Publicidades antigas da Granado (Foto: Paula Johas)

UM NEGÓCIO CENTENÁRIO
E CONTEMPORÂNEO


Há 153 anos, uma botica era aberta na Rua Direita da então capital do Império do Brasil. O império deu lugar à República, a cidade passou à capital de Estado, a rua mudou de nome, a grafia usada para definir o negócio também, mas a loja continua no mesmo local, oferecendo produtos centenários e linhas novas que têm ampliado o público da Pharmácia Granado, cujo sucesso se fundamenta tanto na qualidade do que oferece quanto à capacidade de se adaptar a novos tempos. Uma exposição em cartaz até janeiro na Casa Firjan apresenta os principais acontecimentos dessa história: uma jornada fantástica percorrida por uma indústria centenária, que consegue unir modernidade e processos artesanais, preservando os atributos e a qualidade que conquistam o consumidor e que tão bem representa a força da indústria fluminense.

 

A primeira loja da rede, na atual Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio de Janeiro, tem vitrines, paredes, balanças, quadros, frascos e embalagens datados de 1870, reproduzindo a ambientação original. O tempo é uma garantia da qualidade da Granado, mas também da capacidade de atualização da marca que conquistou a família imperial brasileira pela excelência de seus extratos de plantas, flores e ervas cultivadas no sítio de Teresópolis do português José Antônio Coxito Granado. Dez anos depois de fundada, a botica recebeu o título de Pharmácia Oficial da Família Imperial Brasileira. 

 

Em 1903, era criado o Polvilho Antisséptico Granado, o produto mais conhecido da empresa, com fórmula – aprovada por Oswaldo Cruz – inalterada e protegida. O Polvilho está na memória afetiva do consumidor brasileiro, diz Sissi Freeman, diretora de Marketing e Vendas da Granado-Phebo.

 

Raio-x da Granado e seus dados principais

 

“A Granado é uma empresa contemporânea com 153 anos de experiência, que cresceu e rejuvenesceu sem perder sua essência. O clássico não precisa ser antigo. Nossos consumidores são fiéis ao Polvilho, ao sabonete de glicerina Granado, aos sabonetes Phebo e à linha bebê”, acredita Sissi.

 

Depois de três gerações na família Granado, em 1994, o inglês Christopher Freeman adquire a marca e investe em seu reposicionamento. Em 2004, a Perfumaria Phebo, fundada em 1930 na Amazônia, é incorporada ao grupo. A Granado passa por uma reconfiguração visual, com desenho tipográfico único, incluindo a data de fundação e a palavra Pharmácia em todos os rótulos. 

 

Em 2015, foi inaugurada a unidade fabril de 3 mil metros quadrados no Complexo Industrial de Japeri, que, ao lado da fábrica de Belém do Pará, produz 900 mil produtos por dia. O investimento obteve frutos até em plena pandemia: em 2020, a empresa registrou um crescimento de 4%, com aumento de 12% nas vendas no atacado e 400% nas vendas on-line. Em 2022, as vendas no atacado cresceram 22% em relação a 2021.

 

“Acreditamos no potencial do país, procuramos nos ajustar ao momento. Ampliamos nosso portfólio na pandemia, com produtos como álcool líquido e gel, sabonete líquido e lenços antissépticos, oferecendo refis do nosso best-seller: o sabonete líquido para bebês. Hoje, produzimos 223 milhões de unidades por ano, lançando entre 60 e 100 produtos anualmente”, conta Sissi Freeman.

 

Rótulos antigos dos produtos Granado
Rótulos antigos da Granado, expostos na Casa Firjan (Foto: Paula Johas)

 

Com 80 lojas próprias no país e outras em Portugal, França, Inglaterra e Bélgica, a próxima Perfumaria Granado será nos Estados Unidos, oferecendo perfumes, colônias, produtos para a casa e de cuidados com o corpo, utilizando ingredientes clássicos da marca em versões contemporâneas. Nos frascos com rótulos de papel reciclado remetendo à botica do período imperial, estão fragrâncias formuladas com álcool extra neutro que passam por processo de maceração, garantindo mais intensidade e harmonização das notas olfativas. 

 

Indústria “lixo zero”

 

A produção de alta qualidade tecnológica, lembra Sissi, está entrelaçada ao desenvolvimento humano e à proteção ambiental. Em 2022, a empresa foi considerada indústria “lixo zero”, cujo percentual de resíduos sólidos destinados a aterros sanitários representou menos de 10% do total. 

 

“Aumentamos a oferta de refis de sabonetes líquidos, retirando do mercado mais de 10 milhões de frascos plásticos em 2022. A maioria de nossas linhas utiliza mais de 90% de ingredientes naturais, usamos bisnagas de “plástico verde”, o polietileno produzido a partir da cana-de-açúcar, 100% reciclável nas bisnagas, e papel Vitacycle reciclado, contendo 30% de aparas pós-consumo”, informa Sissi. 

