

Publicado em 26/06/2025 - Atualizado em 26/06/2025 17:41
RIO, CAPITAL DO LIVRO,
INCENTIVA SETOR GRÁFICO
O Rio de Janeiro tornou-se um palco literário como há muito não se via. O título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco, e o Prêmio Rio de Letras - realizado pela Firjan SESI, com curadoria da Academia Brasileira de Letras (ABL) e parceria da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) - abriram espaço para um olhar profundo sobre a importância da leitura e da escrita e trouxeram maior visibilidade para a indústria gráfica, que nunca esteve em um terreno tão fértil.
“A indicação da cidade do Rio de Janeiro como Capital Mundial do Livro, concedida pela Unesco, reforça o papel da leitura como ferramenta de transformação social e representa uma oportunidade relevante de valorização do livro impresso e digital para o mercado editorial e das artes gráficas como um todo. Além de estimular a leitura, essa visibilidade pode impulsionar produção, eventos, parcerias e atrair investimentos que beneficiam diretamente as gráficas, editoras, autores e demais profissionais da cadeia produtiva do livro”.
Essa previsão é de Valter Zanacoli, vice-presidente da Firjan e presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de Petrópolis (Sigrap), ao destacar que a indústria gráfica vê com entusiasmo essa nomeação, que reforça o papel do livro físico e digital como um instrumento duradouro de cultura e educação, além de abrir espaço para inovações, novos ambientes de negócios e ações que aproximem ainda mais o público da leitura.
“A leitura e a escrita são fundamentais para o desenvolvimento intelectual, social e profissional das pessoas. Em uma sociedade cada vez mais conectada e complexa, dominar essas habilidades é também uma forma de inclusão e de acesso a oportunidades”, sintetiza Zanacoli.
Prêmio incentiva leitura e produção textual
“Ao ler e escrever, acumulamos acervo de conhecimentos e o disponibilizamos a cada nova geração. E é isso que nos faz, de algum modo, evoluirmos intelectualmente, socialmente, de maneira civilizada. Se não acumulássemos acervo, provavelmente ainda estaríamos com as práticas civilizatórias do nosso passado longínquo”, reflete Vinicius Cardoso, diretor de Educação e Cultura da Firjan SENAI SESI, ao evidenciar que a leitura nos torna capazes de lidarmos com tarefas cada vez mais complexas.


Cardoso exaltou a importância do Prêmio Rio de Letras, lançado pela Firjan SESI. A iniciativa tem a missão de estimular a produção textual e o interesse pela leitura dos alunos do Ensino Médio das escolas Firjan SESI, das escolas estaduais e de trabalhadores da indústria. Ela visa contribuir para formar cidadãos mais conscientes, para interpretar o mundo ao seu redor e combater a desinformação, preparando o indivíduo para crescer em diferentes áreas do conhecimento.
Meio ambiente em poesia, crônica e contos
O tema do prêmio deste ano, A Humanidade e a Natureza, visa incentivar a produção de poesias, crônicas e contos que promovam reflexões e ações em prol do meio ambiente e do combate às mudanças climáticas. Os trabalhos nessas modalidades, selecionados pelas escolas, devem ser inscritos gratuitamente por meio do formulário eletrônico disponível na página oficial do Prêmio Rio de Letras – Firjan SESI até o dia 21 de julho de 2025. As inscrições dos alunos devem ser feitas pelas escolas, e dos trabalhadores, pelas empresas.
Há também objetivos pedagógicos na iniciativa, destaca o diretor da Firjan SENAI SESI. “O estímulo à leitura e à escrita promove dinâmicas e práticas didáticas nas escolas, levando os alunos a exercícios de escrita orientada e debatida, o que contribui para o aperfeiçoamento das habilidades deles. A pessoa que não lê ou não escreve vai ter muita dificuldade de lidar com os trabalhos disponíveis hoje. A habilidade da leitura e da escrita é fundamental para o exercício do trabalho na sociedade moderna”, contextualiza Cardoso.
Leitura gera senso crítico
Um líder idoso e uma aluna nova e ruiva, de cabelos emaranhados, são personagens de dois contos vitoriosos do Rio de Letras de 2024, que discutiu a diversidade. As obras “Velhinho: privilégio de poucos” e “A pequena Liz” demonstraram a importância do tema, de como as diferenças devem ser respeitadas, seja numa empresa ou numa sala de aula.
As premiadas Luiza Sanz dos Santos Thomé, 35 anos, arquiteta da Econorte e doutoranda em Urbanismo na Universidade de Lisboa; e Isabella Azevedo Braga, 18 anos, ex-aluna do Ensino Médio da Firjan SESI, garantem que a leitura teve papel significativo para alcançarem essa conquista, na medida em que amplifica o repertório e a visão de mundo.


