Fabricação de chocolate saudável

NOVAS ESTRATÉGIAS
DE MERCADO SAUDÁVEL


NutriSaúde Summit – O Elo da Indústria Saudável – vai discutir alimentação e bem-estar na Casa Firjan, em 21 e 22 de junho  
 

Cinco dias para se produzir tabletes de chocolate. São horas e mais horas em moinho de pedras, a 41°C, processando o cacau lentamente, para preservar as propriedades benéficas do alimento. Produtos orgânicos como esses são fabricados pela Maré Chocolate, em Mendes, no Sul Fluminense. Para apresentar oportunidades de negócios nesse mercado crescente de produtos saudáveis, será realizado o encontro internacional NutriSaúde Summit – o Elo da Indústria Saudável realizado pela Firjan SENAI SESI com o apoio do Fórum da Indústria da Alimentação Saudável (IAS).  

 

O Summit fará a conexão de toda a cadeia da indústria de saudabilidade, unindo os vários elos, que incluem também profissionais de saúde, através de discussões científicas sobre o futuro da alimentação. As oportunidades de negócios desse nicho crescente, como a Maré Chocolate, serão apresentadas nos dias 21 e 22/6, na Casa Firjan, em Botafogo.  

 

O evento vai apresentar também, tendências, inovações do mercado de saudabilidade e bem-estar, além de reflexões sobre suplementação e práticas integrativas e complementares de saúde (PICs).

 

Os produtos da Maré Chocolate, além de outros produtos de empresas do IAS serão degustados no NutriSaúde Summit. A essência da empresa está em sintonia com o propósito do evento: produzir alimentos que fazem bem para toda a cadeia, incluindo o meio ambiente, os agricultores e quem consome. Essas características de um alimento saudável vêm chamando cada vez mais a atenção dos consumidores e atraindo novos empresários. Até o momento, a Maré Chocolate cresceu organicamente, tendo focado esforços primeiramente no Rio de Janeiro, depois em São Paulo e, posteriormente, em Florianópolis, cidades onde a marca está bem-posicionada.

 

“Usamos cacau agroflorestal certificado, de agricultura familiar, prezando pelo comércio justo. Através de um QR Code, pode-se ver o laudo do cacau e saber qual agricultor fez o beneficiamento do alimento. Assim, temos a certeza de que não foi utilizado trabalho infantil ou mão de obra exploratória”, destaca Roberto S. Maciel, fundador da marca.

 

Apoio aos negócios saudáveis

 

O modelo que a Maré Chocolate testou em três capitais foi bem-sucedido. Segundo Maciel, a empresa está pronta para expandir para o Brasil e para o mundo e planeja captar investimento a fim de fomentar o crescimento. “Queremos ampliar o mix de produtos, os canais de atuação, aumentar o time e investir em marketing. Vejo um enorme potencial de crescimento, e quem entrar no negócio agora vai surfar uma onda muito boa, com impacto socioambiental positivo”, aposta.

 

No último ano, o planejamento estratégico da Maré Chocolate foi revisado e foram desenhados os fluxos de todas as áreas internas da empresa, conta Maciel, que teve o apoio da área de Negócios da Firjan SENAI SESI para viabilizar a estratégia.  

 

 

A Firjan tem uma estrutura de captação de funding para a produção, apoiando os projetos a serem submetidos aos editais. “Fazemos uma atuação técnica e processual, aliada às melhores práticas. Apresentamos os editais de inovação abertos, com destaque para os que contemplam práticas alinhadas aos critérios ESG (ambientais, sociais e de governança), à sustentabilidade e à matriz da alimentação saudável", explica Carlos Magno, gerente geral de Negócios da Firjan SENAI SESI.

 

A Firjan SENAI SESI vem monitorando essa tendência de alimentação e apresentando as oportunidades desse nicho de mercado aos empresários. De acordo com Valéria Lobato Guimarães, consultora de Ciência da Nutrição e nutricionista da Firjan SESI, o segmento global de alimentos e bebidas orgânicos deve registrar uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 16,44%, entre 2021 e 2026. Os dados são da Mordor Intelligence.

 

O mercado global de snacks saudáveis deve somar US$ 9 bilhões até 2025, com taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 5,8% no período, segundo Valéria, com dados da Euromonitor. Já o mercado de suplementos alimentares foi avaliado em US$ 151,9 bilhões em 2021 no mundo. E deve ter um crescimento anual composto (CAGR) de 8,9% de 2022 a 2030, segundo a Grand View Research. O mercado global deve ultrapassar US$ 252 bilhões (R$ 1,25 trilhão) em 2025, de acordo com o Future Market Insights.  

 

“No mercado europeu, os insumos do bioma brasileiro são valorizados, como coco, açaí, banana, cacau, manga e guaraná”, expõe Valéria Guimarães, que participa de feiras internacionais do setor e observou o potencial exportador das fábricas brasileiras. “Novos ingredientes que não são regulamentados no Brasil, como a cannabis sativa e o aloe vera, vêm sendo utilizados no mercado internacional em produtos como chocolate”, acrescenta Valéria que observou esses usos na recente Expo West Natural Products, maior feira de produtos naturais dos EUA. 

