Palestra de secretário do Rio em evento na Firjan

RIO AI CITY:
HUB DE DATA CENTERS


O Projeto Rio AI City, uma iniciativa da Prefeitura que visa transformar o Rio de Janeiro no maior hub de data centers da América Latina, impulsionando a inteligência artificial (IA) e a tecnologia, foi o tema de palestra de Osmar Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do Município do Rio. O secretário deu detalhes do projeto, em 26/5, na sede da Firjan, durante a reunião aberta do Conselho Superior da Firjan com o Conselho de Administração CIRJ, presidido por Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

 

“Quando a gente anuncia um data center de três gigas, é importante entender que o Rio de Janeiro está se candidatando a ser um desses 10 grandes hubs do mundo. Temos as condições e estamos dispostos a brigar para ser um deles”, disse Lima, na ocasião. Confira agora os principais momentos da palestra do secretário Osmar Lima, que é funcionário cedido pelo BNDES, onde chefiou por 10 anos, o Departamento de Projetos Municipais da Área de Desestatização e Estruturação.

 

IA já é uma realidade 


O primeiro ponto a destacar é que a IA está muito longe de ser um futuro, ela é absolutamente uma realidade. A maior parte das empresas brasileiras já utiliza IA em seus processos, das maneiras mais diversas. Só que isso se configura numa disputa, no âmbito mundial, em que as infraestruturas relacionadas à inteligência artificial vão se situar.

 

Palestra de secretário Osmar Lima
Secretário Osmar Lima fala sobre Rio AI City, sob olhar atento do presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano (Fotos: Vinícius Magalhães)

 


Basicamente, trata-se de uma infraestrutura de conectividade e de energia. Os Estados Unidos, por exemplo, identificam que vão precisar, de pelo menos, 100 gigawatts para fazer os seus processos nos próximos anos e não os possui. E estão procurando energia em outros lugares do mundo. Mas a energia elétrica não consegue ser exportada de maneira simples.


Oportunidades do Brasil 


O Brasil tem a oportunidade de ter energia limpa. O mundo quer se aproveitar da nossa energia. E a maneira seria através de um processo de agregação de valor nos dados. Processar dados é agregar valor a partir do input de energia. Aqui no Rio, a gente planeja construir uma infraestrutura de data centers. Eles ficam em galpões logísticos, muito tecnológicos, com energia. Do ponto de vista de construção, é apenas um galpão. Só que este tem que estar conectado com o resto do mundo, e ter uma infraestrutura de energia muito resiliente, forte. Com isso, poderemos processar dados e devolvê-los para onde eles precisem ir.


Origem do Projeto Rio AI City 


A cidade do Rio tem cabos submarinos que a conectam a todos os continentes do mundo, partindo da região da Barra Olímpica – infraestrutura construída para a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Essa infraestrutura de energia com alta capacidade foi implantada para o Centro de Mídia do Parque, porque as transmissões não poderiam cair nem um segundo.

 

IA é só nas nuvens? 


Quando pensamos em inteligência artificial, pensamos numa coisa meio etérea, em nuvem. Mas os dados passam por cabos físicos, bem tangíveis, que vão oceanos afora. A Prefeitura conversou com a Eletrobras e teve a resposta de que temos energia renovável suficiente para fazer essa conexão. A capacidade energética inicial do Rio AI City será de 1,5 GW dedicada a cargas de trabalho de inteligência artificial e cloud, com potencial de expansão para até 3,2 GW.


E o terreno?   


Na região do Parque Olímpico tem o Centro Metropolitano da Barra, que é uma região da cidade que pode se desenvolver do ponto de vista urbanístico. A ideia é construir a Cidade dos Data Centers nos terrenos vazios no local um bairro planejado com área total de cerca de 4,5 milhões de m2. A área oferece acesso privado, com segurança, fundamental para a instalação de data centers.


Parceiros Privados 


Há vários desafios. Mas o Brasil e o Rio estão bem-posicionados. O projeto do Rio AI City tem uma equação privada: o terreno é particular, a Eletrobras também, e os cabos já foram colocados. Enfim, temos uma infraestrutura já existente.  A prefeitura está empacotando essa oportunidade, do ponto de vista institucional, para dar o suporte aos parceiros. Temos um parceiro principal, a Elea Data Centers (60% Piemonte + 40% Goldman Sachs), que é a empresa investidora âncora do projeto. A Prefeitura do Rio conta também com a parceria da Eletrobras e vem conversando com o BNDES para que o banco também participe desse projeto.


Geração de empregos 


A expectativa é que o Rio AI City, A Cidade da IA do Rio, criará mais de 10.000 empregos diretos e indiretos, contando com a construção dos espaços. Ele deve impulsionar a conectividade, a educação e a segurança no Rio e no Brasil.

 

Início e Objetivo

  
O Rio quer ser um dos 10 hubs de data centers do mundo, atraindo empresas que invistam neste setor. O projeto teve início em 2024, quando a Prefeitura entendeu que o mundo procurava locais para instalações de novos hubs de data centers, para comportar a evolução da inteligência artificial, e que a cidade do Rio tinha capacidade de ser um desses hubs. Temos algumas dificuldades, sim. Uma delas é a questão dos impostos. Então, o governo federal vem trabalhando para fazer a isenção dos impostos de importação de equipamentos para o setor. 


Desde 2021, a Prefeitura do Rio vem desenvolvendo projetos e iniciativas para transformar a cidade na “Capital da Inovação e Tecnologia da América Latina”, com a construção do Porto Maravalley e a atração do Web Summit para cá.


Porto Maravalley 


O Porto Maravalley, outra iniciativa da Prefeitura na área de tecnologia e inovação, fica na Região Portuária, e abriga uma Faculdade da Matemática (o IMPA Tech), que visa formar 100 alunos por ano que se destacaram em Matemática da Tecnologia e Inovação. 


Legislação 


Outra questão importante é a legislação relativa a dados e a data centers. Por exemplo, um cidadão chileno que mora nos Estados Unidos e tem os dados processados no Brasil. Se ele tiver algum problema com seus dados aqui ou em qualquer lugar, que legislação deve ser aplicada? A do Chile, dos EUA, do Brasil, ou as três? Isso é uma discussão que ocorre em todos os lugares. Mas no Brasil, nossa legislação quer impor outras questões relativas aos dados, o que não nos torna, nesse momento, um ambiente propício para processar dados.


União 


Nós identificamos que o Rio de Janeiro é uma cidade muito bem-posicionada no cenário mundial para fazer essa disputa pelos data center. É importante que todo mundo tenha essa consciência. Ver a iniciativa maravilhosa da Firjan fazer um centro de referência nessa área de IA e vários outros projetos, que vão se somando a esse esforço da prefeitura, melhoram a nossa capacidade de fazer essa disputa. Precisamos brigar juntos, porque não estamos disputando com gente pequena, mas com Arábia Saudita e outras potências.