantir o cumprimento da obrigação da Vale quanto ao trecho Santa Leopoldina–Anchieta é fundamental, pois sua construção é determinante para a plena funcionalidade da EF-118.


Empresários de diferentes setores, especialmente os ligados à exportação, já manifestaram grande interesse na ferrovia, pois ela reduzirá custos, aumentará a eficiência e proporcionará novas oportunidades de negócios, por exemplo na construção de terminais intermodais, centros logísticos e indústrias.

 

As audiências públicas da ANTT com as contribuições ao projeto se encerraram em  fevereiro deste ano e a Firjan segue acompanhando de perto os próximos passos do projeto: a análise do Tribunal de Contas da União (TCU) no terceiro trimestre de 2025, a publicação do edital no quarto trimestre de 2025 e o leilão previsto para o primeiro trimestre de 2026.