símbolo do hidrogênio com símbolos de seus potenciais usos

HIDROGÊNIO:
POTENCIAL À VISTA


Levantamentos elaborados pela Firjan SENAI SESI apontam o potencial do estado do Rio. Investimentos previstos ultrapassam R$ 40 bilhões  

Como maior produtor de óleo e gás natural do país, o Rio de Janeiro, incluindo o interior fluminense, sai na frente como potencial produtor brasileiro de hidrogênio (H2). A conclusão é do Mapa Estratégico do Hidrogênio para o Rio de Janeiro, material produzido pela Firjan SENAI SESI como guia para orientar os investidores e as políticas públicas para o mercado de energia. De acordo com a publicação “Transição e Integração Energética no Rio”, também produzida este ano pela federação, o potencial de investimentos na produção e uso de H2 ultrapassa R$ 40 bilhões em projetos.  

Entre os destaques no estado, está Duque de Caxias, onde o hidrogênio já é usado no próprio refino de petróleo e na indústria petroquímica. Em Angra dos Reis, nas usinas nucleares, já está sendo formatado projeto para utilização do energético que atualmente é produzido no processo de geração de energia. E Maricá, que está de frente para a Bacia de Santos, também apresenta indicação de uma reserva natural de hidrogênio, que poderá ser explorada diretamente do reservatório.  

A Firjan estuda essa nova alternativa energética, que promete deslanchar em todo o mundo e responder aos anseios de uma matriz mundial mais sustentável e de baixa emissão de carbono.  

No Mapa Estratégico do Hidrogênio para o Rio de Janeiro, há um QR Code para baixar também o estudo Transição e Integração Energética no Rio.  
  
“Plantas de refino de petróleo e indústrias petroquímicas consomem até hoje, em larga escala, o hidrogênio em seus processos de transformação. Isso só reforça que precisamos ir além da transição energética e falar da integração entre diferentes fontes, no melhor arranjo de produção e consumo de energia e produtos industriais derivados”, destaca o 1º vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.  

Capital da Energia do estado, Macaé se destaca por ser um dos principais pontos de entrada de gás offshore no país, uma das fontes potenciais para produção de hidrogênio. Além disso, outros municípios da região Norte Fluminense, como São João da Barra, podem desenvolver a produção de hidrogênio de baixo carbono a partir das fazendas de energia eólica em alto mar, que estão em fase de projeto e de licenciamento ambiental.  



Porto do Açu  

O Porto do Açu, em São João da Barra, além de um potencial polo consumidor industrial para o energético, possui toda a infraestrutura portuária para exportar o combustível. “O Açu oferece disponibilidade de água de múltiplas fontes (incluindo reúso industrial) – fator fundamental para projetos de hidrogênio – e infraestrutura de exportação com terminais de até 25 metros de profundidade. O empreendimento também está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e pode desenvolver projetos 100% renováveis on-grid e off-grid, com oferta de energia certificada para atender a requisitos da União Europeia”, detalha Mauro Andrade, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Prumo, holding que desenvolve o Porto do Açu.  

Recentemente, o Porto do Açu obteve licença prévia para a criação de um hub de hidrogênio e derivados de baixo carbono de 1 milhão de m². O objetivo é desenvolver uma plataforma integrada para produção de hidrogênio renovável (verde) e de baixo carbono (azul), conectada a unidades de produção de amônia e metanol.  

De acordo com Andrade, o hidrogênio produzido no hub poderá ser exportado ou utilizado como insumo nos futuros clusters industriais de produtos de baixo carbono a serem implantados no Açu – incluindo a indústria de fertilizantes, subprodutos químicos do hidrogênio e uma planta de briquete de ferro (HBI) para o setor siderúrgico.  

Para hidrogênio de baixo carbono, o Porto possui memorandos de entendimento assinados com Equinor (junho de 2022), Comerc Energia (novembro de 2022), SPIC (abril de 2023) e Eletrobras (maio de 2024), que citam estudos de viabilidade e intenção de parcerias, comprovando o interesse das indústrias em investir nessa área.  

Mais de R$ 320 milhões em pesquisa  

Todas as regiões do estado com grandes polos industriais também são potenciais para o uso do hidrogênio, o qual pode complementar o gás natural no processo de descarbonização da economia fluminense. “O hidrogênio adiciona energia para o país, como energético, além de poder ser usado como insumo industrial para diferentes produtos, como fertilizantes, metanol, aço e cimento. Isso vai contribuir com o processo de transição e integração energética e promover o desafio de o país buscar mais tecnologia e pesquisa para desenvolver o mercado de hidrogênio nacional”, analisa Thiago Valejo, gerente de Projetos de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan.  

Outro potencial com o hidrogênio é fomentar novas indústrias fornecedoras e ampliar o desenvolvimento tecnológico em todo o estado. A Firjan está comprometida com o desenvolvimento de tecnologias e com a formação de profissionais, visando encontrar respostas para os inúmeros desafios que precisam ser enfrentados para viabilizar o novo combustível. Para isso, está envolvida a rede de Institutos SENAI de Tecnologia e Inovação, que realiza projetos de pesquisa aplicada com soluções para multiplicar o potencial do hidrogênio.  

O Mapa do Hidrogênio aponta que já estão sendo investidos e executados, desde 2022, mais de R$ 636 milhões em 46 projetos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia relacionados ao hidrogênio em todo o país. Desse valor, mais da metade dos recursos são aplicados em 14 projetos no estado do Rio de Janeiro. São mais de R$ 320 milhões.  

Entre os desafios, o estudo da Firjan SENAI SESI explica a necessidade de haver uma competitividade do preço do energético frente a outras soluções, a partir de um ambiente com maior oferta, mais desenvolvimento tecnológico e regras propícias para possibilitar negócios. Além disso, há questões como certificação e normatização, armazenamento, segurança e transporte.  



Marco Legal do Hidrogênio  

A aprovação do Marco Legal do Hidrogênio no Brasil – então Projeto de Lei nº 2.308/2023 convertido na Lei nº 14.948/2024  –, pelo Congresso Nacional em 11/7/24, apresenta, na opinião da Firjan, um avanço importante nas regras e diretrizes para o mercado. O texto cria um ambiente de segurança jurídica propício à atração de investimentos e realização de novos projetos industriais.  

A federação entende que estabelecer regras claras e mecanismos que estimulem o uso do hidrogênio é fundamental para o desenvolvimento de toda sua cadeia de valor, da produção ao consumo final, de forma a contribuir para a redução de emissões de carbono no país. O Marco passará agora pela regulação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).  

A nova lei permitirá o direcionamento dos projetos de H2, ao estabelecer os limites para ser considerado de baixa emissão de carbono, seja ele usado como fonte de energia – como combustível – ou como insumo industrial.   

Andrade acredita que, para o Porto do Açu viabilizar seus projetos, o Brasil precisa estabelecer o quanto antes um framework regulatório robusto, como o marco regulatório para a produção do hidrogênio de baixa emissão de carbono. Esse arcabouço é fundamental para trazer segurança jurídica, previsibilidade e atrair investidores.  

A Firjan considera fundamental que as novas regras contemplem um cronograma com início e fim para as subvenções, que não devem ser criadas de forma cruzada, evitando assim penalizar os consumidores de energia e assegurando uma transição energética justa para o país.