Trabalhador de obra

CONSTRUÇÃO
NA ERA DIGITAL


Rio Construção Summit 2025 vai apresentar soluções como inteligência artificial, BIM e internet das coisas no canteiro de obras

 

Como errar menos nas obras, estourar menos orçamentos e ter prazos mais adequados? Essas e outras questões serão respondidas com inovação, tendências, cases de sucesso e soluções práticas em um cenário que molda o futuro da construção brasileira. No Rio Construção Summit 2025, de 24 a 26 de setembro, no Pier Mauá, as soluções chegam com a aplicação de BIM (Building Information Modelling ou Modelagem da Informação da Construção), inteligência artificial e internet das coisas, o que se convencionou chamar de “a era digital no canteiro de obras”.

 

“O Rio Construção Summit é uma ponte efetiva entre inovação e aplicação prática, transformando o setor da construção, ao conectar tecnologia e demanda real, promover cultura de digitalização nas empresas, facilitar acesso a programas e regulações que impulsionem a modernização e acelerar a adoção de práticas digitais que trazem objetivos claros como produtividade, sustentabilidade e diferenciação no mercado”, afirma Marcelo Kaiuca, presidente do Fórum Setorial da Construção e vice-presidente da Firjan.

 

As palestras e debates vão envolver indústria, academia e poder público na busca por melhorias no mercado imobiliário e de infraestrutura, no maior evento da construção na América Latina. A realização é do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), em parceria com a Firjan, o Sistema Indústria (CNI, SESI, SENAI, IEL), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (Sinicon). Na cidade do Rio de Janeiro, os especialistas vão tratar de temas como tecnologia, sustentabilidade e capital humano e sobre como aplicar a tecnologia em projetos das empresas. As discussões vão além: irão abordar a conjuntura atual e as perspectivas para o aumento da produtividade do setor.

 

Hermolin e Kaiuca no RCS
Hermolin e Kaiuca participam ativamente da organização do RCS 2025, assim como fizeram em 2023 (Foto: Vinicius Magalhães)

 

 

"Estamos falando do maior evento de Construção do país. Totalmente imersivo, focado em promover trocas, rodadas de negócios e networking. E que coloca o Rio de Janeiro no protagonismo das discussões em torno da inovação na indústria da Construção e no Mercado Imobiliário. A expectativa é alta", afirma Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio.

 

BIM colabora com a produtividade

 

“A qualidade e o número de palestrantes no Rio Construção Summit 2025 permitem trazer para o público as tendências e as novidades, além de mostrar o que está acontecendo no setor da construção e discutir e aprofundar isso”, avalia Eduardo Toledo, professor titular e pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e sócio-fundador do BIM Fórum Brasil. Para Toledo, a transformação digital traz tudo o que o setor precisa, contribui para que nas obras sejam observados menos erros e que os orçamentos e prazos sejam cumpridos.

 

“É preciso mudar o cenário atual”, adverte, destacando que o BIM permite que se construa e erre virtualmente, colaborando para melhorar muito a produtividade, já que evita o retrabalho. “O BIM aponta os problemas antes deles chegarem ao canteiro de obras e permite que sejam resolvidos no computador”, ensina o professor, que há 25 anos trabalha com o tema.

 

Ao comentar como o poder público pode contribuir para acelerar a transformação digital na construção, Toledo lembrou que, em geral, a área pública é um dos maiores clientes da construção e, portanto, pode demandar e, com isso, induzir a adoção de novas tecnologias, impulsionar o mercado a se desenvolver e a investir nessa transformação.

 

“E a segunda vertente da atuação do governo é justamente promover a transformação através de estabelecimento de padrões, normativas, programas e incentivos que promovam essa transformação digital”, acentuou o professor, que vai participar dos painéis: “Transformação Digital na Construção e o Poder Público”, “Transformação Digital por meio de BIM e Open BIM na Capacitação Profissional” e “Avanços da adoção de BIM com ênfase na América Latina”.

