

Publicado em 18/08/2025 - Atualizado em 18/08/2025 13:32
PROJETO DA FIRJAN SESI
TRANSFORMA VIDAS
Indústrias do Conhecimento estimulam leitura e inclusão digital para moradores de sete comunidades do Rio de Janeiro
Viviane Ferreira não imagina hoje a vida dela e das filhas, Thalita, 17 anos, e Anna Jhulya, 9, longe do projeto Indústrias do Conhecimento (IC), do Programa SESI Cidadania. Tacilene Maria também não sabe como conseguiria cuidar dos três filhos, Thallys Miguel, 11 anos, Claudio Mikael, 9 anos, e Thayllon, 3 anos sem o mesmo apoio desse projeto que em 2023 atendeu mais de 43 mil pessoas; em 2024 somou quase 50 mil atendimentos; e até julho de 2025 já contabiliza mais de 25,5 mil atendidos.
As Indústrias do Conhecimento emergem como um elemento vital dentro do SESI Cidadania, que em 2025 completou 15 anos. Uma plataforma que une diversos projetos sociais, incluindo o Atletas do Futuro, SESI Longevidade, Espaço de Saúde Comunitário do Pavão Pavãozinho, Programa ViraVida e iniciativas de bolsas de estudo para alunos da Firjan SENAI SESI. Desde a sua criação em 2010 até agora, o SESI Cidadania já realizou mais de 2,8 milhões de atendimentos, destacando o seu impacto comunitário.

Segundo Claudia Guimarães, vice-presidente do Conselho Empresarial ESG da Firjan, o projeto Indústrias do Conhecimento é de extrema importância para promover a inclusão social, a educação e o desenvolvimento comunitário.
“Iniciativas como essa são essenciais para oferecer oportunidades de aprendizado e crescimento para toda a comunidade, contribuindo para um futuro mais justo e igualitário. Ao investir na educação e na capacitação das pessoas, estamos construindo uma base sólida para o desenvolvimento sustentável das nossas regiões, promovendo a transformação social de forma duradoura”, salientou Claudia Guimarães.
O foco principal do projeto é a estimulação da leitura e a inclusão digital, visando promover a equidade e a diversidade entre os moradores das comunidades. Os agentes do conhecimento e da cidadania, que são moradores locais, desempenham um papel essencial, promovendo a articulação e o envolvimento da comunidade em sete territórios da cidade do Rio de Janeiro: Cidade de Deus, Formiga, Borel, Providência, Morro Azul, Santa Marta e Prazeres.
Eliane Damasceno, gerente de Responsabilidade Social da Firjan SESI, explicou que as Indústrias do Conhecimento irradiam ações no território, promovendo uma série de desdobramentos que beneficiam diferentes faixas etárias e públicos.
“O IC é um espaço estratégico, que atua como um local de desenvolvimento, troca e fortalecimento de potencialidades do território. Ele traz uma série de desdobramentos, desde a criança que está descobrindo a literatura e desenvolvendo habilidades motoras, até o jovem que busca formação e também o adulto que procura oportunidades de crescimento profissional, incluindo a longevidade que se encontra na IC para trocar, aprender e se cuidar”, explicou.


A iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), funcionando como espaços multifuncionais dedicados a projetos sociais, educacionais e culturais. Os ODS trabalhados pelas Indústrias do Conhecimento este ano são: ODS 3 (saúde e bem-estar), ODS 4 (educação de qualidade), ODS 5 (igualdade de gênero), ODS 10 (redução das desigualdades), ODS 13 (ação contra a Mudança Global do Clima) e ODS 17 (parcerias e meios de implementação).
Em 2024, um dos destaques das Indústrias do Conhecimento foi o projeto "Prateleira da Diversidade", que discutiu questões de raça, etnia, inclusão de pessoas com deficiência (PCD) e os desafios enfrentados por povos originários, já em 2025, a discussões e atividades relacionadas à Justiça Ambiental e Mudanças Climáticas traz conhecimento, troca e visibilidade para as discussões que ocorrerão na COP30 no Pará.
As equipes indicaram livros, filmes, promoveram passeios, debates e diversas atividades, de acordo com Larissa Aguiar, especialista de projetos especiais da Firjan SESI. Ela conta que o acervo das ICs é voltado para o público de todas as faixas etárias, e possui também livros de autores de temática da diversidade. Os exemplares podem ser emprestados para os frequentadores das indústrias. Outro destaque é que todo o acervo teve a curadoria da ABL, Academia Brasileira de Letras em 2010.


