Geovana, finalista da Firjan SENAI na WorldSkills 2024 na categoria Joalheria

FIRJAN SENAI DISPUTA
OURO NA WORLDSKILLS


Maior competição mundial, com final na França, mostra para o mundo o que o Rio de Janeiro faz em educação profissional

A disputa por uma medalha de ouro na maior competição mundial de Educação Profissional, a WorldSkills 2024, em Lyon, na França, terá uma representante da Firjan SENAI: Geovana de Oliveira Corrêa, 19 anos. Ela vai competir, de 10 a 15 de setembro, na categoria Joalheria pelo Rio de Janeiro. A olimpíada do conhecimento, que já premiou outros alunos da Firjan SENAI, costuma impulsionar a carreira profissional dos estudantes, sendo referência para a metodologia de ensino da federação.

Após seis meses no curso de Ourivesaria no Centro de Referência em Joalheria da Firjan SENAI e um ano e meio de treinamento, a jovem está na etapa mundial. “Além de todo o treinamento feito, resiliência, muita vontade de vencer, criatividade e o jeitinho brasileiro para resolver problemas que podem ocorrer na hora da prova são bagagens que estou levando para a França. Depois de desenvolver todas as técnicas, focamos em melhorar o tempo de execução e os detalhes. Estou empolgada em participar e com expectativa alta”, aposta Geovana.

A jovem se apaixonou pela atividade, ao começar o curso de Ourivesaria, indicada por um professor do Ensino Médio, devido a suas habilidades com origami. No torneio, vai desenvolver uma joia em metal baseada em um desenho 3D, criando um design em uma peça de ouro de cerca de 20 centímetros. “O que mais gosto nesse processo é pegar um material zerado, só um pedaço de metal. Vou batendo, soldando e o transformo em um produto, uma joia, com a minha cara”, diz Geovana.

 

Geovana durante o treinamento para a WorldSkills 2024. Dois alunos da Firjan SENAI já conquistaram o primeiro lugar no mundial na mesma categoria, em 2011 e 2015 (Foto: Vinícius Magalhães/Firjan)


Formação de excelência

A Firjan SENAI já ganhou duas medalhas de ouro em joalheria na WorldSkills, destaca Carla Pinheiro, diretora da federação e presidente do Sindicato das Indústrias da Joalheria e Lapidação de Pedras Preciosas do Estado do Rio de Janeiro (Sindijoias). “Importante destacar a excelência da nossa escola enquanto formação de mão de obra técnica capacitada. Reforça que o Rio de Janeiro tem toda uma vocação na questão do design, da criação de joias, que se reflete até hoje nas novas gerações, como é o caso da Geovana. Mostra também a excelência dos cursos que a Firjan SENAI oferece”.

A empresária acredita que esse feito ajuda a impulsionar cada vez mais o Centro de Referência em Joias, que é muito importante para o setor. Não só como local de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e novas técnicas de fabricação, mas também como um prestador de serviço, principalmente nessas tecnologias de ponta, as quais muitas empresas não têm acesso, como a impressão 3D, inteligência artificial e análise profunda de teores de ligas.

Carla destaca ainda a importância da existência dos cursos para renovar o próprio setor e conectá-lo com os desejos do consumidor. A formação profissional inclui o conhecimento dessas e de outras novas tecnologias.

 


 

“O laboratório da Firjan SENAI na área de joias é disparado o mais completo, o que oferece mais cursos, mais forma mão de obra e o que mais tem tecnologia embarcada. Não existe comparação no Brasil. Os cursos ajudam a pessoa a entrar no mercado de trabalho, porque formam profissionais especializados e conectados, que, além de aprender todas as técnicas manuais, têm acesso à tecnologia disponível no mercado, o que possibilita um design diferenciado”, explica Carla.

Ouro em 2015

Outro aluno da Firjan SENAI que chegou à final mundial de Joias foi Leonardo Rodrigues, 29 anos, que garantiu a medalha de ouro em Joalheria em 2015. Ele já construiu uma carreira no setor, com ateliê próprio na Barra da Tijuca. Mas entrou na profissão por acaso. Conseguiu um emprego numa grande joalheria e ganhou um curso de aprendiz de Ourivesaria.

“Eu me apaixonei pelo trabalho e fiz o curso técnico. A Firjan SENAI me chamou para a competição. Venci a etapa nacional e o mundial, que foi em São Paulo. Hoje participo do processo criativo, da engenharia da joia. Faço anel que vira pingente e peças não óbvias, como um brinco que pode ser usado de três formas”.

 

Leonardo Rodrigues, ex-aluno da Firjan SENAI, conquistou o ouro na WorldSkills 2015 também a categoria Joalheria e hoje tem ateliê próprio no Rio (Foto: Arquivo Pessoal) 

 

O joalheiro reconhece que a qualidade técnica do ensino da Firjan SENAI o diferenciou em muitos aspectos. E ele dá um conselho para Geovana: “Resiliência. Continuar quando tudo dá errado. Ela tem que ser a que mais quer a medalha. Treinar demais e ter firmeza mental na hora da competição, já que todos têm o mesmo nível técnico”.

