Prefeitos Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, Ricardo Nunes, de São Paulo e Fuad Noman, de Belo Horizonte em debate sobre sustentabilidade e inclusão no  Rio Construção Summit

DESENVOLVIMENTO
EM DEBATE COM PREFEITOS


À frente das três maiores cidades do sudeste, os prefeitos Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, Ricardo Nunes, de São Paulo e Fuad Noman, de Belo Horizonte, participaram nesta quarta, 20/9, da mesa redonda “Cidades Sustentáveis e Inclusivas”, no Rio Construção Summit. No painel, os três compartilharam experiências, melhores práticas e desafios para o desenvolvimento de grandes municípios, em acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU). 

 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as capitais dos estados do Rio, de São Paulo e de Minas Gerais concentram 22 milhões de habitantes, o que representa mais de 10% da população brasileira. Considerando a totalidade nas regiões metropolitanas, esses números crescem para 40 milhões de pessoas, ou seja, 19% dos habitantes do país. O Produto Interno Bruto (PIB) gerado por essas regiões chega a R$ 2 trilhões e 100 bilhões. Tais números representam um desafio para os governos quando o assunto é qualidade de vida, habitação adequada para todos e infraestrutura urbana. 

 

Eduardo Paes fez um balanço das metas propostas pela Agenda 2030 da ONU. Segundo levantamento de 2022, o Brasil ainda se encontra em 53º lugar no ranking entre os 193 países membros da organização internacional. “Aqui no Rio, só atingimos 15% dessas metas. O que fazemos para superar esses 85% das que não foram cumpridas? Essas mudanças só se darão por meio de ações dos governos locais”, afirmou. 

 

O prefeito do Rio fez questão de destacar que o crescimento desordenado das grandes cidades contribuiu enormemente para um dado do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) que preocupa: atualmente, um bilhão de pessoas vive em habitações irregulares. Por isso, Paes destacou o Reviver Centro, plano de recuperação urbanística, cultural, social e econômica da região central do Rio. “É uma região que tem transporte abundante, VLT, BRT, as barcas, metrô. A ideia é que a gente passe a ocupar essa área, visto que o Centro e a Zona Norte do município já são áreas estruturadas. Então, é preciso evitar a expansão dos territórios, buscar que novos empreendimentos sejam realizados nessas regiões, como foi feito com o projeto Porto Maravilha e, agora, com o Reviver Centro”, destacou. 

Prefeitos do RJ, SP e BH posam em foto ao lado de Eduardo Eugenio, presidente da Fpresidente do Sinduscon Rio, Claudio Hermolinirjan e do
Presidente da Firjan Eduardo Eugenio, e do Sinduscon Rio, Claudio Hermolin, acompanham debate dos prefeitos do RJ, SP e BH 

 

Experiências para além da Baía de Guanabara

 

Em 2023, a capital do estado de Minas Gerais irá completar 126 anos de fundação. Belo Horizonte foi a primeira cidade do país a ser totalmente planejada. No entanto, o entorno da famosa avenida do Contorno não foi espaço suficiente para o crescimento local, o que, segundo o prefeito do município, Fuad Noman, determinou o esgotamento das regiões centrais e a mudança de parte da população para áreas não planejadas.

 

“Nossa capital tem muitos morros e vales com córregos. Quando começam as chuvas, temos inundações em todas as áreas. E ainda temos muita gente vivendo em encostas, convivendo com riscos geológicos que provocam desabamentos”, comentou Noman. Além disso, o prefeito mineiro ressaltou que a cidade também conta com um programa de requalificação da região central da cidade: o Centro de Todo Mundo.

 

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, tratou da importância das grandes cidades para as discussões em torno da sustentabilidade e da inclusão, já que são nelas que ocorrem os maiores problemas e de onde também partem as soluções. Entre elas, está o investimento em ônibus elétricos, a inauguração de parques e o consequente aumento de cobertura vegetal e em ações que promovam maior proximidade da população com seus locais de trabalho, algo que, segundo Nunes, é um dos objetivos do Plano Diretor de SP. 

 

O prefeito também celebrou a criação da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (Seclima). “A grande maioria das pessoas ainda demorou a se atentar para a importância desta temática, para o conjunto de ações necessárias para melhorar a qualidade de vida. São Paulo é uma das três cidades do mundo que tem uma secretaria específica, transversal, para tratar das questões ligadas ao meio ambiente”, salientou Nunes.

 

Desenvolvimento nas pequenas e médias cidades

 

Mediado pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, o debate sobre “Oportunidades de Desenvolvimento nas Pequenas e Médias Cidades”, no Rio Construção Summit, contou com o prefeito do município de Miguel Pereira (RJ), André Português, com a vice-prefeita de Caxias do Sul (RS), Paula Ioris, e o subsecretário de Concessões e Parcerias da Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Cássio Castro. 

 

Os participantes da mesa puderam compartilhar experiências bem-sucedidas implementadas em suas localidades, bem como discutir o desenvolvimento econômico e social de munícipios de pequeno e médio porte e as práticas que reforçam a importância da união entre a iniciativa privada e o poder público que contribuem para o desenvolvimento de cidades como Miguel Pereira, que tem investido de maneira consistente no Turismo, e de Caxias do Sul, que conta com forte atuação do setor industrial. 

 

“O Brasil é um país bastante desigual. É preciso, então, desenvolver as médias e pequenas cidades, entendendo isso como estratégia importante. A Cbic montou, por exemplo, o projeto O Futuro da Minha Cidade, que já atuou em Goiânia, Brasília, BH, utilizando modelo de desenvolvimento aplicada em Maringá (PR), com eixos centrais que são passados de gestão para gestão”, finalizou o presidente da Cbic, destacando a relevância do encontro para pensar um desenvolvimento sustentável e inclusivo.