
Publicado em 18/11/2025 - Atualizado em 18/11/2025 13:23
ROBÓTICA COM
PROTAGONISMO FEMININO
Jovens das escolas Firjan SESI se destacam na Olimpíada Brasileira de Robótica e no Torneio Brasileiro de Robótica, com inovação e determinação
A tecnologia tem sido, historicamente, um espaço dominado por homens. Mas, nos últimos anos, as meninas vêm conquistando seu lugar nesse universo, ocupando posições de protagonismo em competições de robótica, ciência e programação. A Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), uma das maiores iniciativas educacionais do país, registrou, nesta edição, o fortalecimento da presença feminina entre as equipes da Firjan SESI classificadas para a etapa nacional. A Firjan SESI tem participado de diferentes competições, tendo alcançado resultados expressivos.
No Torneio Brasileiro de Robótica, que teve a seletiva estadual em outubro, várias equipes Firjan SESI se destacaram e garantiram vaga na etapa nacional: Smart Lego (Resende), Dragon Bots (Barra do Piraí), Asas (Petrópolis), Falcon Robots (Duque de Caxias), Alpha (Jacarepaguá) e Medal Hunters (Barra Mansa).
O próximo desafio da equipe de Robótica Firjan SESI será em 4 e 5 dezembro no Torneio SESI de Robótica– Regional Rio de Janeiro, powered by Equinor, focado nas modalidades FLL (FIRST Lego League) e FTC (FIRST Tech Challenge), e será realizado na Escola Firjan SESI Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Mas foi na OBR, etapa estadual, que as equipes femininas tiveram mais sucesso. A Space Bots Explorer, formada por três alunas do ensino fundamental da escola Firjan SESI Volta Redonda é uma delas. Com 12 a 14 anos, elas venceram os desafios técnicos e criativos na etapa estadual da competição, em Maricá (RJ), garantindo uma vaga para fase nacional da OBR, em Vitória (ES), em outubro. A conquista vai além do troféu: representa um passo simbólico e inspirador para essas jovens meninas que enxergam na ciência e na tecnologia não apenas uma disciplina escolar, mas um caminho de futuro.
Outra equipe que brilhou foi a Robomac, da Escola Firjan SESI de Macaé – uma equipe mista, composta por meninos e meninas, que conquistou o primeiro lugar nas fases regional e estadual da OBR na modalidade Artística. O bom desempenho chama a atenção não só da comunidade acadêmica, mas também de empresários.
“A participação na Olimpíada Brasileira de Robótica é motivo de muito orgulho para toda a Escola Firjan SESI Macaé. Mais do que um reconhecimento individual, é uma conquista que representa o esforço coletivo de nossos professores e o compromisso da unidade com um ensino de qualidade. Ver nossos estudantes se destacando em competições como essa reforça a importância de acreditar no potencial de cada um, e mostra que a educação é o caminho mais adequado na valorização e formação de grandes talentos” destaca Francisco Roberto de Siqueira, presidente da Firjan Norte Fluminense.
Olimpíada Brasileira de Robótica
Já o projeto apresentado pela Space Bots Explorer teve o diferencial pelo equilíbrio entre técnica e arte. Inspiradas no clássico “Alice no País das Maravilhas”, as meninas construíram robôs que deram vida à história no tablado da competição. Na encenação, um robô seguidor de linha assumiu o papel da própria Alice. As integrantes se revezaram como personagens humanos – Alice, o Coelho e a Rainha de Copas – interagindo com os robôs que representavam os demais protagonistas da narrativa.
O resultado foi um espetáculo que encantou jurados e público, unindo o rigor da programação e da mecânica com a leveza da imaginação literária. Além da criação dos robôs, foi necessário pensar em figurinos, roteiros e marcações de cena.
