
Publicado em 23/10/2025 - Atualizado em 04/11/2025 10:56
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
NA INDÚSTRIA
Jornada Firjan contribui com planejamento de ações das empresas
Promover uma base qualificada de conhecimentos para o desenvolvimento da indústria e do estado, agregando o posicionamento da Firjan sobre a transição energética foi o que moveu a Firjan SENAI SESI a produzir uma publicação dedicada ao tema. Em treze análises de importantes agentes do mercado, a publicação Jornada Firjan pela Transição Energética na Indústria, lançada no dia 23/10, trata também de questões que permeiam suas atuações no mercado energético. Essa é mais uma ação da Firjan para promover informação qualificada sobre a agenda da COP30.
Entre tantos olhares e cases de sucesso, o conteúdo mostra que temos uma matriz já descarbonizada do Brasil, estando muito acima dos 15 maiores países demandantes de energia no uso de fontes renováveis. Os números revelam que, dentre estes países, o Brasil está no grupo dos cinco únicos que possuem oferta total energética (supply) com percentual de fontes renováveis acima de 10%, com uma parcela de 34,9%. Parte desta energia produzida, é consumida internamente no país – nos mais diversos usos, como nos processos industriais de geração de calor e na geração elétrica, por exemplo. Outra parte é exportada e contribui de forma significativa na balança comercial do país, haja vista a posição de destaque do petróleo em nossas exportações.

Ao considerarmos apenas as fontes consumidas internamente no país no processo de geração de energia elétrica, a parcela de fontes renováveis assume um protagonismo ainda maior, alcançando percentuais próximos a 90%. Isso evidencia que as indústrias que fabricam no país têm acesso a uma energia mais limpa do que a média mundial. Essa posição privilegiada também permite que a transição energética aqui seja construída da melhor forma, mitigando os impactos para a sociedade como um todo.
Antônio Carlos Vilela, 2º vice-presidente da Firjan CIRJ e presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica, afirma que houve um amadurecimento no posicionamento da instituição nesta segunda edição do estudo para a transição energética na indústria, apresentando uma avaliação mais ampliada.
“Trata-se de uma jornada, não é algo estanque. A proposta é trazer uma visão de diversificar as fontes de energia, integrar tecnologias, competências, mercados e adicionar capacidade ao nosso sistema, além de aumentar a eficiência e reduzir as emissões. Com isso, nós geramos empresas mais competitivas, atingimos as metas socioambientais. Como consequência disso tudo, temos uma melhoria da qualidade de vida”, avalia Vilela.
De acordo com o 2º vice-presidente, esse conjunto de ações, de fatores, é que vai levar o país para uma transição energética, que é um processo contínuo, de sucesso para a indústria, para a sociedade e para a vida no planeta.
"A segunda edição do estudo da Firjan envolveu outros atores internos e a visão foi estendida, tanto da parte empresarial como da sociedade na questão do ESG. Então o processo está bem consolidado com o nosso posicionamento. Temos os cases internos da transição energética e os artigos em parceria com vários convidados”, explicou Vilela.
Agnes Costa, diretora da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autora do artigo “A visão da Aneel para a Transição Energética”, explicou que o texto se debruçou na descrição de como o Brasil está inserido na transição energética e o papel da agência reguladora. Ela destacou ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no âmbito das empresas junto à Aneel e os desafios das agências reguladoras diante desse contexto de transição. E ressaltou que, apesar de o país ter uma matriz elétrica renovável, o papel da agência é essencial para promover a eletrificação da economia e levar ao desenvolvimento, com olhar da transição energética justa, acessível a todos.
Para a diretora, a iniciativa da Firjan SENAI SESI de consolidar um conceito para a transição energética é importante para deixar a indústria bem pautada, contribuindo para que as empresas possam fazer investimentos de forma mais assertiva.
“A eletrificação é uma tendência, principalmente porque o país é extremamente eletrificado, com um sistema interligado nacional. Dessa forma, não é tão difícil continuar eletrificando a economia. Temos que pensar os setores que precisam diminuir a pegada de carbono”, acrescentou.
