placa solar com o reflexo do sol atrás

INDÚSTRIA INVESTE
EM ENERGIA SOLAR


Transição energética: empresas fluminenses obtém rápido retorno do investimento

 

Já pensou em ter uma economia de 90% na conta de energia da sua indústria? Pois é o que a Cerâmica São José, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, terá daqui a um ano e meio, com o investimento que fez em painéis solares. Na fase inicial, a economia gerada é de aproximadamente 50% na conta de luz e arca com as parcelas do financiamento feito em abril de 2022 para adquirir 324 placas solares. A média da geração mensal é de 18 mil kW.

 

“A sustentabilidade é um dos focos principais desse nosso projeto. A parte ambiental e a social são os nortes da empresa. Conseguimos gerar toda energia que consumimos e isso agrega muito valor à marca. A implantação dos módulos e da usina solar custou R$ 600 mil. Como as cerâmicas são indústrias que têm uso intensivo de energia, o diferencial competitivo da energia solar é significativo”, conta Paulo Kássel Pessanha, diretor Industrial da cerâmica, que é associada ao Sindicato dos Ceramistas de Campos. Em Campos, mais de um terço do total de cerâmicas (45) já instalaram usinas solares.

 

Vista aérea das placas solares instaladas na Cerâmica São José, em Campos dos Goytacazes: investimento sustentável e de rápido retorno (Foto: Divulgação)

 

A indústria do estado do Rio de Janeiro vem trilhando o caminho do uso de energias limpas e sustentáveis. A tendência é mais empresas de vários segmentos aderirem à ideia, já que a descarbonização e a transição energética são uma pressão da sociedade e, inclusive, fazem parte do escopo da política industrial lançada pelo governo federal, em janeiro deste ano, a Nova Indústria Brasil.

 

O estado do Rio apresenta alguns destaques em energia solar. Campos tem mais de 10 mil usinas solares instaladas em residências, pontos comerciais e industriais (10.208). A soma já supera a de 10 capitais brasileiras, como Vitória (ES), Recife (PE) e Curitiba (PR). Os dados são da Firjan, a partir de informações da Aneel.    

 

Já a capital lidera o Ranking Municipal de Capacidade Instalada de Geração Distribuída Fotovoltaica, elaborado pela Firjan, a partir de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). São 215 mil kW na capital, seguida por Campos, com 62 mil kW, e Niterói, com 51 mil kW. Os dados são de 2 de fevereiro deste ano.

 

 

Investimentos na Baixada

 

Na Baixada Fluminense, os investimentos também são expressivos. Marcelo Pimenta, sócio e gestor da Água Mineral Hidrata, de Magé, viu na energia solar uma forma de economizar e preservar o meio ambiente. “Toda indústria busca soluções para reduzir os custos, ainda mais no mercado atual, com tantas modificações pós-pandemia. Quem tem uma área disponível e um consumo que valha a pena, está instalando placas solares. Já trabalhamos com o meio ambiente e estamos cercados de verde. A qualidade e a quantidade da água dependem de como está a superfície. Usar a placa é uma forma de emitir menos CO2”, garante.

 

Desde março de 2022, a Hidrata possui 94 placas solares e uma geração que consegue superar todo o consumo da empresa em meses do verão. Pimenta economiza em média R$ 8 mil por mês. O investimento total para colocar os painéis foi de R$ 255 mil, pagos com recursos próprios e financiamento pelo Pronampe, a juros de 6% ao ano. O empresário espera terminar de pagar no fim deste ano.

 

Mercado em alta

 

Na outra ponta do negócio, está a Solar Ambiental, empresa de Duque de Caxias, há cinco anos especializada na instalação de usinas solares em residência, comércio e indústria. Entre seus clientes estão empresas de vários segmentos, como alimentício, metalurgia e logística. Lorena Ramos, gerente comercial da Solar, comprova o crescimento desse mercado: “Tem crescido principalmente pela questão da redução dos gastos que podem ser usados para outro tipo de investimento nas empresas. É uma economia significativa. Mas a maioria dos projetos ainda é para uso residencial”, informa.

 

Lorena diz que, com a economia na conta, o consumidor consegue pagar o investimento em apenas três anos, em média. O exemplo que ela usa é o de uma pequena usina, com 56 módulos, ao custo de cerca de R$ 100 mil. Há diversas linhas de crédito bancárias que parcelam o serviço, complementa.

