Equipe de robótica da Firjan SESI e escola municipal

FIRJAN SESI ERGUE
PONTE PARA ROBÓTICA


Escolas Firjan SESI fazem parcerias com outras das redes municipais para formar e treinar equipes de robótica

 

Uma parceria entre a Firjan SESI, prefeituras e estado do Rio de Janeiro tem mudado a vida de jovens estudantes. Por meio de mentorias e orientações especializadas, equipes de robótica da Firjan SESI compartilham seu conhecimento com alunos da rede pública. Em um ambiente único, a robótica desenvolve habilidades essenciais para o futuro profissional e a vida adulta, que vão desde a coordenação motora fina até a oratória, passando pela programação, pesquisa, habilidade de leitura e de concentração, entre outras.

 

Atualmente, jovens de nove unidades Firjan SESI da capital e das regiões Serrana, Centro-Norte e Sul Fluminense treinam alunos entre 9 e 15 anos selecionados pelas prefeituras ou pelas próprias escolas para torneios de robótica, oferecendo apoio técnico e contato com equipamentos avançados. A iniciativa amplia a aprendizagem visando democratizar o acesso à mecânica, eletrônica e computação, e promove o desenvolvimento de habilidades práticas e o estímulo à inovação e à colaboração.

 

arte equipes

 

Este ano o desafio do torneio First Lego League Challenge (FLLc), do qual as equipes participam, levará a uma emocionante aventura arqueológica em dezembro, no Rio de Janeiro. Após mergulhar fundo na pesquisa do tema, cada grupo vai criar e programar um robô para completar uma série de missões de forma autônoma e marcar pontos em um round de 2min30s.

 

Em Nova Friburgo, a unidade da Firjan SESI tem a equipe Tucanus, de FRC, e três equipes de FLLc – Lego, Titãs da Serra e Biguá –, além da Tucanitus, composta 100% por alunos da rede pública municipal.

 

“Dar oportunidade é o propósito dessas parcerias feitas pela Firjan SESI. O nosso compromisso com a responsabilidade social é essencial para apresentar um novo horizonte para esse público. Isso amplia as possibilidades de formação profissional. Os treinos são um modo de os jovens visualizarem o que podem desenvolver dentro de uma indústria além da parte mecânica, como robótica, tecnologia e inovação e abre novos horizontes. Assim, eles pensam em profissões do futuro”, destaca Márcia Carestiato Sancho, presidente da Firjan Centro-Norte Fluminense.

 

Modalidades de torneios

 

Nas três modalidades de torneios da First (For Inspiration and Recognition of Science and Technology), que atua na democratização da robótica em vários países, formatando e promovendo os campeonatos espalhados por todo o mundo, os estudantes aprendem a trabalhar no desenvolvimento de pesquisas, solução de problemas, programação e engenharia com o propósito de propor uma solução para um problema relevante do mundo real. As equipes da Firjan SESI competem nessa organização.

 

equipe tucanitus
Parceria entre alunos da Firjan SESI e de rede municipal impulsiona a Tucanitus (Foto: Divulgação)

 

O FLLc (First Lego League Challenge) é uma competição de robótica educacional para crianças e adolescentes de 9 a 15 anos, com até 10 participantes por equipe. Os times usam kits Lego para criar robôs que executam missões em um tapete temático, além de desenvolverem um projeto de inovação e trabalharem valores de equipe. Os alunos de escolas públicas participam das competições apenas nessa modalidade.

 

O FTC (First Tech Challenge) é voltado para estudantes de Ensino Médio. Os times constroem robôs maiores e mais complexos, utilizando peças modulares de metal, motores, sensores e programação mais avançada.

 

A FRC (First Robotics Competition) tem um nível mais avançado, para estudantes de Ensino Médio e Técnico. Os times projetam e constroem robôs de grande porte (até 50 kg ou mais), que competem em arenas com desafios complexos.

 

Robótica além do robô

 

“Os cursos de robótica representam uma oportunidade estratégica para ampliar o protagonismo dos estudantes e estimular competências essenciais ao século XXI. O acesso a recursos como mesas de robótica e kits Lego potencializa a aprendizagem criativa, favorece o trabalho em equipe e integra ciência, tecnologia e inovação ao cotidiano escolar, fortalecendo ainda mais a educação pública. Assim, a Firjan SESI amplia seu alcance e seu potencial de formar jovens estudantes para impactar positivamente a Indústria de nosso Estado”, resume Fabio Rodrigues da Silva, coordenador da Divisão de Conteúdos da Educação Básica da Firjan SESI.

 

No olhar de quem já atua na área há mais de 10 anos, o robô é só o meio para se pensar algo muito maior. A robótica educacional é um tipo de iniciativa que não tem fim na tecnologia. Não se trata apenas de montar robô, criar projetos a partir da robótica. Há um viés voltado para desenvolver habilidades e competências previstas inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo para as redes de ensino e as instituições públicas e privadas.