 

Virada de chave para a digitalização

 

Reunir desde estudantes até quem tem poder de decisão é uma das características do evento, que pretende contribuir na virada de chave para a digitalização dos processos, com utilização do BIM e da inteligência artificial, que está chegando com tudo. A opinião é de Erik Vinícius de Aquino e Santos, gerente de engenharia da Andrade Gutierrez e coordenador do Grupo de Trabalho de BIM do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon).

 

“O Rio Construção Summit é um evento de grande porte que movimenta a cidade do Rio de Janeiro como um todo e leva ao público interessado todos os avanços alcançados no setor. Por exemplo, a Andrade Gutierrez mostra o quanto já caminhou, onde está chegando e o que está projetando para o futuro, principalmente na construção e em infraestrutura”, diz Erik Santos.

 

Ele vai mediar o painel “Gêmeos Digitais e seus usos na Operação de Ativos de Obras de Infraestrutura por meio de BIM e Open BIM”.  


“O gêmeo digital reúne na fase digital toda a informação capturada no desenvolvimento de projeto e construção. Dessa forma, é possível monitorar o seu ativo através de sensores e de internet das coisas (IoT). É o seu empreendimento no formato digital. Você traz o prédio para o digital, ambiente virtual que possibilita fazer simulação e escolhas de consumo de água e de energia, operação de elevadores, conseguindo monitorar tudo isso. Também é possível fazer manutenção preventiva e preditiva com maior acurácia, porque sabe exatamente o que está sendo gasto com essa simulação digital”, explica Erik Santos.

 

Na opinião do engenheiro, o Rio Construção Summit 2025 promove e divulga as empresas, contribuindo para que fiquem mais visíveis. A partir dos cases, mostra quem está na frente e quem está fazendo bem-feito. Isso gera network e gera movimento forte para a indústria da construção.

 

Principais tendências

 

A consolidação de ambientes colaborativos baseados em dados, o avanço da modelagem para planejamento de obras e manutenção de ativos, o uso de inteligência artificial na engenharia e a crescente preocupação com a rastreabilidade e sustentabilidade nos empreendimentos são, na visão de Stefânia Dimitrov, gerente de BIM e Inovação da Sondotécnica Engenharia, as principais tendências que serão apresentadas no Rio Construção Summit 2025.

 

Stefânia, que vai participar do painel “Obras de infraestrutura por meio de BIM e Open BIM”, adiantou que vai mostrar algumas experiências da Sondotécnica no uso do BIM e do Open BIM em obras de infraestrutura.

 

“Vamos mostrar como o uso integrado de modelos tridimensionais, nuvem de pontos e banco de dados georreferenciados têm transformado a gestão e a execução dessas obras. O BIM é um verdadeiro sistema de apoio à decisão, com impacto direto em prazos, custos e qualidade da obra”, explicou ela, que considera a incorporação de tecnologias emergentes ao ecossistema BIM uma das principais novidades do tema.

 

Para a gerente da Sondotécnica, o Summit é um espaço estratégico de articulação entre empresas, governo, academia e startup, criando pontes que ajudam a acelerar a inovação e transformar conhecimento técnico em ação prática.

 

“Para a indústria fluminense, o evento é uma chance de fortalecer sua competitividade, conhecer experiências de outras regiões e se preparar para atender a novas exigências de mercado, como as relacionadas à digitalização e à sustentabilidade nas obras públicas”, complementa a especialista, que espera, além de compartilhar conhecimento, escutar, dialogar e construir parcerias no evento.

 

Digitalização aplicada

 

Cristiane Magalhães, especialista técnica em Construção/BIM e Transformação Digital do Centro de Referência em Construção Civil da Firjan SENAI SESI Tijuca, acredita que o Rio Summit Construção 2025 vai apresentar de fato a digitalização aplicada. De acordo com ela, a demanda legal (por parte do poder público, das exigências legais e de decretos) está impulsionando essa transição do setor da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) e, também, impulsionando os profissionais do mercado da construção pesada e de edificações em todo o ciclo de vida do empreendimento.