 

De acordo com a especialista da Firjan SESI, a reflexão sobre o futuro da alimentação passa por essas questões. Em vários painéis no NutriSaúde Summit, médicos, estudiosos e pesquisadores, vão debater o uso dessas substâncias na alimentação que ainda precisa ser aprovado nos órgãos reguladores.

 

 

Um nicho de futuro  
  
Roberto Maciel vai participar do NutriSaúde Summit acompanhando as palestras do seu interesse e que estão relacionadas à produção de chocolate. “Percebe-se uma mudança clara no padrão de consumo nos últimos anos. Hoje os nossos produtos mais vendidos são o 100% cacau e o 81% com açúcar de coco – os produtos mais intensos de nossa linha. A alimentação saudável é uma tendência: uma volta ao passado, com melhor qualidade de vida. Esse mercado tende a crescer cada vez mais”, frisa.  


Alexandre Cunha, CEO da Aruba Natural, fabricante dos Biscoitos Aruba, também estará no evento. Além de expor seus produtos no evento sediado pela Casa Firjan, ele vai participar de um dos vários painéis, discutindo o tema: Centros tecnológicos e de pesquisa no apoio às indústrias saudáveis. Ser a única fábrica que produz exclusivamente biscoitos saudáveis no país é o diferencial da Aruba Natural, situada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A marca começou em 2011, mas só em 2014 se concentrou na produção saudável.  

"Nosso conceito é que a pessoa substitua o biscoito tradicional, com prazer de comer. Um biscoito doce sem glúten e/ou sem leite atende a quem tem alergia a esses produtos. Nossa missão é dar sabor a essa transformação no paladar", resume Cunha. Ele percebe que o preço e a fraca distribuição da alimentação saudável são entraves para ampliar o consumo. Por isso, investiu e conquistou espaço nos principais supermercados do Rio, além de farmácias, lojas de produtos naturais e no pequeno e no médio varejo em geral.  

"Nove em cada 10 pessoas querem se alimentar de maneira mais saudável, mas poucas de fato conseguem. Unindo sabor, preço justo e distribuição, queremos ajudar esses consumidores a substituir snacks tradicionais pelos nossos. Temos uma linha low-carb, biscoitos feitos com frutas e vários outros benefícios. Um dos nossos últimos lançamentos foi a linha kids, em parceria com a Disney, que traz ingredientes saudáveis, naturais, sem deixar de lado o sabor dos biscoitos tradicionais que as crianças adoram; e tem sido um grande sucesso”, explica Cunha.  
 

Sacos de biscoito saudável da Aruba Natural, de vários sabores (Foto: Divulgação)

 

De olho no crescimento desse setor, Cunha aposta que a Aruba Natural será reconhecida como uma das principais marcas de alimentos saudáveis através dos seus biscoitos. “Ajudamos as pessoas a transformarem sua saúde consumindo um produto que está presente em 99% dos lares brasileiros: o biscoito”. Cunha sonha em disputar espaço de igual para igual com os gigantes do setor. 
 

"Estamos crescendo acima da média do mercado e queremos acelerar mais. A alimentação saudável já movimenta R$ 100 bilhões por ano no Brasil e continuará crescendo a dois dígitos nos próximos anos, segundo projeções da Euromonitor. Essa tendência também é forte nos EUA e na Europa, mas tenho muito orgulho em dizer que aqui no Brasil temos desenvolvido e fabricado produtos de muita qualidade, comparáveis aos de fora. Com auxílio de órgãos de fomento, podemos nos destacar ainda mais e contribuir com a saúde pública através de alimentos mais saudáveis”, destaca o empresário da Aruba Natural. 

A marca está presente em quase todos os estados do Brasil através de parcerias com representantes e distribuidores. Para 2024, além de um forte crescimento, Cunha pretende se inscrever em um edital de fomento para a área de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e acessar financiamento para novas embalagens. “Estamos com projetos muito interessantes. Dois deles serão lançados ainda este ano e acredito que vão surpreender. Será uma versão saudável e com um incremento de sabor de um produto clássico que todo mundo ama, de crianças a idosos”. 

"Estamos crescendo acima da média do mercado e queremos acelerar mais. A alimentação saudável já movimenta R$ 100 bilhões por ano no Brasil e continuará crescendo a dois dígitos nos próximos anos, segundo projeções da Euromonitor. Essa tendência também é forte nos EUA e na Europa, mas tenho muito orgulho em dizer que aqui no Brasil temos desenvolvido e fabricado produtos de muita qualidade, comparáveis aos de fora. Com auxílio de órgãos de fomento, podemos nos destacar ainda mais e contribuir com a saúde pública através de alimentos mais saudáveis”, destaca o empresário da Aruba Natural. 

Antônio Carlos C. Cordeiro, presidente do Conselho Empresarial de Agronegócios, Alimentos e Bebidas da Firjan, vem observando as mudanças no mercado, tanto com a procura por produtos saudáveis quanto por “clean labels”, com rótulos limpos e poucos ingredientes, como no caso de um iogurte natural que só leva leite e coalho. “As indústrias estão se adaptando, diminuindo a quantidade de sal, açúcar e ingredientes artificiais nos produtos, assim como os órgãos reguladores também estão restringindo a presença desses ingredientes”, finaliza ele.