 

O aprendizado passa pelas mais diversas competências, incluindo aspectos socioemocionais, interdisciplinares, conhecimentos matemáticos, do contexto histórico social do aluno e até conhecimentos socioambientais e sobre sustentabilidade.

 

“É claro que o robô é atraente para os jovens por todos os dispositivos que eles mobilizam. É preciso admitir que, como recurso didático, ele é muito importante porque tem essa atratividade. Mas há muito na esteira do desenvolvimento de um robô, a começar pela temática do torneio”, acrescenta Fábio.

 

A competição este ano será em dezembro, com tema de arqueologia. Isso suscita muita pesquisa. Ano passado, os robôs tinham o mar como desafio. As equipes ouviram profissionais da área, para desenvolver soluções. Assim, passam a conhecer os meandros de ocupações diversas, que podem até abrir caminho para uma profissão até então desconhecida.

 

arte tucanus

 

O mais relevante não é a conquista do torneio, mas o que o jovem consegue aprender por meio da robótica e linkar com os outros componentes curriculares, diz o coordenador. Mesmo antes de cogitar ser premiado, o estudante desenvolve habilidades que o permitem construir o robô, desde o desenho até sua programação, em software online, entre outros.

 

Fabio defende que estimular o encantamento dos jovens com as mídias digitais e as tecnologias é papel essencial da escola para evitar a banalização do uso dessas ferramentas que são maravilhosas para desenvolver habilidades necessárias para o mercado de trabalho, segundo ele. Para Fábio, o projeto contribui para a indústria à medida que desperta valores para iniciativas de automação que hoje são essenciais.

 

Motivação dá prêmio à Tucanitus

 

A parceria com a prefeitura de Nova Friburgo, que começou no ano passado, já nasceu vitoriosa. A equipe de FLLc formada por seis alunos de escolas municipais e treinada por alunos da FRC, Firjan SENAI SESI, foi premiada no campeonato regional no Rio de Janeiro na categoria Motivação.

 

Os treinos dão acesso ao laboratório de informática, a maletas de robótica, a ferramentas tecnológicas que envolvem programação. Além de possibilitar o uso da internet para pesquisa, uso de Word, Excel, Canvas, PowerPoint e laboratórios, como o Fab Lab da Firjan SENAI, para produzir os protótipos do projeto.

 

Jacarepaguá treina alunos e professores


Em Jacarepaguá, estudantes da Firjan SESI estão treinando alunos de duas escolas municipais, a Pio X, no Tanque, e a Dorcelina Gomes da Costa, no Pechincha, em uma parceria realizada diretamente com os estabelecimentos de ensino, de acordo com Fernanda Divino de Azevedo, coordenadora Operacional da Educação Básica da Firjan SESI.

 

equipe Alpha
Alunos da Equipe Alpha treinam outros de escolas públicas de Jacarepaguá (Foto: Divulgação)

 

“Desde 2024 seguimos com o objetivo de divulgar a robótica, essa educação foca na aprendizagem interdisciplinar, incentivando o desenvolvimento de habilidades práticas e o pensamento crítico, preparando os alunos para as demandas do mundo atual”, conta Fernanda, descrevendo que vão às escolas duas vezes por semana para capacitar alunos e formar professores.

 

A coordenadora destaca a interação social entre alunos de realidades diferentes como um dos pontos fortes desse trabalho. "Muda o comportamento porque eles têm a necessidade de se organizar, de ter uma rotina de trabalho. Muda a participação deles na escola, se sentem responsáveis pelo colégio. Sentem-se importantes, parte daquele lugar onde competem. Alguns alunos passam a se informar sobre programação e o que podem fazer na universidade”, esclarece Fernanda.

 

Aos 17 anos, Sarah Costa Araújo, do 2° ano do Ensino Médio da Escola SESI Jacarepaguá, já participa dessa importante parceria, treinando alunos de escolas municipais. “Com a robótica, a criatividade aumenta, principalmente nos projetos que são desenvolvidos em grupos. A comunicação e o trabalho em equipe têm sido um avanço desde que entrei na atividade”, explicou.

 

Alunos são protagonistas

 

Rômulo de Jesus Costa, instrutor de automação e mecatrônica da Firjan SENAI de Friburgo e técnico da equipe Tucanus FRC ressalta que “os alunos da Firjan SENAI SESI do Ensino Médio têm a missão de democratizar a robótica e entender que somos muito mais que robôs, que nosso propósito maior é impactar vidas.”

 

A Tucanitus nasceu em 2024, após a criação do projeto TucLab, no qual os alunos da equipe Tucanus vão até as escolas municipais públicas para dar aulas de robótica a professores e estudantes. A iniciativa foi desenhada após a Tucanus saber que equipamentos – minilaboratórios, com impressora 3D e outros – estavam parados nessas escolas por falta de conhecimento. A partir daí, começou a capacitação.

 

“Esse foi o primeiro passo. Agora a equipe Tucanitus é treinada na nossa escola em Nova Friburgo, onde temos uma mesa de competição de FLLc. Os alunos da rede municipal treinam a montagem de robôs de Lego, com supervisão da Tucanus”, explicou Rômulo.