Diante desse cenário de eletrificação, a diretora da Aneel constata que é óbvio que o órgão regulador de energia elétrica tenha que estar por dentro disso, pensando em remover entraves para o desenvolvimento de novos negócios, tecnologias e mercados.
“A Aneel tem feito um trabalho muito grande de tentar se comunicar melhor com a sociedade, de trazer mais conteúdos, e a Jornada da Firjan ajuda muito nesses desafios”, disse Agnes Costa.
Jornada é lançada para a COP30
A nova edição da publicação, lançada no primeiro dia do evento “Diálogos da Transição”, da Agência Eixos, expandiu a visão da transição energética, analisando os impactos como um todo, ressaltando que não é uma questão da mudança de fonte de energia. Traz um olhar para a regulação de planejamento, caminhos para a indústria e os impactos para a sociedade.
Para a COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém, a publicação associa-se a 11 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que formam a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre eles, redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis e, claro, energia acessível e limpa.
O estudo abrange os temas em três capítulos: “A Jornada pela Transição Energética e o Rio de Janeiro”, que traz o posicionamento da Firjan; “A Jornada pela Transição Energética: Reflexões sob a Ótica da Regulação e Planejamento” sobre regulação de planejamento. Ele é composto por artigos da Aneel, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCE) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
E “A Jornada pela Transição Energética: Caminhos para a Indústria e a Sociedade”, que trata dos percursos para a indústria e a sociedade e os seus impactos. Possui textos da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Enel Brasil, Engie, Light, Matos Filho (escritório jurídico), Petrobras e Transpetro.
Karine Fragoso, gerente Geral de Petróleo, Gás e Energias e Naval da Firjan SENAI SESI, confirma que a segunda edição do estudo traz uma abordagem mais ampla da transição energética, indo além da adição de fontes.

Com a divulgação do conhecimento, de ações para a indústria, a Jornada espera que haja uma contextualização melhor do mercado, e as empresas possam planejar suas atividades. Em seu artigo, a Firjan faz um panorama das novas energias no estado do Rio de Janeiro, baseado no trabalho que realiza de mapeamento de projetos energéticos.
"Trouxemos o panorama energético atual do estado e mostramos como o Rio pode se posicionar nos próximos anos desenvolvendo seus potenciais. Hoje temos uma contribuição muito significativa da indústria do petróleo e gás para nossa economia, e há uma boa possibilidade de se expandir nosso portfólio local para outras áreas energéticas a partir desses projetos”, diz Karine.
Segundo ela, há projetos importantes na área de energia eólica offshore com pedido de licenciamento ambiental junto ao Ibama, o que representa uma boa sinalização de interesse para o mercado. Além destes, também existem projetos de destaque nas áreas de hidrogênio e de energia nuclear – vislumbrando a conclusão futura de Angra 3.
"O Rio de Janeiro contribui em diversas frentes para a segurança energética do país, sendo o único estado que tem uma base de energia nuclear para suprir a demanda, acrescenta Karine.
Destaques dos artigos dos parceiros: Jornada Firjan pela Transição Energética na Indústria
Aneel: Setor elétrico como protagonista da descarbonização. Posição privilegiada do Brasil em termos de recursos energéticos e minerais – fundamentais para as novas tecnologias da transição. Destaca ações de PD&I no âmbito das empresas e os desafios das agências reguladoras diante desse contexto.
CCEE: Desafios relacionados à ampliação da base de consumidores livres no Brasil, tornando o mercado mais dinâmico, com o consumidor no centro do negócio. Atualmente, existem mais de 80 mil consumidores no mercado livre de energia. Aponta que o país pode ganhar protagonismo na transição energética pela combinação de uma matriz renovável, abertura total do mercado e fortalecimento institucional.
EPE: Ressalta a indústria como setor primordial para a implementação de ações de eficiência energética, podendo não apenas resultar em redução de custos operacionais, mas também redefinir processos produtivos inteiros, abrir espaço para tecnologias inovadoras e criar novos mercados. O Rio de Janeiro concentra ativos estratégicos que o colocam em posição central na transição energética brasileira, projetando sua liderança ao explorar suas potencialidades diversificadas.
