Diálogo público privado sobre BIM no Rio Construção Summit (Foto: Vinícius Magalhães)

LEGISLAÇÕES PODEM
IMPULSIONAR O BIM


Com o fundador do BIMe Initiative, Bilal Succar, Diálogo Público + Privado debate como ampliar a adoção da metodologia no Brasil

 

No Brasil e no mundo, diversas ações estão impulsionando a adoção da metodologia BIM, aplicada à indústria da construção. A mudança de processos e mentalidade tem sido um desafio. A Estratégia BIM BR, decretos nacionais e a nova lei de licitações estimulam esse processo, considerado inevitável para o futuro do setor. No Rio Construção Summit, o australiano Bilal Succar, fundador da BIMe Initiative, debateu o tema “Diálogo Público + Privado − Demanda Legal: BIM e o Poder Público”, na terça, 19/09. Participaram também do encontro representantes do governo brasileiro e da Câmara dos Deputados, no Armazém 3 do Píer Mauá.

 

“O BIM pode ser treinado e aprendido em semanas, mas o grande desafio é como mudar os processos. O papel das entidades públicas é mostrar a importância dessa modelagem da informação e como a cadeia de suprimentos pode adotar essa metodologia. Acho mais difícil mudar as entidades públicas que as privadas. O melhor é que os órgãos façam em conjunto, incluindo métricas e certificados comuns para se manter a excelência de um estado para outro, no caso do Brasil”, explicou Succar.

 

Bilal Succar no diálogo entre os setores público e privado sobre a adoção do BIM no Brasil (Fotos: Vinícius Magalhães)

 

 

Vantagens do BIM

 

O BIM (Building Information Modelling) ou Modelagem da Informação da Construção proporciona mais eficiência à indústria do setor, com redução de custos, garantia de segurança, promoção de sustentabilidade e ampliação da digitalização. A transformação digital é considerada um pré-requisito para esse processo, segundo Succar, que vem viajando o mundo divulgando o BIM e estimulando que governos adotem seus métodos. EUA, Canadá, França, Noruega, Escandinávia, Finlândia, China, Alemanha são alguns dos destinos percorridos pelo idealizador do BIM Excellence (BIMe), uma ferramenta para avaliação do desempenho dessa metodologia.

 

No Brasil, o deputado federal Júlio Lopes, da Frente Parlamentar de BIM, esclareceu que em janeiro de 2024 entra em vigor a nova Lei de Licitações (nº 14.1333/21), com artigo que prioriza contratações de obras com BIM nas licitações públicas. “Hoje temos 40 mil obras públicas paradas no país. Se fossem feitas em BIM custariam 20% menos e ficariam prontas em 30% menos tempo. Queremos implantar o BIM nessas obras”, pontuou.

 

O Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que reúne os sete estados das duas regiões, tem uma Câmara Temática BIM. A coordenadora Lorreine Vaccari contribuiu para o debate contando a experiência iniciada no Paraná e em Santa Catarina para implantação do BIM a partir de 2015. A iniciativa se estendeu para o Rio Grande do Sul e agora as discussões englobam as duas regiões. “Desenvolvemos estratégias com representantes técnicos, uma vez que a esfera pública é contratadora de necessidades distintas da privada. É um processo de transferência de cultura”, avalia Lorreine.

 

Governo Federal

 

Já Márcio Maffili, coordenador geral de Projetos Aeroportuários do Ministério de Portos e Aeroportos, anunciou que o governo federal deve publicar até o fim do ano uma nova estrutura BIM para o país. Seu setor é responsável por analisar obras em 270 aeroportos brasileiros. “É preciso inicialmente identificar quem conhece BIM nas suas estruturas de trabalho. Os desafios precisam virar oportunidades. BIM é sobre pessoas, comunicação e colaboração”, analisou Maffili.

 

A especialista técnica BIM da Firjan SENAI, Cristiane Magalhães, que mediou o evento, reforçou que “BIM não é só questão técnica, mas que depende também de vontade política. É preciso não só mais um olhar sobre o BIM, mas ações em macroescala”.

 

No encerramento da mesa, Succar incentivou que os órgãos brasileiros continuem no processo para a adoção do BIM. “Os municípios precisam convencer e encorajar os empresários. Pode levar tempo, mas é factível”, concluiu.