 

arte sobre construção BIM

 

“O evento vai mostrar fortemente os usos de BIM e essa digitalização com painéis voltados para a produção do edifício e de empreendimentos de infraestrutura. O maior diferencial este ano será mostrar que a transformação está acontecendo, e a intenção é apresentar aplicações práticas evidenciando que a digitalização é mais uma tendência ou algo do futuro, mas algo do presente, o que será evidenciado pelos casos de sucesso nacionais e internacionais – inclusive com discussões de inteligência artificial”, acrescentou.



A especialista conta que, com o passar do tempo, BIM se firmou como uma metodologia reconhecida pela AECO com possíveis usos em todo o ciclo do empreendimento. “E hoje, podemos dizer, ele é um habilitador da transformação digital. E, exatamente, por conta desses diferentes usos do BIM é importante colocar em prática novas capacitações necessárias por conta das mudanças de processos. E isso é importante acontecer tanto na formação profissional como também para profissionais da cadeia produtiva da construção e do poder público”.

 

Realizada em setembro e outubro de 2024 pelo BIM Fórum Brasil, a 2ª edição da Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Indústria da Construção do Brasil, com foco em profissionais das engenharias, arquitetura e urbanismo de todo o país, obteve 4.164 respostas válidas e ofereceu uma visão confiável sobre o estado da digitalização no contexto da construção brasileira.

 

Os resultados indicam que os profissionais de todas as regiões do país enfrentam lacunas e desafios semelhantes em matéria de gestão de projetos. Na Região Sudeste, a proporção dos profissionais que aplicam as melhores práticas de forma rotineira supera em aproximadamente 50% a média nacional.

 

“Vamos trazer para o palco do Rio Construção Summit 2025 debates de inovação, digitalização em um contexto de revitalização para a cidade sob a ótica do setor da construção e formas de como melhorar o desenvolvimento do ambiente construído no ambiente de negócio no Rio de Janeiro”, diz Cristiane. A especialista destacou que existe uma importante lei – 14.133/2021, conhecida como Nova Lei de Licitações –, que estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas, e prevê que será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (BIM) para obras e serviços de engenharia e arquitetura. Segundo ela, essa lei, vai alavancar a utilização de BIM para novos contratos.

 

Cursos e consultoria de BIM

 

“A Firjan SENAI tem um papel muito importante na formação técnica e de especialização para profissionais, com iniciativas relevantes na área de BIM. É preciso expandir essa atuação”, afirmou o professor Toledo. Há poucos cursos de nível técnico e ainda é minoria as universidades que abordam o tema nos cursos de Engenharia e Arquitetura, segundo ele.

 

Diante dessa demanda importante, o Centro de Referência em Construção Civil da Firjan SENAI SESI Tijuca apresenta um portfólio reestruturado de cursos de aperfeiçoamento em BIM previstos para operar no segundo semestre deste ano, contando, inclusive com uma consultoria, que visa apoiar empresas e secretarias nos processos iniciais de adoção da metodologia.

 

Na jornada de aperfeiçoamento em BIM são abordados conceitos envolvendo processos, tecnologias, pessoas e políticas, um diferencial em tempos de transformação digital. A carga horária dos cursos varia de 24 horas a 40 horas. Há também pacotes que podem chegar a 212 horas, dependendo da combinação dos módulos existentes.

 

Os módulos dos cursos BIM são os seguintes: Modelagem de Arquitetura; Famílias, Templates e Organização do Trabalho; Renderização; Modelagem de Estruturas de Concreto; Modelagem de Instalações Hidráulicas; Modelagem de Instalações Elétricas; Planejamento, Compatibilização e Simulação; Autodesk Construction Cloud (ACC) e Automação em Dynamo.

 

O aprendizado é voltado para arquitetos, engenheiros, designers de interiores, técnicos em edificações e estudantes de arquitetura e engenharia. É preciso ter no mínimo 18 anos e ser técnico, graduando ou graduado, e possuir conhecimento em áreas afins. Alguns cursos exigem também experiência em projetos com Autodesk Revit.

 

Para inscrições e informações: (21) 96707-0345 (WhatsApp) ou no Centro de Referência em Construção Civil da Firjan SENAI SESI Tijuca, que fica na Rua Moraes e Silva, 53.