ABDAN: Apresenta os Pequenos Reatores Modulares (SMRs) como uma tecnologia nuclear estratégica para a transição energética, destacando sua flexibilidade, segurança e aplicações que vão além da geração elétrica (como dessalinização e produção de hidrogênio). O texto enfatiza o potencial do Brasil, que já possui usinas a carvão que poderiam ser convertidas para SMRs, e cita o interesse de grandes empresas de tecnologia, que veem nessa fonte uma solução para suprir a alta demanda de energia de data centers de forma limpa e estável.
Aben: Abordagem do papel estratégico da energia nuclear, ressaltando o potencial dos Pequenos Reatores Modulares (SMRs) na transição energética brasileira. O texto alerta para o desafio de aproveitar esse potencial frente à falta de mão de obra qualificada, agravada pelo envelhecimento dos especialistas e pela baixa atratividade para jovens.
Cogen: Defende a cogeração (produção conjunta de energia elétrica e térmica) como uma solução essencial para garantir um fornecimento de energia seguro, eficiente e resiliente, especialmente para setores de alta demanda como data centers. Aponta o potencial de crescimento da cogeração a gás natural e biometano no Rio de Janeiro, reforçando a importância da competitividade nos preços do gás como um desafio para maior crescimento deste mercado.
Enel Brasil: Sustenta que a transição energética deve ser socialmente justa e centrada nas pessoas. Enfatiza a eletrificação como caminho principal para a descarbonização, com investimentos em redes inteligentes, digitalização e energias renováveis. Destaca os planos de investimento da Enel no Rio de Janeiro e a importância de unir inovação, políticas públicas e inclusão para melhorar a qualidade de vida e garantir acesso universal à energia limpa.
Engie: Posiciona o gás natural como um vetor estratégico e transição para uma matriz energética mais limpa no Brasil. Ressalta seu papel na descarbonização de setores de difícil abatimento (como indústria e transportes), na garantia da segurança do sistema elétrico (como backup para fontes intermitentes) e na utilização da infraestrutura existente (gasodutos) para viabilizar futuros combustíveis renováveis, como biometano e hidrogênio verde.
Light: Mostra a contribuição das usinas hidrelétricas reversíveis para a transição energética, trazendo flexibilidade e ampla capacidade de armazenamento energético para o sistema. Aponta a importância de se valorar este tipo de projeto por sua capacidade de oferecer alta confiabilidade, rápida resposta operacional e suporte a estabilidade do sistema. Também pode atuar contribuindo para minimizar os impactos das elevadas intermitências de outras fontes renováveis como solar e eólica.
Mattos Filho: Resume o avanço do marco legal brasileiro entre 2024-2025, com leis como o Combustível do Futuro, Hidrogênio de Baixo Carbono e Mercado de Carbono. Analisa a Agenda Regulatória da ANP, com foco na regulamentação de biocombustíveis e na modernização do setor de gás, e aponta que tecnologias como CCUS e hidrogênio ainda aguardam regulamentação específica, embora a ANP adote uma regulação experimental como sandboxes regulatórios.
Petrobras: Apresenta o primeiro projeto piloto de captura e armazenamento de carbono em reservatório salino, mostra um case de sucesso dos uso de recursos de PD&I, contribuindo para a implementação de novos projetos de descarbonização industrial nos próximos anos. A empresa também destaca que já possui soluções desenvolvidas de CCS em seus campos offshore, tendo reinjetado mais de 68 milhões de toneladas de CO₂ nos reservatórios do Pré-sal até o final de 2024.
Transpetro: Apresenta as soluções que a empresa adota na descarbonização do transporte marítimo com ações que incluem também atuação conjunta a outras áreas do Sistema Petrobras. A empresa já fez uso de biodiesel no blend do Bunker – combustível para suas embarcações, na proporção de 24%. Vê a transição energética como uma oportunidade de expansão de seus negócios frente a sua capacidade de integrar ativos — dutos, tanques, terminais e frota.