À frente da orientação, a treinadora Ana Kelly Santiago acompanhou cada detalhe do processo. Para ela, mais do que treinar uma equipe, o trabalho envolveu apoiar o desenvolvimento pessoal das estudantes. “Foi muito bonito ver a dedicação delas. Em cada ensaio, em cada falha corrigida, havia uma lição de resiliência. A OBR não é só uma competição: é uma escola de vida. O papel da treinadora é acreditar no potencial das meninas e ajudá-las a descobrirem que podem ir muito além do que imaginam.”
Depois de se classificarem para a etapa final da OBR, realizada entre 15 e 19 de outubro de 2025, as meninas das equipes Firjan SESI foram premiadas nas seguintes modalidades: Resgate - MARvetes (SESI Maracanã), "Prêmio de Dedicação"; modalidade Artística - Space Bots (SESI Volta Redonda) - "Prêmio de Melhor Apresentação"; e Pink Bots (SESI Barra do Piraí) - "Prêmio do Desafio Super Teams".

Meninas de Volta Redonda
A Space Bots Explorer é formada por Beatriz Amaral Silva (13 anos), Luiza Dahir Asevedo de Paula (13 anos) e Carolina Vaz Penido (14 anos). Apesar da pouca idade, elas demonstram maturidade e coragem para enfrentarem os desafios técnicos e emocionais de uma competição nacional. “Minha experiência na OBR 2025 foi muito boa! O torneio foi bem organizado, as pessoas muito acolhedoras e a interação entre as equipes foi incrível. Eu nunca imaginei que fosse aprender tanto em tão pouco tempo”, avalia Beatriz, para quem a experiência tem sido enriquecedora não apenas no campo da tecnologia, mas também nas relações humanas.
Carolina destaca a superação do nervosismo e o aprendizado que vai muito além do que é visto na sala de aula: “Tivemos nervosismo, mas conseguimos dar nosso melhor e chegar mais longe do que imaginávamos. Estou muito feliz, aprendendo muito”, conta.
Já Luiza relembrou os momentos de pressão e a emoção de estar em equipe: “Na etapa regional, bateu o nervosismo da primeira vez, mas foi divertido mostrar nosso trabalho. Na estadual, a pressão aumentou, mas também ficou mais emocionante. O melhor foi estar junto com a galera, se superar e curtir cada momento”, comenta.
Apesar do sucesso, a trajetória das meninas não foi simples. Entre os principais desafios estiveram a adaptação dos robôs a diferentes sensores, os problemas técnicos durante os testes e a pressão do tempo nas apresentações.
O entrosamento da equipe, a criatividade na escolha do tema e a dedicação às horas de treino foram os diferenciais que as levaram ao pódio. “A cada dificuldade, elas buscavam, juntas, uma solução. Isso mostra o quanto o espírito de equipe é fundamental”, reforça a treinadora.
A Viagem de Barra do Piraí
Também com equipe feminina, Barra do Piraí chegou à etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Robótica. A equipe Pink Bots, formada exclusivamente por alunas da Escola Firjan SESI Barra do Piraí, mostrou que talento, dedicação e protagonismo feminino são ingredientes poderosos quando o assunto é robótica. Orientadas pela técnica Maria Letícia, as estudantes Beatriz Durval Ribeiro (3º ano), Isabela Mesquita Gouvea Nascimento (2º ano), Juliana Amaral da Cunha (2º ano) e Lorena Nascimento de Assis (2º ano) garantiram assim a vaga para a fase nacional.

Com idades entre 16 e 18 anos, as jovens da Pink Bots impressionaram os jurados na etapa estadual com uma apresentação que uniu arte, tecnologia e inovação. A coreografia, intitulada “Uma viagem dançante ao redor do mundo”, apresentou quatro robôs programados com sensores de cor e distância, que interagem com as integrantes de forma sincronizada ao ritmo de músicas icônicas.
A performance levou o público por uma jornada musical que começa na Coreia do Sul, ao som de “Gangnam Style”; passa pelos Estados Unidos, com “Time of My Life” (clássico de Dirty Dancing); faz uma divertida transição com “Come to Brazil”, de Bruno Mars; e termina com a energia contagiante do samba e do axé brasileiros.
