Publicado em 05/04/2024 - Atualizado em 05/04/2024 13:09
COMÉRCIO JUSTO
UNE FIRJAN E TARGA
Firjan apoia Targa/Lemgruber em pleito contra dumping na importação de luvas de procedimentos não cirúrgico
A Firjan vem apoiando indústrias que sofrem problemas no comércio internacional, como casos de dumping. Uma vitória recente beneficiou a empresa Targa, a maior fabricante de luvas não cirúrgicas do Brasil. O suporte institucional dado pela Federação a essa indústria foi fundamental para o resultado positivo do processo. “O direcionamento da Firjan, com seu apoio, é uma chancela para nosso pleito. Demonstra que o nosso pleito é sólido, tem sentido, é importante para o país, abrindo portas para a representação frente ao governo”, afirma Pedro Villaça de Almeida, CEO da Targa Medical S.A.
Em fevereiro deste ano, resolução da Câmara de Comércio Exterior determinou a aplicação de antidumping provisório para a importação de luvas de procedimento não cirúrgico importadas. A resolução atende à solicitação da empresa Targa, que contou com apoio institucional da Firjan. O processo será concluído em agosto, quando a medida poderá ser tornada definitiva, com validade por cinco anos. A determinação beneficia todos os fabricantes de luvas de procedimento não cirúrgico do país. Ao longo da pandemia, o produto foi incluído na relação de materiais isentos de impostos de importação, devido à necessidade de atendimento médico no país. Mesmo após o fim da isenção de impostos, em 2023, foi observada a queda dos preços praticados pelas grandes empresas de países asiáticos.
A Targa produzia em média 1,2 bilhão de luvas por ano, o que aumentou para 1,6 bilhão na pandemia. Após a pandemia, a produção caiu para 180 milhões de luvas/ano ou 15 milhões por mês. Com a medida antidumping, a empresa projeta uma produção de 1 bilhão de luvas até o fim deste ano, subindo, em 2025 para 1,5 bilhão/ano.
Cadeia produtiva da saúde
A medida antidumping é um mecanismo previsto na Organização Mundial do Comércio (OMC), utilizado também por outras economias para garantir a justa concorrência no comércio internacional. Rodrigo Santiago, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da Firjan, enfatiza a importância da medida antidumping em prol do comércio internacional.
“As ações da Firjan junto ao governo federal foram pela sensibilização pelo comércio justo. A medida apenas buscou mostrar a existência de dumping, contrária ao estabelecido em tratados internacionais de comércio e às melhores práticas internacionais. Essa medida vai ao encontro de uma indústria de importância nacional e com produção ligada ao Complexo Industrial da Saúde, prioridade do atual governo”, diz Rodrigo Santiago. O programa Nova Indústria Brasil contempla o estímulo à produção nacional de insumos e equipamentos para a saúde.
José Renato Julião, presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro (Sindborj), lembra que a liberação dos impostos de importação na época da pandemia era uma questão emergencial em um momento de escassez de matéria-prima até para a fabricação de pneus no Brasil, cuja produção de látex é insuficiente para suprir a demanda. “China, Tailândia e Malásia dominam o mercado mundial, porém não podemos depender exclusivamente da importação e do cenário geopolítico internacional, até porque temos indústria nacional”, sustenta Julião.
Desde 2021, a Firjan está atuando na interlocução desse pleito com o governo e múltiplos ministérios para garantia das melhores práticas do comércio e promoção do desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde, eixo importante da economia fluminense.
Importância da Targa para Paraíba do Sul
"O papel da Targa/Lemgruber é fundamental não apenas como um importante empregador, mas também como um motor econômico crucial para o desenvolvimento local. Sua presença não só garante empregos para centenas de colaboradores, mas também impulsiona a economia da Paraíba do Sul, contribuindo para o crescimento sustentável que impacta toda a região”, afirma Waldir dos Santos Júnior, vice-presidente da Firjan Centro-Sul Fluminense.
Localizada em Paraíba do Sul, município situado no Centro-Sul Fluminense, e conhecida como Targa/Lemgruber, marca das luvas que fabrica, a empresa é o principal empregador da região e tem, atualmente, em torno de 600 colaboradores, mas pretende aumentar o quadro para até 1.100 funcionários, pouco menos do que a quantidade da época da pandemia. Com produção significativa no mercado nacional, a empresa pretende fortalecer a ampliação física de suas instalações, caso seja confirmado o antidumping definitivo, diz Pedro de Almeida.
“A Targa é a maior indústria de luvas fora da Ásia, numa única planta. Com esse pleito, estamos defendendo a indústria nacional e queremos expandir nossa capacidade para permanecer atendendo à demanda interna”, pontua o CEO da empresa.
A retomada da produção nos números anteriores à pandemia ainda está distante, já que muitos equipamentos da fábrica permaneceram desligados por 20 meses, quando começou o dumping. Reiniciar as máquinas é um processo gradual, que inclui revisão e manutenção. A lentidão desse recomeço se reflete nos fornecedores.
“Da mesma forma que a Targa, a gráfica que imprime imagens e instruções nas embalagens estava com máquinas paradas. O dumping se reflete em toda a cadeia de produção. E não há como competir com preços baixíssimos, pois nosso trabalhador não cumpre jornadas extensas como nesses países”, comenta Almeida.