“Além de aprender novas palavras e diferentes formas de se expressar, o leitor entra em outros mundos. A leitura também é primordial para uma melhor comunicação, o que é fundamental em todas as áreas da nossa vida, inclusive no trabalho”, destaca Luiza, que ganhou menção honrosa na categoria de contos dos industriários.
Ao comentar o título de Rio Capital Mundial do Livro, dado pela Unesco este ano, a arquiteta disse que essa capital é muito mais que praia. “O Rio tem muita cultura, um potencial gigante em várias áreas, uma riqueza cultural e arquitetônica muito grande. No Centro da cidade, a gente anda poucos metros e se depara com edificações belíssimas, entre prédios, museus e igrejas”, reforçou, dando como exemplo o Real Gabinete Português de Leitura.
Já Isabella Braga, segunda colocada na categoria Contos, no Prêmio Rio de Letras Firjan SESI de 2024, entende que “a leitura ultrapassa o entretenimento. Ela é importante para a formação, desenvolve o senso crítico e o raciocínio, ensina a pensar e leva o indivíduo a ter suas próprias atitudes com base nas suas convicções, sem seguir o efeito manada”.
A estudante também considera que a leitura foi a responsável por sua boa colocação no Rio de Letras. “O hábito da leitura me levou a desenvolver pensamento crítico e criatividade. Desde criança fui muito exposta a livros, à literatura, assim como nas escolas Firjan SESI”.
Isabela conta que costumava ir à biblioteca da escola também para realizar debates, assistir a filmes e documentários. A biblioteca é um espaço de compartilhar conhecimento. Aprovada para cursar Engenharia de Produção no segundo semestre na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a estudante entende que todo esse processo desenvolvido de leitura e escrita vai ser importante para interpretar e entender a nova carreira.
“A leitura dá acesso a pesquisas, a descrições técnicas, a manuais, a registros arquivísticos, promovendo conhecimento sobre o seu território, sobre as obras disponíveis, sobre a sua ancestralidade, sobre o mundo. Tentamos mostrar essa conexão entre os registros escritos desde obras literárias até os diversos tipos de texto e como isso coloca o indivíduo em contato com todas as outras dimensões da vida”, destaca o diretor de Educação e Cultura da Firjan SENAI SESI.
Rio como protagonista
Por ter sido eleito pela Unesco a Capital Mundial do Livro em 2025, o Rio de Janeiro sediará uma vasta programação voltada para a promoção da leitura, com participação ativa da Firjan SESI, que já até incluiu a marca dessa efeméride nos eventos da federação relacionados ao tema, como no lançamento do Prêmio Rio de Letras, no mês passado.
Os eventos da Firjan SESI também estão no calendário oficial da Prefeitura do Rio. O primeiro deles foi o Prosa e Verso, na Casa Firjan, em 23/4, com a presença de escritores, a realização de seminários sobre a importância da leitura e da escrita e atividades nos jardins. Além disso, a federação vai ceder espaços, como escolas e a Casa Firjan, para a “book parade”, formada por pequenos monumentos que serão espalhados pela cidade em comemoração ao título.
A rede de bibliotecas Firjan SESI em todo o estado está engajada nesse movimento, homenageando especialmente o fato de o Rio de Janeiro ter sido a primeira cidade de língua portuguesa eleita Capital Mundial do Livro.
Confiante na ideia de que esses eventos vão estimular a indústria gráfica, que tem importante complexo na Firjan SENAI Maracanã, a federação irá realizar, no segundo semestre, um seminário internacional do livro, na Casa Firjan.
“O surgimento da indústria gráfica foi uma das causas da difusão da leitura, na medida em que facilitou a chegada das obras aos mais diversos leitores. Hoje, com a intensa digitalização da sua cadeia produtiva, essa facilidade se tornou ainda maior, mas outros desafios surgiram, como a curadoria dos conteúdos e a falta de estímulo à leitura de livros físicos. Felizmente, esses e outros desafios tendem a ser superados”, avalia o diretor da Firjan SENAI SESI.
As bibliotecas, guardiãs do acervo, também serão muito estimuladas pelo título Rio Capital Mundial do Livro. A biblioteca é considerada pela Firjan SESI um espaço cultural que estimula os alunos a ler e aprender a conviver com as obras.
Confira as informações do Prêmio Rio de Letras Firjan SESI no edital. Todos os 81 vencedores – 27 textos das escolas SESI, 27 textos das escolas estaduais e 27 textos de trabalhadores da indústria do estado do Rio de Janeiro – serão publicados no Livro do Prêmio Rio de Letras – Firjan SESI, que será publicado em parceria da Firjan SESI, ABL e Seeduc.
Reinvenção da Indústria gráfica
A indústria gráfica, ciente de sua responsabilidade em atrair mais leitores, está se reinventando. O segmento gráfico, que envolve linhas de produção, editor, ilustrador, diagramador, revisor, impressão e outras atividades, pretende tornar o livro mais interessante novamente se aliando à tecnologia.
De acordo com Carla Geraldo, especialista técnica em gráfica do Centro de Referência em Gráfica Carlos Augusto Di Giorgio Sobrinho da Firjan SENAI Maracanã, uma tendência é agregar valor ao livro, com materiais e tecnologias que fazem um diferencial.
“A inovação na indústria gráfica passa por transformar o livro impresso em uma experiência sensorial ampliada. Texturas que encantam ao toque, acabamentos que surpreendem o olhar e QR Codes que levam a vídeos, trilhas sonoras ou conteúdos extras criam conexões únicas com o leitor. Esses recursos agregam valor à obra, enriquecem a narrativa e proporcionam novas formas de engajamento”, afirma Carla, explicando que a convergência entre materiais, tecnologia e design reposiciona o livro como um produto cultural mais relevante na era digital.
Cursos Gráficos
Para atender a essa indústria, o Centro de Referência em Gráfica da Firjan SENAI Maracanã oferece cursos gratuitos de aprendizagem e qualificação técnica, que contribuem com o aprimoramento do setor. Em 2024, foram atendidos 6.764 alunos maiores de 14 anos.
São 10 títulos gratuitos, oferecidos nos horários da manhã, tarde e noite, no modelo presencial ou EAD. A duração dos cursos varia de dois a dez meses, com aulas de segunda a sexta. Há turmas com início em junho.
Os cursos disponíveis no Centro de Referência em Gráfica são Impressor Offset; Animador Digital 2D – Cut out Animation; Assistente de Marketing Digital; Designer Gráfico Editorial; Impressor Offset, Desenvolvedor de Projetos Maker em Fablab; Designer Gráfico de Embalagens; Design Gráfico Editorial; Editor de Projeto Visual Gráfico; Web Designer UI e UX; Técnico em Multimídia.