Mapa do Estado do Rio em regiões

CONHEÇA OS DESAFIOS
DO INTERIOR


O desenvolvimento das regiões fluminenses requer avanços em 2025

 

Segurança pública, infraestrutura, além da qualidade da energia, capacitação de fornecedores e construção de distrito industrial são as principais questões trabalhadas este ano pelas nove Representações Regionais da Firjan no interior fluminense.

 

A Carta da Indústria conversou com os presidentes de todas as Regionais, que elegeram, entre os pleitos prioritários, o que mais aflige cada uma delas, em função das perspectivas para 2025 – sem desconsiderar os demais temas. Os desafios do ano englobam muitas áreas, e algumas demandas perpassam diversas regiões, como a concessão da EF-118 (Estrada de Ferro Rio-Vitória) e e a relicitação da BR-040, pautas que estão no radar da federação em âmbito estadual.

 

A preocupação com a segurança pública, principalmente em relação ao roubo de cargas, está no centro das atenções de três Regionais: as da Baixada Fluminense, tanto da Firjan Caxias e Região quanto da Firjan Nova Iguaçu e Região e, ainda, da Firjan Serrana.

 

Dados do Panorama do roubo de carga no estado do Rio de Janeiro – 2025, da federação, indicam aumento de 7% no número de ocorrências registradas no ano passado, em relação a 2023, com destaque para a Baixada Fluminense, que manteve alta incidência de casos.

 

Caxias e Região

 

A articulação em busca de soluções para o problema envolve o Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Roubo de Cargas na Baixada Fluminense, criado pela Firjan e que completa dois anos neste mês de fevereiro. O GT se reúne periodicamente com forças de segurança pública, representantes dos governos estadual e federal e de entidades que representam os usuários.

 

“A segurança pública, especialmente o combate ao roubo de cargas, é o principal tema a ser trabalhado. Apesar dos avanços dos últimos anos, sobretudo no diálogo com as forças de segurança, ainda há muito por fazer. Intensificar as ações de vigilância e policiamento ostensivo, além de fortalecer os agentes da segurança pública com tecnologia e investimentos para asfixiar os receptadores e quem comercializa os produtos roubados”, destaca Roberto Leverone, presidente da Firjan Caxias e Região.

 

As soluções elencadas como primordiais pela Regional incluem investimento em avanços tecnológicos e no aparelhamento das Polícias Civil e Militar, bem como nas atividades de inteligência e investigação, visando diminuir a entrada de armas, munições e drogas que alimentam o crime organizado.

 

Estado do Rio em regiões, com as sedes

 

 

Nova Iguaçu e Região

 

“Já tive três caminhões da minha empresa roubados e sei de outros colegas que também tiveram esse tipo de prejuízo. No meu caso, eles querem o equipamento que tem no caminhão, como guindaste etc.”, relata Marcelo Kaiuca, presidente da Firjan Nova Iguaçu e Região.

 

O empresário conta que o Arco Metropolitano (BR-493) melhorou bastante. “Fui pelo Arco a partir de Queimados, peguei a Via Dutra e fui até Magé. O Posto da Polícia Rodoviária Federal está funcionando e as vias estão com manutenção. Mas o Arco continua um breu à noite. Percebi um fluxo de caminhões maior no Arco. O que daria uma sensação de segurança maior seriam carros da Polícia passando a toda hora”, recomenda.

 

Kaiuca sugere para 2025 um policiamento ostensivo nas principais vias da Baixada, que incluem a Via Dutra, a BR-040, a Linha Vermelha, a Avenida Brasil e o Arco Metropolitano, para inibir a ação dos bandidos.

 

Região Serrana

 

Já a Firjan Serrana, embora não figure entre as localidades líderes em número de roubo de cargas no estado, também sofre com esse problema, quando a logística das indústrias envolve a circulação pelas rodovias da Região Metropolitana do Rio.

 

“Apesar de Petrópolis ser uma das cidades mais seguras do estado, a segurança pública continua sendo uma de nossas maiores preocupações e um importante desafio em todo o Rio de Janeiro. Além do imensurável custo humano, a insegurança gera prejuízos enormes para toda a sociedade e também para o ambiente de negócios. Por isso, em 2025, seguiremos com essa pauta como prioridade. Vamos unir esforços para atuar junto ao governo estadual para melhorar a segurança nas vias de acesso à região, em particular a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, o Arco Metropolitano e a BR-116 (Dutra)”, esclarece Júlio Talon, presidente da Firjan Serrana.

