

Publicado em 22/07/2025 - Atualizado em 22/07/2025 13:59
INDÚSTRIA SAUDÁVEL
EM PAUTA
NutriSaúde Summit 2025, da Firjan SENAI SESI, apresenta proteína de caju, bebida vegetal, comida de avó e outras novidades
Quem diria que o verso “pele macia é carne de caju”, da música “Morena Tropicana”, de Alceu Valença, poderia inspirar dois irmãos em busca de um produto saudável e sustentável para vegetarianos e veganos? Pois foi daí que nasceu em Niterói, em 2020, a Amazonika Mundi, que transformou o caju em fibra para criar uma proteína alternativa, em forma de burger, feijuca, kafta, siriju ou bolinho de caju, entre outros.
É também do Nordeste que vem a matéria-prima da Positive Company, que produz bebidas vegetais a partir da castanha de caju. A produtora de alimentos e suplementos foi fundada em 2015 no Ceará, com sua principal marca: A Tal da Castanha. A plant-based, localizada em Fortaleza, produz também cremes culinários, condensado vegetal e toda uma linha pensada em entregar densidade nutritiva e mais saúde para o consumidor.
Do Sudeste, a NUU Alimentos traz a “comida de vó” para o centro da conversa. A empresa, que usa tecnologia embarcada e muita inteligência artificial para a criação de produtos e para melhoramento de receitas, realiza muitos fóruns com as avós, com pessoas do campo, para produzir “comida de verdade” a partir do aprendizado da ancestralidade. Fundada no Rio de Janeiro, a NUU tem fábrica em Patos de Minas (MG), onde produz alimentos, como pão de queijo e pizza, feitos com mandioca adquirida na região.
É nessa sintonia que se desenvolve o NutriSaúde Summit 2025, congresso internacional que será realizado pela Firjan SENAI SESI com o apoio do Fórum da Indústria da Alimentação Saudável (IAS) nos dias 15 e 16 de agosto, na Casa Firjan. O evento, focado no mercado de saudabilidade, produtos naturais e alimentação saudável, possui ambientes simultâneos, onde especialistas do exterior e do Brasil apresentarão um rico conteúdo científico e as principais tendências de mercado para a Indústria Saudável.
A iniciativa da Firjan SENAI SESI tem como objetivo apresentar o cenário e as oportunidades de negócios no mercado crescente de produtos naturais e saudáveis. O evento também se concentra em ingredientes funcionais, que são importantes para a indústria de alimentos, bebidas, suplementos e produtos farmacêuticos.
Este ano o congresso traz uma novidade: a expansão para outros setores com produtos naturais, que incluem indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Será também um importante ponto de encontro dos players do ecossistema da saudabilidade, como empresários, profissionais de saúde, engenheiros de alimentos e agentes dos órgãos reguladores, além de oportunidade de networking e negócios para indústrias tradicionais.
O evento se destina a empresários dos setores de alimentos e bebidas, de produtos farmacêuticos e cosméticos, nutricionistas, médicos, farmacêuticos, engenheiros de alimentos, tecnólogos e técnicos de alimentos, profissionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e de marketing, além de outros interessados no tema.

De acordo com o Relatório SIAL Paris 2024, realizado pela Firjan SESI, saúde e sustentabilidade são eixos importantes que moldam o futuro da alimentação global. O relatório aponta que 74% dos consumidores entrevistados sinalizaram preocupação sobre as implicações de sua dieta para a saúde. Esses consumidores mudaram os seus hábitos alimentares para uma alimentação mais saudável e mais sustentável para o meio ambiente. A pesquisa mostra também que 65% dos entrevistados estão dispostos a pagar mais por produtos saudáveis e 40% fizeram mudanças radicais por questões éticas ou para impactar menos o meio ambiente.
No Brasil, também há uma mudança evidente nos hábitos alimentares da população, o que tem provocado um aumento de 25% a 30% por ano nesse mercado, que ainda tem muito espaço para crescer.
Valéria Lobato Guimarães, consultora de Ciência da Nutrição da Firjan SESI, contextualizou que o NutriSaúde Summit foi idealizado com o objetivo específico de apresentar o panorama da saudabilidade e oportunidade de negócios para a indústria de alimentos e bebidas e como esse nicho de mercado tem muito espaço para crescer, contribuindo para uma sociedade mais saudável.
“O mercado vem crescendo nesse setor de saudabilidade em todas as categorias de produtos, de alimentos funcionais, de orgânicos, alimentos plant-based, suplementos alimentares, nutracêuticos, nutricosméticos, medicamentos fitoterápicos, e produtos naturais. E, como somos vanguarda nesse sentido, já apresentamos essa oportunidade, um panorama de mercado nesse nicho. Aproximamos as marcas saudáveis dos prescritores de marcas saudáveis, como nutricionistas e médicos, além de empresários, pesquisadores, engenheiros e técnicos de alimentos. Criamos um ambiente de conexões, onde tem sempre conteúdo relevante de todos os players desse ecossistema da saudabilidade”, explica.
Segundo o relatório da Firjan SESI sobre a SIAL Paris, as principais tendências do mercado dos produtos saudáveis são o plant-based, um estilo de alimentação que prioriza o consumo de alimentos de origem vegetal; alimentos funcionais, que promovem benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas; mercado premium, que valoriza a regionalidade, design, sustentabilidade das embalagens; e alimentos orgânicos, produtos com selo BIO.
Proteína vegetal saudável
Thiago Rosolem, proprietário da Amazonika Mundi, leva a sua experiência para o NutriSaúde Summit e vai mostrar como é possível alinhar tecnologia à nutrição e quais são os desafios da companhia, localizada no Leste Fluminense.


