Aviões no pátio do Aeroporto Galeão

GALEÃO VOA ALTO
COM MAIS CARGAS


Aeroporto Internacional Tom Jobim movimenta mais 50% em volume de carga em 2024

 

Projetado, nos anos 70, para ser o maior aeroporto do Brasil com a maior pista do país, o Aeroporto Internacional Tom Jobim está acelerando as turbinas para retomar o lugar que lhe foi destinado: ser um hub logístico de conexão internacional. Nessa jornada, o Galeão tem apresentado resultados bastante positivos. Só a movimentação de carga cresceu quase 50% em 2024, em comparação a 2023.

 

A guinada do aeroporto começou em outubro de 2023, quando o governo federal restringiu o número de passageiros no Aeroporto Santos Dumont, em 6,5 milhões por ano. A ideia surgiu no grupo de estudo constituído pelo Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Prefeitura do Rio e entidades, como a Firjan, Fecomércio e Associação Comercial do Rio de Janeiro.

 

“A retomada do Galeão é um fator fundamental de crescimento do Rio de Janeiro, principalmente para a indústria local voltada para o mercado de óleo e gás, setor de máquinas e equipamentos e o farmacêutico”, enfatiza Mauro Viegas Filho, presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan.

 

Arte sobre cargas no Galeão

 

Para reforçar essa análise, Viegas lembra que estimativas da Firjan levantadas em 2021 já previam que a coordenação do Galeão e do Santos Dumont, trabalhando de forma integrada, tem potencial de acréscimo na economia do estado do Rio de Janeiro de R$ 4,5 bilhões por ano, justamente na dinamização de setores de indústrias fluminenses, com um frete aéreo mais competitivo.

 

A Firjan tem um papel muito importante na retomada do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, pois tem uma atuação que fortalece a posição do estado como polo de produtos e serviços, afirma Alexandre Monteiro, presidente do RIOgaleão

 

“Desde os momentos mais críticos da pandemia, a Firjan, por meio de sua atuação estratégica como representante de todo o setor industrial do estado, apoiou ações que nos trouxeram ao momento que estamos vivendo. Além disso, estimula a atração de investimentos e contribui para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. Portanto, tem sido uma aliada essencial nesse processo”, reitera Monteiro.

 

Cargas no Galeão
Aeroporto Galeão movimentou mais 27% de cargas no 1o bimestre

 

Restrição vitoriosa

 

A restrição no Santos Dumont contribuiu para o Galeão alcançar a marca de US$ 13,1 bilhões nas importações e de 59,7 mil toneladas de mercadorias importadas e exportadas no ano passado, batendo o seu próprio recorde pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com dados da concessionária RIOgaleão. Esse resultado representa um aumento de 18% em valor e de 16% em peso na comparação com 2023, que já havia registrado um recorde histórico desde o início da concessão em 2014.

 

O ano de 2025 começou também com reflexos favoráveis vindos da restrição no Santos Dumont. Segundo Diogo Martins, especialista de Estudos Econômicos da Firjan, o primeiro bimestre do ano já registrou um aumento de 27% de carga em relação a igual período de 2024. E, somando as cargas de Galeão e Santos Dumont, o aumento na movimentação de cargas aéreas em 2024 comparado a 2023 foi de 29%.  

 

A eficiência é outro ponto relevante da RIOgaleão Cargo em 2024. Os dados da concessionária mostram que o tempo médio de permanência de cargas no aeroporto hoje é de 31 horas e 5 minutos, reduzindo em 9% o tempo entre o recebimento e a liberação das mercadorias.

 

Repactuação em breve

 

Agora, o olhar atento da Firjan, que contribuiu para manter a boa convivência dos dois aeroportos, com situações diferenciadas, está voltado para as negociações do contrato de repactuação entre a atual concessionária e o governo.

 

Mauro Viegas esclarece que a repactuação visa mudar as condições originais da concessão, que não satisfaz mais ao concessionário, uma vez que tinham sido definidas na época da concessão, com alto valor de outorga, o que não possibilitava investimentos para a prestação de um serviço de qualidade aos usuários.  

 

“Não vai haver uma nova licitação para o Galeão. Após os ajustes operacionais e de número de passageiros limitados no Santos Dumont, o que incrementou o Galeão, a situação mudou: em vez de rescindir o contrato que está terminando, como foi desejo recente da concessionária, o que estão sendo realizados são ajustes para a repactuação, o que deve ocorrer em breve”, observa Viegas.

 

Em dezembro de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos e a concessionária do Aeroporto Internacional Tom Jobim, RIOgaleão, decidiram pela manutenção da atual empresa na administração do terminal. Esse acordo, no entanto, necessita da validação das áreas jurídicas do governo, da Anac e do plenário do Tribunal de Contas da União. Hoje, a Changi é a principal acionista ao lado da Infraero, que detém 49% da empresa.  