Entre os principais desafios enfrentados foram a conciliação dos horários de ensaio, já que as estudantes frequentam anos diferentes, e os ajustes técnicos necessários para equilibrar os robôs e calibrar os sensores. Para a técnica Maria Letícia, mais do que vencer, o essencial é inspirar. “O mais importante é fazer com que as meninas acreditem no próprio potencial. Meu papel é incentivá-las, mostrando que são capazes e que, com dedicação, podem alcançar qualquer objetivo”, destacou.
A presença de mais meninas em competições de robótica é um reflexo de políticas educacionais mais inclusivas e do trabalho de professores e treinadores que incentivam a participação de alunas em espaços antes vistos como “masculinos”.
Programação no Maracanã
As MARvetes, da Escola Firjan SESI Maracanã, é outra equipe feminina também na OBR orientanda pelos técnicos Graziane Francini e Rafael de Paula. O grupo é composto pelas alunas Emilly Guedes Leite (16 anos, 2º ano EM), Yasmim Araujo da Silva Azevedo (17 anos, 2º ano EM), Kamily Eduarda Ferreira das Neves (17 anos, 2º ano EM) e Maria Fernanda de Oliveira Ferreira (16 anos, 2º ano EM).
A equipe competiu na modalidade Robótica de Resgate, concluindo as missões de um robô. e se destacou desenvolvendo soluções criativas e funcionais no universo da robótica. “Ter uma equipe só de melhores alunas desenvolve a característica do olhar feminino para a robótica. Elas imprimem um olhar de competência e habilidade”, avalia Graziane Francini, salientando que os bons resultados delas desperta interesse de outras estudantes pela área.
Para o analista de Educação da Firjan SESI, Johnnatan Schubert, o impacto é visível: “É possível ver como as meninas estão dominando a cena neste ano. É uma conquista coletiva. Essa presença feminina mostra que a robótica educacional é integral e diversa, abrindo portas para talentos que antes não se viam nesse espaço”, avalia.

Equipe Mista em Macaé
Já a Robomac, da escola Firjan SESI Macaé, representou a cidade e garantiu vaga para a etapa nacional. A Robomac é composta por quatro estudantes dos anos finais do ensino fundamental, dois técnicos e uma pedagoga. Carolina Cobelas Pinheiro (13 anos, 8º ano); Mariana de Marins Chevalier (11 anos, 6º ano); e os meninos Alexsander Valber Corrêa da Costa (12 anos, 6º ano) e Fernando Cerqueira Braga Netto (13 anos, 7º ano). O time conta com o apoio dos professores André Soares de Almeida e Yann Xavier dos Santos, além da pedagoga Margareth Cobelas Imbrosio.
Na Robomac, o trabalho envolveu a construção e programação dos robôs, a preparação da narrativa, figurinos e cenários. Segundo os técnicos André e Yann, o papel dos orientadores é de suporte e orientação, nunca de execução.
Brilho no FTC
O fenômeno não se restringe a Volta Redonda, Barra do Piraí, Maracanã e Macaé. No FTC Off-Season das Araucárias, outra competição de robótica realizada em Curitiba, em setembro, equipes da Firjan SESI também brilharam. A Tech Fênix, de São Gonçalo, foi premiada com o Inspire Award, reconhecimento máximo por design, impacto social e espírito da competição. A Alpha, de Jacarepaguá, conquistou o Prêmio de Pensamento Criativo, celebrando soluções inovadoras e uso inteligente de ciência e matemática. Já a Ragnarok, de Macaé, recebeu o Prêmio dos Juízes pela superação e trajetória inspiradora. Esses resultados mostram que a robótica educacional não apenas estimula habilidades técnicas, mas também promove valores como trabalho em equipe, protagonismo social e criatividade.
O FTC (First Tech Challenge) é voltado para estudantes de Ensino Médio. Os times constroem robôs maiores e mais complexos, utilizando peças modulares de metal, motores, sensores e programação mais avançada.