 

Serra dos Órgãos, com vista para o Dedo de Deus, ao centro, um símbolo do estado do Rio de Janeiro

 

Sul Fluminense

 

Outro tema que continua importante este ano é a capacitação de fornecedores, uma atuação da federação para integrar as pequenas e médias empresas à cadeia das grandes indústrias. O objetivo é impulsionar a economia regional, gerando emprego e renda. Isso tem sido uma constante na Firjan Norte Fluminense, abarcando o atendimento ao mercado de óleo e gás, e na Firjan Sul Fluminense, em relação ao Cluster Automotivo e ao setor siderúrgico.

 

Uma das estratégias da federação é a promoção de rodadas de negócios entre fornecedores locais e os grandes demandantes, enquanto a Firjan SENAI entra com a oferta de capacitação profissional direcionada às necessidades específicas desses setores.

 

“É uma demanda da região, que tem dois polos importantes: o automotivo, capitaneado pelas grandes montadoras, e o siderúrgico, pela CSN e Arcelor Mittal. Uma reclamação constante no conselho das empresas é que as grandes indústrias contratam pouco os serviços da região. Um dos fatores seria a questão de qualificação e outro é que os escritórios dessas empresas ficam em São Paulo, onde já têm seus fornecedores”, explica Henrique Nora Jr., presidente da Firjan Sul.


Outro caminho é a atração de fornecedores para se instalarem na região, conforme deseja o Cluster Automotivo, visando melhorias logísticas e redução da carga tributária. Porém, tem enfrentado resistência dos potenciais fornecedores devido à alta carga tributária do estado do Rio e à insegurança pública.


A Firjan está atuando junto às montadoras para auxiliar na atração dos fornecedores, permitindo que o setor seja mais competitivo, gerando emprego, renda e desenvolvimento regional. O Cluster Automotivo possui a comissão “Desenvolvimento de Fornecedores”, que atua em diversas frentes.


Foi identificada a necessidade de atrair fornecedores de peças e insumos de diversos segmentos, uma vez que a cadeia de suprimentos no Sul Fluminense é pequena, se comparada a outros polos automotivos do país. Isso poderá melhorar o custo e o tempo logístico, reduzir as emissões de CO2 e aumentar as linhas de produção, permitindo também o crescimento da empregabilidade com a chegada de novas indústrias.

 

Norte Fluminense

 

A Firjan Norte também tem trabalhado na qualificação e capacitação de fornecedores locais para a cadeia produtiva de óleo & gás, que vem realizando investimentos vultosos na região. Já foram realizados dois workshops e duas grandes rodadas de negócios com o Porto do Açu e, este ano, em setembro, haverá mais uma edição do evento, que reúne 12 empresas-âncora do complexo e mais de 100 fornecedores locais. Outra ação é o Macaé Energy, com a segunda edição prevista para julho, visando conectar os agentes locais e promover negócios.


A Firjan SENAI atua com a capacitação de profissionais, serviços tecnológicos e uma gama de soluções para o desenvolvimento do mercado, que cada vez mais demanda mão de obra qualificada na região.

 

Tudo isso atuando também fortemente na defesa de pleitos importantes de infraestrutura como finalização da duplicação do trecho Norte da BR-101, o contorno de Campos e a construção da EF-118. Investimentos que terão impacto direto na cadeia de óleo e gás e no desenvolvimento sustentável da região.

 

"Atuamos com o compromisso de estreitar laços estratégicos com a Petrobras, o Porto do Açu e todas as empresas do mercado de petróleo e gás. Temos uma grande oportunidade de impulsionar os investimentos na região por meio de iniciativas conjuntas, como a realização de eventos e a defesa dos interesses da indústria", afirma Francisco Roberto de Siqueira, presidente da Firjan Norte Fluminense. "Nossa atuação permite desdobramentos em diferentes frentes para identificar demandas, promover soluções e fortalecer a competitividade local", completa.

 

Em consonância com essa atuação, a Regional trabalha fortemente na defesa de pleitos de infraestrutura, como a finalização da duplicação do trecho Norte da BR-101, o contorno de Campos e a construção da EF-118, investimentos que terão impacto direto na cadeia de óleo & gás e no desenvolvimento sustentável local.



Leste Fluminense

 

A Firjan Leste anseia pela definição da concessão da BR-101 Norte, para que sejam feitas melhorias no entroncamento Magé, Manilha, Itaboraí, de modo a diminuir os engarrafamentos em direção à Região dos Lagos e vice-versa.

 

A BR-101 corta o trecho da Firjan Leste de Niterói a Rio das Ostras, e os empresários esperam mais clareza sobre a continuidade ou não dos serviços da Arteris, controladora da concessionária Autopista Fluminense. “Aguardamos a duplicação das pistas e a construção das vias de acesso, principalmente em Magé, Itaboraí e Manilha, onde há grandes transtornos com engarrafamentos que afetam todo o Leste Fluminense, tanto na parte de carga como de moradores e turistas”, contextualiza Ricardo Guadagnin, presidente da Firjan Leste.  

