

Publicado em 30/07/2025 - Atualizado em 01/08/2025 12:01
MUITO ALÉM
DA MÚSICA
Projeto da Firjan SESI, em Nova Iguaçu, reúne adolescentes em vivência musical que fortalece a autoestima, promove a convivência e estimula o protagonismo juvenil
Desde 2023, alunos da escola Firjan SESI Nova Iguaçu participam do (En)Canta SESI, um projeto que oferece vivência em canto coletivo a adolescentes. A iniciativa reúne jovens entre 14 e 17 anos e se consolidou como um espaço de crescimento pessoal e coletivo. Segundo relatos dos próprios participantes e da equipe pedagógica, a atividade tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento emocional, a convivência em grupo e a autoestima dos estudantes.
“A formação de jovens vai muito além do conteúdo escolar. Quando a Firjan SESI apoia iniciativas como o (En)Canta SESI, estamos apostando no desenvolvimento integral desses estudantes, na sua capacidade de se expressar, de trabalhar em equipe e de se reconhecerem como protagonistas das próprias histórias. Projetos como esse ajudam a construir jovens mais confiantes, mais preparados para os desafios do mundo do trabalho e mais conectados com suas comunidades. É gratificante ver que, por meio da cultura, conseguimos ampliar horizontes e contribuir para um futuro com mais oportunidades e sentido”, destaca Marcelo Kaiuca, presidente da Firjan Nova Iguaçu e Região e vice-presidente da federação.
Início sem experiência
Maestro responsável pelos ensaios e pela condução musical, Jefferson Araújo dos Santos afirmou que muitos alunos chegaram sem qualquer experiência anterior em música. Alguns demonstravam até dificuldade de comunicação. “Quando a gente começou, muitos não tinham vivência musical e eram muito tímidos. Hoje, se apresentam no palco com brilho nos olhos. Eu fico emocionado só de ver”, contou o regente do coral, que também é professor de Matemática.
A ideia do coral nasceu de uma proposta de um musical para apresentação de final de ano em 2022. Mas, de ensaio em ensaio, o (En)Canta SESI começou a ser notado, elogiado e convidado para eventos externos. Em outubro de 2024, ganhou visibilidade ao se apresentar cantando o Hino Nacional Brasileiro na cerimônia de posse do novo presidente e das novas diretorias Firjan/CIRJ, no Vivo Rio. Na ocasião, foram aplaudidos por uma plateia composta por empresários, deputados, senadores e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.


Repertório variado
A formação atual do coro conta com 26 vozes, divididas entre sopranos, contraltos, tenores e barítonos. O repertório é escolhido pelo regente, com participação dos estudantes, que sugerem canções e opinam sobre os estilos. Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Djavan, Tim Maia, Jota Quest, Jorge Vercilo e até a inglesa Adele já foram cantados pelos estudantes.
“Já trabalhamos músicas populares, peças regionais e composições feitas especialmente para a turma. A diversidade permite que os alunos explorem diferentes formas de expressão e desenvolvam escuta, afinação e interpretação em conjunto”, avalia Daiana Alves de Almeida, coordenadora de Educação Básica e uma das idealizadoras do (En)Canta SESI.
Música aliada dos estudos
Os próprios alunos também observam e comentam como a experiência com a música impactou a relação com os estudos. “Ficamos mais disciplinados com os horários e mais organizados na rotina. Passamos a ter mais interesse em outras atividades e fizemos novas amizades a partir do grupo musical”, reconhece Matheus Silveira dos Reis, que cursa o 3º ano do Ensino Médio, com formação técnica em Eletrotécnica. Participante do (En)Canta SESI, o estudante diz que o coral passou a ser parte importante de sua vida e o ajudou a enfrentar questões emocionais. “A música me ajudou a superar a ansiedade, e cantar com os amigos é como se fosse um abraço coletivo”, afirmou.


Para a pedagoga das turmas do Ensino Médio, Zuleica Lopes Dantas Cosme, além da técnica vocal, o grupo tem promovido mudanças comportamentais perceptíveis. “Eles aprenderam a escutar, a esperar a vez do outro, a respeitar o grupo. As mudanças vão muito além da música. Essa iniciativa tem um impacto enorme. Identificamos melhora no desempenho, na autoestima e até no relacionamento com a família. É uma ação que mostra como a arte transforma”, analisa.
O regente Jefferson Araújo complementa que “o coral funciona como uma ponte entre a escola e a comunidade. As apresentações costumam mobilizar familiares, vizinhos e educadores, criando um ambiente de valorização mútua”.
Os ensaios acontecem uma vez por semana, em ambiente preparado para receber os alunos com estrutura adequada. O espaço permite que tenham contato com práticas artísticas em condições técnicas e acústicas profissionais. Além dos encontros regulares, o grupo se apresenta em eventos da escola, encontros culturais e outras atividades promovidas pela unidade.
Arte traz autoconfiança
“Os pais se emocionam ao ver os filhos no palco. Muitos dizem que nunca imaginaram que eles teriam essa oportunidade. Isso muda a relação deles com a escola e fortalece os vínculos familiares”, completa a coordenadora de Educação Básica.
Luciane Roseira Bianco Carneiro, que é mãe da aluna Maria Clara, do 3º ano do EM regular e técnico Eletrotécnica, confirma o que disse a diretora: “É uma alegria imensa acompanhar o crescimento da minha filha, desde que ela começou a participar do coral da Firjan SESI. Maria Clara vem se desenvolvendo de forma admirável, não só musicalmente, mas também como pessoa. Notei o quanto está mais confiante, dedicada e comunicativa. O coral trouxe para ela uma nova forma de expressão. Cada apresentação é um momento de muita emoção e orgulho para nós”.
Para a Firjan SESI, investir em cultura é investir no futuro. A iniciativa integra a política institucional da federação de promover uma educação integral, conectando cultura, inovação e cidadania. Os alunos-cantores demonstram orgulho em fazer parte da iniciativa e planejam ter mais apresentações externas. Muitos não descartam seguir, no futuro, uma carreira na música.
“No grupo, nos sentimos à vontade para nos expressar. O momento dos ensaios e das apresentações tem efeito direto sobre o nosso bem-estar. Aqui é onde eu me sinto livre. Onde posso ser quem eu sou. Quando a gente canta junto, parece que os problemas lá de fora ficam pequenos”, destaca Ana Beatriz de Farias Santos, aluna do 3º ano do Ensino Médio, com formação técnica em Eletroeletrônica.
Mas nem sempre foi assim, nas primeiras apresentações, eles contam que ficavam nervosos e que foram superando a timidez aos poucos. “No início sentia medo de errar, mas aprendemos a confiar em nós e nos colegas. As apresentações passaram a ser vistas como conquistas”, relembra Matheus, acrescentando que nunca havia se apresentado em público antes de começar no coral. Hoje relata que a experiência teve impacto direto sobre sua autoconfiança. “Eu nunca tinha subido num palco. Agora me sinto capaz de qualquer coisa.”
Para os idealizadores do (En)Canta SESI, não existe dúvida de que a iniciativa foi bem-sucedida em muitos pontos ligados à cultura, música, ensino e convivência. Segundo os responsáveis, as atividades do coral prosseguem a cada recomeço de ano escolar, mesmo com a saída de concluintes do EM e a chegada de egressos do ensino fundamental. A expectativa da equipe é que o grupo siga revelando talentos, fortalecendo vínculos e promovendo uma formação mais humana e criativa na educação.