 

Padaria Flor da Tijuca, uma das que aderiu ao projeto de energia solar compartilhada e reduziu o custo da energia (Foto: Divulgação)

 

Energia compartilhada

 

O movimento que está sendo feito pelos empresários em busca de energia limpa está de acordo com a Nova Indústria Brasil. “Essa nova política industrial quer influenciar na ampliação do uso da energia limpa, no fortalecimento das práticas de eficiência energética e no desenvolvimento e domínio tecnológico das cadeias produtivas das fontes renováveis. O programa tem impacto direto na competitividade com produtos estrangeiros e na geração de emprego e renda. Na cadeia como um todo, a pequena e a média indústria que usar energia solar ou outra renovável estará mais habilitada para fornecer seus produtos para as grandes empresas”, avalia Tatiana Lauria, especialista em Energia da Firjan. O programa federal prevê corte de 30% na emissão de gás carbônico do PIB industrial até 2033 e juros a partir de 6,15% ao ano, para financiar projetos de descarbonização da indústria.

 

Outro segmento que optou pela energia solar, após fazer uma ampla pesquisa, foram panificadores ligados ao Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Município do Rio de Janeiro (Rio+Pão). Só que a opção adotada em conjunto por dez panificadores foi a energia solar distribuída compartilhada. É aquela que pode ser gerada por uma usina e ser consumida por empresas ou residências, em até outros municípios, desde que sejam da mesma concessionária (Light ou Enel). Com apoio técnico oferecido pela Firjan, o grupo começou a usar esse tipo de energia em novembro de 2023. A geração vem da Genial Solar, que possui parques em Vassouras, no Sul Fluminense. A economia total do projeto é de R$ 240 mil ao ano.

 

Uma das empresas beneficiadas é a Padaria Flor da Tijuca, comandada por Fernanda Hipólito, que preside o Rio+Pão. “Um desconto considerável na conta de luz e com investimento zero! Essa é a grande oportunidade desse projeto. Com auxílio de vários profissionais da Firjan e da empresa de energia, escolhemos essa opção”, destaca. Segundo Fernanda, há outros empresários interessados em formar um grupo para aderir à energia solar compartilhada. Para isso, é preciso que a Genial disponibilize outro parque solar e, em seguida, que a Light faça as adequações no local.

 

O mais importante para o Rio+Pão foi a oportunidade de despertar o desejo de se associar a quem não está na instituição. “A união dos associados gera a força. Essa é a função dos sindicatos: levar benefícios para os associados. Iniciativas assim ajudam a pagar as contas e a manter o sindicalismo”, garante Rogério Dutra Rabelo, sócio-proprietário da Pão & Companhia – Copacabana – Arcoverde e vice-presidente do Rio+Pão, que aderiu à iniciativa.

 

O projeto pode ser levado para sindicatos de outros setores também. “O importante é usar o potencial da Firjan, a assessoria fornecida para fazer a diferença nos negócios e no sindicato. Assim, desenvolve-se o município, o estado e o país”, incentiva Fernanda. O projeto tem parceria também do Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Estado do Rio de Janeiro (Sindistal). A Firjan auxilia as indústrias a avaliarem qual a melhor maneira de fazer a transição energética, usando novas fontes como a solar.

 

Evandro de Freitas Junior, presidente do Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Rio de Janeiro (Sindistal), destaca as vantagens da energia solar fotovoltaica para indústria e para o meio ambiente. “Trata-se de uma fonte de energia não poluente, ou seja, limpa e renovável, e que representa uma aposta das empresas em práticas de sustentabilidade. O potencial de economia para as empresas, claro, depende do consumo, da tarifa e de outros quesitos, que podem ser identificados e previstos através de um estudo prévio de compensação. Antigamente o custo de instalação afugentava, mas esse cenário mudou. Agora o retorno do investimento, inclusive até mesmo em residências, chega em bem menos tempo”, explica.

 

Capacitação

Para quem pretende trabalhar ou empreender nesse mercado, a Firjan SENAI possui cursos voltados para a área, no Centro de Referência em Construção Civil, na Tijuca. Um deles é o Técnico em Sistemas de Energia Renovável, que oferece formação completa.