As atividades nas ICs envolvem oficinas de robótica e reforço escolar. Um projeto relevante também é a educação midiática para o público acima dos 50 anos em parceria com a Gerência de Cultura, que trata de inclusão digital, capacitando os participantes a explorar as mídias e a autonomia no uso de tecnologias. Além disso, há atividades culturais e de artes, que buscam fortalecer os saberes locais através do compartilhar de experiências.
De acordo com Eliane, o projeto é estruturado para atender às diversas fases da vida, promovendo ações que envolvem leitura, artes, comunicação e formação profissional. Além de conexão com outras estratégias institucionais da Firjan SESI, como programas de cidadania, cultura, esporte e inclusão digital. “As ICs são sempre um ponto de referência na comunidade, apoiando ações de atualização cadastral, matrícula escolar e atividades de férias escolares, por exemplo”, detalhou Damasceno.
Um dos destaques do projeto IC é o trabalho com o público 50+, especialmente no contexto da inclusão digital. Para essa faixa etária, há oportunidades de atualização profissional e navegação segura na internet, o que é essencial para evitar fraudes e fake news. Também acesso às tecnologias, como o Pix, uma prioridade para garantir autonomia e cidadania plena do cidadão.
A gerente de Responsabilidade Social reforçou que o projeto busca aproximar temas relevantes, como a questão climática e o feminicídio, tornando-os acessíveis e próximos do cotidiano das pessoas, promovendo debates e maior participação social.
A importância dos agentes de cidadania e de conhecimento também foi destacada, por Eliane, na mobilização e no fortalecimento dessas ações. “Eles conhecem profundamente o território e atuam como ponte entre a comunidade e as atividades da indústria”, disse, salientando que a iniciativa da Firjan SESI reforça o compromisso da indústria com o desenvolvimento social e a promoção de uma sociedade mais inclusiva, informada e participativa.
As atividades nas Indústrias do Conhecimento também envolvem reforço escolar, cultura e artes, que buscam fortalecer os saberes locais através do compartilhar de experiências. Algumas oficinas requerem matrícula, e a demanda por inclusão digital tem sido alta, especialmente entre os idosos, refletindo uma necessidade crescente por serviços de tecnologia.
“Desde a inauguração, esse espaço tem se destacado como um ambiente acolhedor e versátil para toda a comunidade. Os jovens, por exemplo, utilizam os computadores para criar currículos e buscar oportunidades de emprego, enquanto os idosos participam de atividades de artesanato, promovendo integração e aprendizado”, conta Cecília Gonçalves, agente de cidadania da comunidade Morro Azul, no Flamengo. Ela ressalta que o espaço investe muito em inclusão digital, oferecendo cursos que abordam o uso de celulares e de tecnologia, tornando-se um ponto de referência para quem deseja se atualizar e aprender novas habilidades.


“A diversidade de atividades reflete o compromisso de atender a todos os públicos, com projetos que abordam temas relevantes como feminicídio, racismo e questões ambientais, especialmente voltados para crianças e jovens”, diz Cecília que acompanha a luta de Tacilene e seus três filhos.
“Este espaço de convivência tem se mostrado uma importante ferramenta de apoio para famílias e crianças, especialmente aquelas com necessidades específicas. Aqui compartilhamos de um ambiente acolhedor onde as crianças podem ocupar a mente e desenvolver habilidades, especialmente após o horário escolar”, diz Tacilene, ressaltando que o filho caçula, Thayllon, com transtorno do espectro autista, já consegue ler após contato com livros e atividades de leitura nessa IC.
“O meu filho frequentar a IC tem sido fundamental para o seu desenvolvimento. É um lugar seguro, acolhedor, onde as pessoas podem ocupar a mente e participar de atividades que estimulam o conhecimento e a convivência”, avalia a mãe.
Thalita reforça a opinião da mãe: “Gosto de ir à Indústria para ler, principalmente, livros de suspense da Ágatha Christie. Quando não estou na escola, aproveito para me divertir com esses livros”.
Na comunidade de Santa Marta, a IC também apoia Viviane Ferreira e as filhas Thalita e Anna Jhulya: "Na época, minha filha morava com a avó, veio aqui e gostou bastante. Desde então, se apaixonou pelo espaço e pela leitura".
A moradora destacou que as atividades realizadas no centro incluem o uso do computador para inscrições em matrículas escolares, cadastro em órgãos públicos e acesso geral à internet. "É um espaço de inclusão, educação e convivência, que oferece alternativas positivas para os jovens que muitas vezes ficam na rua sem fazer nada e na IC têm a oportunidade de aprender, brincar, interagir, ocupar o tempo de forma saudável", explicou Viviane.
As ICs funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Exceto na Providência, que atende das 10h às 19h.