 

Carga na pista do Galeão
Aumentou em 50% o volume de cargas do Galeão em 2024 (Foto: RIOgaleão)

 

Mauro Viegas comenta que a busca da Firjan pela melhoria de condições de uso do Aeroporto Galeão vem desde 2021. Nessa data, o governo iniciou as rodadas de concessão de aeroportos, inclusive do Santos Dumont, que estava naquela altura com a capacidade completamente esgotada, com cerca de 10 milhões de passageiros.

 

Após muita negociação, o grupo formado com representantes dos governos e entidades do Rio, como a Firjan, chegou ao consenso do limite operacional do aeroporto, de 6,5 milhões de passageiros por ano.

 

Congregador de voos

 

“Projetado para ser um congregador de voos, o Galeão é de extrema importância para a atividade logística como um todo, principalmente a que depende da importação de insumos por via área, ao operar linhas de carga para abastecer a indústria; não só a fluminense, mas até de outros estados, fazendo conexões com outros voos”.  

 

A avaliação é do especialista de Estudos Econômicos da Firjan, para quem a recuperação do aeroporto, com maior número de escalas de voos no estado, beneficia também produtos perecíveis, como carnes, flores e frutas, inclusive com o frete aéreo mais barato, mais competitivo.

 

Com a restrição de passageiros no Santos Dumont, o Galeão passou a receber mais voos nacionais e internacionais, com as próprias companhias aéreas levando mais aviões para o aeroporto internacional para fazer conexão. O resultado foi o crescimento de 48,3% na carga aérea total de 2023 para 2024, com crescimento de 136% nas cargas domésticas e de 27% nas internacionais.

 

Arte sobre voos Galeão e Santos Dumont

 

“A restrição de passageiros no Santos Dumont melhorou a movimentação de cargas, porque, com um maior número de voos no Galeão e com a aeronave podendo aterrissar com o porão totalmente carregado, por conta do tamanho de 4 kmquatro quilômetros da pista, fez com que o Rio de Janeiro movimentasse mais carga. Já no Santos Dumont, os aviões só podem pousar com parte de seus porões ocupados, também por causa da extensão da pista”, esclareceu Martins. No aeroporto no Centro da cidade, a extensão da pista é de 1.323 metros de comprimento.

 

Menor tempo de retirada da carga  

 

Outro ponto de atração do Galeão é o tempo de retirada da carga, que é bastante rápida, em comparação a aeroportos de Guarulhos (SP) e Viracopos (Campinas-SP), que são grandes concorrentes. De acordo com dados disponibilizados pelos aeroportos, o tempo que se demora para retirar a carga nesses terminais é muito maior do que as 31 horas do Galeão.  O de Viracopos, em 2024, chegava a demorar 122 horas, em média.  

 

Agora que a questão com o Santos Dumont está pacificada, a concessionária do Galeão trabalha para crescer a movimentação, trazendo linhas de passageiro e de carga, como o contrato firmado recentemente para receber a operação da Shopee.

 

Pista do Santos Dumont
Pista do Aeroporto Santos Dumont é bem menor que a do Galeão (Foto: Divulgação)

 

Segundo Martins, o que a Firjan tem feito em relação ao Galeão para manter esse processo de recuperação é conversar com o governo federal sobre a necessidade da assinatura de repactuação do contrato do concessionário, para que ele possa voltar a fazer investimentos maiores dentro do aeroporto internacional, melhorando o conforto para o passageiro, a qualidade de recebimento e o despacho de carga.

 

A Firjan está elaborando um novo estudo, que deve ser lançado ainda no primeiro semestre, para mostrar o resultado da medida que restringe o número de passageiros no Santos Dumont, o quanto impactou na movimentação do Galeão e na economia do Rio de Janeiro.

 

Hub internacional  

 

Já para Isaque Ouverney, gerente de Infraestrutura da Firjan, ter um Galeão performando da maneira como ele foi projetado, como um hub de conexão internacional, é fundamental para a economia do estado Rio de Janeiro como um todo.

 

“O aeroporto tem potencial para ser um hub internacional, impactando a economia do Rio, principalmente no setor industrial e nos que dependem do frete aéreo como um fator competitivo. Quanto mais competitivo é o frete aéreo no Rio de Janeiro, mais competitivas essas indústrias se tornam, mais empregos e recursos elas conseguem gerar”, complementou.

 

De acordo com Ouverney, os resultados mostram a direção correta que o aeroporto está seguindo. E o importante agora, acrescenta, é a manutenção desse processo, garantindo um aeroporto doméstico com nível de serviço adequado ao passageiro e, ao mesmo tempo, o aeroporto internacional performando como um hub, de fato.

 

“Hoje boa parte da carga é movimentada em aviões de passageiros. Então, quanto mais aviões de passageiros internacionais eu consigo atrair para o estado Rio de Janeiro, maior o potencial de atração de cargas para o território fluminense. E isso tem um impacto direto na economia fluminense”, enfatiza o gerente de Infraestrutura da Firjan.