 

A questão foi discutida em audiência pública recente. A solução encontrada pela ANTT foi lançar um novo edital, do qual a Arteris poderá participar. “Estamos no momento de discussão da concessão. Então cria-se uma janela de oportunidade para enfrentar esse problema. Com a EcoPonte, dialogamos sobre a possibilidade de se construir alças de acesso para o sentido Niterói, tanto de entrada como de saída para acessar a BR-101, como foi feita no Rio, para acessar a Linha Vermelha”, pontua Guadagnin.

 

Noroeste Fluminense

 

A criação de um Condomínio Industrial e Logístico em Itaperuna é uma medida estratégica essencial para fortalecer a economia local e regional. A Firjan Noroeste e a Prefeitura de Itaperuna firmaram um termo de cooperação para viabilizar estudos de ordem técnica e econômica voltados à construção de um condomínio industrial e logístico na região, uma vez que a implementação do Distrito Industrial terá impactos positivos para todo o Noroeste Fluminense.

 

Com localização estratégica, próxima ao Espírito Santo e Minas Gerais, e com conexão direta ao Porto do Açu, a cidade de Itaperuna tem grande potencial para atrair novos investimentos industriais e expandir os negócios já existentes.

 

“Essa é uma iniciativa que representa uma chance valiosa para fomentar o crescimento econômico, ampliar a oferta de empregos e aprimorar a infraestrutura da cidade e seu entorno. Esse acordo costurado com o prefeito Emanuel Medeiros e o vice Jair Neto, através da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Serviço, tem grande potencial e respaldo crescente da sociedade civil organizada. Esse projeto pode se tornar um importante vetor de desenvolvimento no estado do Rio de Janeiro. Para isso, é também fundamental que as prefeituras do Noroeste e o governo do estado convirjam em torno dessa pauta, a fim de superar obstáculos e garantir que o projeto avance de maneira eficiente e eficaz”, destaca José Magno Vargas Hoffmann, presidente da Firjan Noroeste.

 

A instalação do Distrito pode resultar em aumento na geração de empregos nos setores do agronegócio, têxtil e da indústria de transformação, fortalecendo a retenção de talentos locais e impulsionando o crescimento regional.

 

Centro-Sul Fluminense

 

O fornecimento de energia elétrica de qualidade é mais um tópico fundamental para a atividade industrial. Se não é constante e oscila a ponto de interromper a produção e queimar equipamentos, é um grande empecilho para o desenvolvimento regional. Essa situação é comum na área de atuação da Firjan Centro-Sul, com sede em Três Rios.


“Participamos de reuniões com as concessionárias de energia constantemente, mas o problema não é resolvido. O pico de luz compromete a produção da região, pois temos indústrias com equipamentos sensíveis, o que gera perdas e prejuízos. As máquinas param e até queimam. Mas as concessionárias dizem que as interrupções estão dentro do padrão exigido no contrato. Precisamos atuar junto ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que os parâmetros sejam revisados”, alerta Waldir dos Santos, presidente em exercício da Firjan Centro-Sul.


É fundamental que os empresários registrem as ocorrências junto à concessionária, anotando datas e detalhes, visando acompanhamento técnico para evidenciar os problemas recorrentes. O objetivo é subsidiar a atuação da Firjan junto ao governo federal e à Aneel, para a qualidade do serviço.

 

Nesse sentido, o Grupo de Trabalho de Energia do Centro-Sul Fluminense está prestes a completar quatro anos e atua com uma agenda positiva para debater a oferta de energia elétrica de qualidade na região.

 

Centro-Norte Fluminense

 

A construção de um Distrito Industrial em Nova Friburgo é um dos principais pleitos da Firjan Centro-Norte. Anunciado em junho de 2022 pelo governo do estado, a ideia é a construção por meio de uma parceria pública-privada (PPP), tornando a região mais competitiva para atrair negócios e investidores e, consequentemente, gerar mais emprego e renda. Entretanto, Márcia Carestiato, presidente da Regional, explica que já existe um terreno para o distrito, mas a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) afirma não ter recursos para as obras.

 

“Uma proposta é fazer uma parceria: o estado tem o terreno, a Firjan faria o estudo. A ideia é ter um Distrito Empresarial que, além das empresas, abrigue secretarias, educação profissionalizante e tratamento de resíduos de confecção, para beneficiar o material industrial, contribuindo para a cadeia produtiva da cidade. Isso já vem sendo falado desde 2013. Será preciso construir a cinco mãos: Firjan, prefeitura, concessionárias, estado e iniciativa privada”, conclui Márcia.

 

Leia aqui a série de reportagens especiais da Carta, publicadas ao longo de 2024, sobre os pleitos do interior.