 

A equipe de robótica tem três pilares: criação social; mídias sociais; mecânica e elétrica, voltadas para as áreas de engenharia e programação. “São trabalhadas também as habilidades comportamentais e socioemocionais, dando exemplo para os outros alunos da escola. Além de ser dedicado e ter bom desempenho escolar, exercitamos o trabalho em grupo, pensamento crítico e liderança”, explica Romulo.

 

Os treinos da FLLc têm duração de duas horas em dois dias da semana, mas, muitas vezes, os alunos acabam extrapolando esse horário por vontade própria e já começaram a pesquisar sobre arqueologia e pensar em soluções que possam refletir na comunidade.

 

Além de treinar os Tucanitus, os alunos da FRC fazem algumas ações sociais, como arrecadação de alimentos e agasalhos para ajudar instituições da cidade, participam de campanhas de doação de sangue e realizam oficinas de robótica em áreas públicas.

 

A equipe Tucanos ganhou prêmios três anos seguidos: em Brasília em 2023; Cuiabá em 2024; e novamente em Brasília este ano.

 

“Quando criamos uma ponte para acessar esses alunos da escola pública municipal, compartilhamos com eles o que a gente tem de melhor aqui na escola, abrindo uma nova possibilidade de futuro. Se não fôssemos até eles, muitos nem saberiam que a robótica existe”, conclui Romulo.

 

Robótica traça futuros

 

Guilherme Rodrigues Gabril foi um dos pioneiros da robótica do FLLc da Firjan SESI, em Friburgo, onde estudou dos dois anos aos 17 anos. Participou da equipe Titãs da Serra, a primeira dessa unidade, e nunca mais deixou a robótica. Hoje, aos 21 anos, participa de uma equipe no Instituto Politécnico (IPRJ), unidade de tecnologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) no município, onde cursa engenharia de computação.

 

“No Ensino Médio, a robótica traçou o meu futuro, assim como está mudando o destino de alunos de escolas públicas que abraçam a oportunidade como a chance da vida deles. Eles são dedicados e comprometidos. Muitos fazem a seleção da Firjan SESI para entrarem para o Ensino Médio e permanecerem na robótica”, contou o mentor da Tucanitus.

 

Colaboração e programação atraem jovens

 

O que João Pedro Monteiro, 14 anos, aluno da Escola Municipal Demerval Barbosa, em Nova Friburgo, valoriza muito na robótica é o fato de não haver rivalidade nos torneios, onde há um ambiente em que todos se ajudam.

 

“Eu fui atraído para a robótica porque queria aprender mais. Esse mundo é muito novo, tem muita coisa para explorar”, pontuou o estudante, para quem hoje, após um ano de treino, aprende com mais facilidade as matérias curriculares, e suas notas aumentaram.

 

João Pedro, que pretende alcançar o torneio nacional e até mesmo o mundial, disse que os treinos despertaram o desejo de realizar uma universidade nessa área da robótica, de mecânica.

 

Para Yan Ouverney dos Santos, 13 anos, no 7º ano na Escola Municipal Dr. Dante Magliano, em Nova Friburgo, os treinos de robótica na Firjan SENAI, que frequenta há cerca de um ano, provocaram mudanças na sua vida escolar. “Comecei a pensar mais rápido, entender mais os conteúdos passados pelos professores.” Ele espera que o treinamento o ajude a abrir portas para estudar e trabalhar com programação, matéria que mais o atrai.

 

Entrar no Ensino Médio da Firjan SESI e treinar na equipe Tucanos são desejos de Emilly Boy da Silva, de 14 anos, no 8º ano da Escola Municipal Maximilian Falck. Há um ano e meio na Tucanitus, a jovem fala de seu encantamento.

 

“Nunca havia pensado em seguir esse caminho da robótica, mas hoje gosto demais de montar robôs. Acho que esse aprendizado vai me ajudar bastante no futuro a cursar engenharia mecânica”, explicou, acrescentando que escolheu entrar para a Tucanitus para ampliar seus horizontes, aprender coisas novas e fazer amizades.

 

Interessado em robótica desde a infância, João Gabriel Schuenk, de 14 anos, do Colégio Municipal Rui Barbosa, há cerca de um ano na Tucanitus, revela que os treinos despertaram a paixão pela programação.

 

“Desde pequeno, depois de assistir a vídeos em canais do YouTube sobre robótica, comecei me interessando e, por isso, logo aceitei quando o município me indicou. Isso pode me ajudar na vida profissional, principalmente devido ao trabalho em grupo”, diz, acrescentando que deseja cursar engenharia ou outra carreira ligada à área.

 

“No Ensino Médio, a robótica traçou o meu futuro, assim como está mudando o destino de alunos de escolas públicas que abraçam a oportunidade como a chance da vida deles. Eles são dedicados e comprometidos. Muitos fazem a seleção da Firjan SESI para entrarem para o Ensino Médio e permanecerem na robótica”, contou o mentor da Tucanitus.