 

Além de apoiar projetos de proteção ambiental dos institutos Arara Azul, Nex No Extinction e Vida Livre, a Granado tem investido na aquisição e manutenção de certificações e selos ambientais, em logística reversa, uso de materiais ecologicamente corretos e no fomento da economia circular. O uso de plástico verde é garantido pelo selo “I’m GreenTM Bio-based”. Já o selo Conselho de Manejo Florestal ou Florest Stewardship Council certifica a produção de embalagens com árvores de manejo. A logística reversa inclui a compensação ambiental: a cada produto Granado vendido, seu peso equivalente é reciclado. Assim, em 2022, a empresa retirou cerca de 4.775 toneladas de embalagens (plástico, papel, papelão, vidro e metal) pelo sistema de logística reversa/reciclagem.

 

Responsabilidade social

 

“Existe também uma preocupação com a comunidade que vive próxima à fábrica. Centenas de crianças e jovens moradores da Baixada Fluminense já passaram pelo Japeri Golfe Rio de Janeiro, patrocinado pela Granado. Esse primeiro campo público de golfe do Brasil, no entorno da fábrica, tem a prioridade de iniciar e incluir na prática do esporte crianças e jovens entre 8 e 18 anos em situação de risco social. Muitos se destacaram no esporte e puderam fazer a diferença nas suas vidas e na localidade onde vivem com as ferramentas adquiridas no projeto, que também oferece reforço escolar”, afirma Sissi.

 

A empresa também promove o Programa Granado Aprendizagem (GRAP), que capta, por meio de processo seletivo, jovens estudantes do entorno da fábrica para treinamento e desenvolvimento no ambiente fabril, contratando muitos ao final do curso. 

 

Carlos Erane de Aguiar, presidente da Firjan Nova Iguaçu e Região, regional que inclui Japeri, destaca a importância da Granado na Baixada, onde emprega 800 pessoas na fábrica e mais 150 no centro de distribuição de Seropédica. Segundo Erane, o Rio de Janeiro é o segundo maior mercado do Brasil e um dos principais da América Latina no setor de beleza, de grande importância para a Baixada Fluminense, onde gera cerca de 3 mil empregos. “Além da geração de empregos, a Granado consegue sensibilizar pessoas de diversas gerações, pois, desde sempre, priorizou a qualidade dos produtos e o compromisso sustentável em sua linha de produção, unindo tradição e contemporaneidade”, ressalta Erane.

 

Carro antigo da fábrica Granado em frente à Casa Firjan
Carro antigo da fábrica Granado, estacionado na Casa Firjan, abrindo a divulgação da exposição, que vai até 28 de janeiro de 2024 (Foto: Paula Johas)

 

Casa Firjan recebe exposição

 

Aberta em outubro deste ano, a mostra Design e indústria – a história da tradicional botica Granado ocupa a Casa Firjan até 28 de janeiro. Através de mais de 250 peças que fazem parte do acervo da empresa, espalhados por diversos pontos da Casa Firjan e nos jardins, a exposição conta a evolução da empresa desde os tempos do Império, exibindo embalagens, mencionando clientes ilustres e produtos icônicos, tendo ainda uma sala interativa sobre o universo da perfumaria. Uma indústria de 150 anos, atenta ao seu tempo, sempre inovando, que representa o potencial da indústria do estado do Rio, missão da Casa Firjan.

 

A exposição provoca reflexões ao longo dos espaços e convida o público a compreender que indústria é transformação, impulsionada pelo DNA da inovação e busca pelo desenvolvimento. A Firjan acompanha de perto a história da Granado, marcada por propósitos em comum, de manutenção de um diálogo permanente entre o passado e o futuro, sempre na busca de propostas e soluções para os grandes dilemas da atualidade. Por isso, não haveria lugar melhor para receber a exposição do que a Casa Firjan, que une um ambiente de inovação, educação, criatividade e tendências para ser esse ponto de encontro para a construção de futuros.  

 

Na inauguração da mostra, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, assinalou que “a inovação como processo de melhoria constante, pensamento criativo, experimentação, adaptabilidade, gestão eficiente e boas estratégias de negócio” eram elementos presentes na exposição que dialoga perfeitamente “com os conteúdos trabalhados pela Casa Firjan, um hub de inovação e tendências para as indústrias fluminenses, conectado com o futuro e comprometido em entregar soluções para a Nova Economia”.

 

SERVIÇO

Exposição: Design e indústria – a história da tradicional botica Granado

Período: até 28/01/2024

Local: Casa Firjan – Rua Guilhermina Guinle, 211 – Botafogo

Visitação: de terça a domingo, das 9h às 19h (entrada encerra às 18h30)

Entrada gratuita