De olho no mercado de trabalho

A WorldSkills é mais que uma competição, é uma olimpíada do conhecimento mundial, uma grande certificação do Brasil. “A Olimpíada consolida a metodologia de aprendizagem da Firjan SENAI. Os competidores passam por várias etapas. É uma grande ferramenta de gestão dos processos pedagógicos e de aprendizagem da Firjan SENAI. De lá saem as referências para as redes. Nas categorias de Soldagem, Mecânica e Infraestrutura de Rede tiramos 2º ou 3º lugar na etapa nacional este ano. Isso é muito positivo, pois competimos com todos os estados”, enfatiza Alexandre dos Reis, diretor executivo da Firjan SENAI SESI.

Os cursos da Firjan SENAI auxiliam o profissional a entrar no mercado de trabalho ou a se recolocar. “Sempre escutamos a indústria para que possamos ter cursos bem alinhados com a demanda industrial, a fim de formar alunos para trabalhar nas fábricas e com qualidade de entrega. Melhores profissionais vão melhorar a qualidade e a competitividade das indústrias. O SENAI é uma marca nacional muito forte de qualificação de mão de obra”, reconhece Reis.

Segundo pesquisa de egressos feita em 2024 pela Firjan SENAI, 84% dos alunos foram aproveitados no mercado de trabalho. Com mercado de trabalho mais competitivo e em constante transformação, os cursos técnicos da Firjan SENAI são um diferencial. Os mais procurados atualmente para ampliar as oportunidades de emprego são: Automação, Eletromecânica, Logística, Mecânica e Tecnologia da Informação.

Outro diferencial são os laboratórios de fabricação digital – os Fab Labs –, presentes em todas as unidades Firjan SENAI que possuem cursos técnicos. “O Fab Lab é fundamental para as aulas de curso técnico e do Novo Ensino Médio. É uma ferramenta poderosa de retenção do aluno. Eles fazem o projeto e prototipam nas impressoras 3D. É fantástico”, explica Reis.

Os Fab Labs são espaços de educação com foco em inovação para modelagem e desenvolvimento de protótipos, que visam soluções viáveis para desafios reais da indústria e da comunidade. Abrigam cursos de iniciação, aperfeiçoamento e qualificação profissional.

 

“O Fab Lab impacta em todos os cursos da Firjan SENAI em que você precise elaborar um projeto. Após a modelagem do projeto, você pode imprimir com impressora 3D, realizar o corte com a cortadora a laser e usar ainda outros recursos tecnológicos. Consegue materializar o projeto e ter um protótipo de verdade. A partir dali vai experimentando. Pode criar, considerando as competências do curso”, conta Adilson Dantas, especialista em Educação Profissional da Firjan SENAI e delegado técnico do Rio de Janeiro na competição.


 

Ralph Crespo, ouro nas etapas estadual, nacional (2018) e Américas (2019) e bronze no mundial (2019), em Soldagem, teve várias propostas de emprego e hoje está na Firjan SENAI Macaé (Foto: Paula Johas/Firjan)


 

Final de Soldagem

Vários ex-alunos olímpicos têm sido contratados como monitores, instrutores, pedagogos e até gerentes e coordenadores da Firjan SENAI. Um deles é Ralph Crespo, 26 anos, que é instrutor de Soldagem na unidade Macaé. Ralph foi medalha de ouro na seletiva nacional em 2018 e garantiu o bronze no Mundial, competindo com 38 países, no Kazan, na Rússia, em 2019.

“Durante toda a preparação tive treinamentos com instrutores de referência, o que foi fundamental para a minha carreira e na competição. Tive várias propostas de emprego, fui trainee na Firjan SENAI Campos e depois instrutor em São Paulo. Há um ano voltei para o SENAI Macaé.”

Ralph avalia que, para ser um bom competidor, o aluno precisa ter um conjunto de especialidades, como respeito ao próximo e humildade para aprender. “Na etapa mundial, é preciso um foco grande na parte mental, para evitar erros”, alerta.

Saiba mais sobre a WorldSkills

A maior competição de educação profissional do mundo terá 64 competidores do Brasil este ano, distribuídos em 56 ocupações profissionais ligadas à indústria e ao comércio. O tema da prova de Joalheria é surpresa e será liberado no segundo dia de competição. Começa então a parte criativa, dos desenhos e o que Geovana vai fazer como produto. Depois precisa entregar um produto final dentro dos critérios pedidos. Geovana vai competir com 16 países, entre eles China, Coreia do Sul, Portugal e Suíça.

“Nesse período de preparação, fizemos um intercâmbio em Portugal para conhecer a tecnologia europeia na área de joias, o que ajudou bastante. A competição é muito importante, coloca a Firjan SENAI numa posição de destaque no trabalho da educação profissional. Fica uma demonstração também de que todos os alunos podem disputar essa posição. O aluno precisa se dedicar e passar por um período de treinamento avançado”, afirma Adilson Dantas.

Outro ponto importante, na opinião de Adilson e de Carla, é a participação da mulher, já que esse segmento tem uma capilaridade masculina. Ambos recomendam que as meninas também devem tentar. Joalheria é um trabalho bem dinâmico, criativo e bem remunerado.

A Firjan SENAI participa em média em 17 segmentos na parte nacional da competição. Depois que o aluno é selecionado para o projeto, passa por aperfeiçoamento, recebe bolsa-auxílio, refeição e transporte, além de apoio psicológico, de saúde e acadêmico, para ter um alto desempenho.