“Vamos mostrar o quanto isso é nutricionalmente viável e saudável e quais os desafios que enfrentamos para conseguir criar uma categoria dentro do mercado, com as proteínas vegetais saudáveis, com valor nutricional e minimamente processado”, antecipa.
Para o empresário, o NutriSaúde Summit é inevitável para o mercado, porque atualmente as pessoas preferem proteínas saudáveis, em fibras, como a do caju, uma vez que é a saudabilidade que importa. A longevidade, na opinião de Rosolem, é uma das razões para essa tendência.
“A longevidade depende também da alimentação saudável para quem quer ter a possibilidade de uma vida longeva e ativa”, avalia Rosolem, que garante ser muito bom o sabor alcançado por chefes de cozinha bastante qualificados.
Receitas ancestrais
“Atualmente existe um distanciamento muito grande das ofertas de alimentos com a comida de verdade, a comida tradicional feita em casa, comida de vó. Para não perder a conexão mais profunda com o alimento, a NUU, empresa de alimentos congelados feito à base de mandioca, usa ingrediente raiz”, explica Rafaela Gontijo, founder e CEO da NUU Alimentos.


Palestrante do painel “IA moldando o futuro do P&D e em produtos e vendas”, Rafaela ressalta a relevância das receitas de gerações anteriores. “Vamos mostrar como é possível produzir a partir desse diálogo entre inteligência ancestral e inteligência artificial e como criar produtos a partir de biomas locais, e não buscar produtos fora do país só porque está na moda”, destaca, lembrando que é poluente usar o tráfego aéreo para buscar o pistache, por exemplo, quando existe no Brasil castanhas como a do baru, que são maravilhosas e podem produzir pastas com valor nutricional até maior que o do produto importado.
A empresa, que tem liderança feminina, nasceu no Rio de Janeiro e hoje está em 20 estados. Ela produz pão de queijo, dadinho de tapioca, palitinho de tapioca, pipoquinha de pão de queijo do Chico Bento, pizza de pão de queijo. Tudo à base de mandioca: todos os produtos da NUU são preparados com o produto brasileiro, base da culinária indígena, que é encontrado no entorno da fábrica em Minas Gerais. “O pão de queijo colorido, por exemplo, usa cenoura, beterraba e cúrcuma, que é o açafrão-da-terra, de pequenos produtores rurais da região”, explica a empresária.
Bebidas vegetais sustentáveis
Felipe Carvalho, cofundador da Positive Company, ao lado do irmão Rodrigo, vai falar de construção de marcas, voltadas para alimentação saudável. O empresário considera o evento "uma oportunidade para apresentar ao setor a evolução desse mercado de alimentos saudáveis, além de mostrar as tendências globais de padrão de consumo e de comportamento do consumidor, que tem evoluído bastante na busca por opções mais naturais e formas de se alimentar mais saudáveis e sustentáveis”.
Os alimentos plant-based – ou à base de plantas – são aqueles que se originam de fontes vegetais, à base de uma dieta com foco em ingredientes naturais. Nesse contexto, A Tal da Castanha, principal marca da empresa, tem os nuts como base de seus produtos. O portfólio conta com castanha-de-caju, amêndoa, castanha-do-pará, coco e produtos à base de aveia”, explica Carvalho.
O mercado de alimentos plant-based cresceu cerca de 25% a 30% nos últimos cinco anos, segundo observação de Carvalho. O veganismo, que antes era considerado um nicho de estilo, atualmente mostra ser uma tendência que aumenta a cada dia. Estudos apontam que no Brasil, como no resto do mundo, crescem os adeptos do vegetarianismo, veganismo e os flexitarianos, que adotam uma dieta flexível, com foco em produtos vegetais, mas que ocasionalmente consomem alimentos de origem animal.
O empresário vê o Brasil como um mercado embrionário, comparado a mercados maduros como o dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia e com muito potencial de crescimento, uma vez que ainda é apenas uma pequena parcela da população que consome esse tipo de alimento.
Após a criação da A Tal da Castanha em 2015, fundada no Ceará, a Positive Company fundou a Plant Power, Possible e Zaya e, desde 2020, conta com uma joint venture com o Grupo 3 Corações.