Publicado em 15/12/2025 - Atualizado em 17/12/2025 11:30
DE OLHO NA
ECONOMIA EM 2026
Rio terá crescimento acima do Brasil em 2026, prevê Firjan
Adaptação e incerteza são palavras que resumem o cenário econômico para 2026, de acordo com a previsão feita pela Firjan, baseada no comportamento das economias brasileira e internacional em 2025
Mesmo diante de um cenário global mais incerto e de pressões internas — como os juros que permanecem elevados — a Firjan espera que o estado apresente, pelo quinto ano consecutivo, crescimento acima da média nacional. Esse desempenho se apoia, sobretudo, na forte expansão projetada para a cadeia de petróleo e gás, com novos projetos e maior utilização das unidades existentes.
Desta forma, a avaliação da Firjan é de que a economia do estado do Rio de Janeiro seguirá em trajetória de expansão no próximo ano, com projeção de crescimento de 3% do PIB, percentual acima do previsto para o Brasil. Entre os setores, o maior crescimento é o da indústria, que ficaria em 5,3%, mantendo o patamar deste ano.

“O grande desafio é assegurar que o impulso do petróleo se irradie para toda a economia fluminense. E isso passa necessariamente por uma agenda focada em criar um ambiente capaz de estimular a produção, reduzir custos e destravar investimentos”, avalia Nayara Freire, especialista em Estudos de Competitividade da Firjan.
PIB Brasil deve desacelerar
De acordo com as projeções da federação, o PIB Brasil deve crescer 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026 – uma desaceleração em relação à expansão de 2024, que superou os 3%.

A alta taxa de juros é um dos fatores que explicam a desaceleração da atividade econômica. A elevada taxa de juros vem impactando de forma mais expressiva economia brasileira. Temos uma desaceleração do setor de serviços e também da indústria de transformação. Os juros e o ambiente de baixa competitividade acabam afetando diretamente a produção industrial brasileira, explica Nayara.

Nayara salienta que a indústria de transformação enfrentará um ano desafiador. Além da alta taxa de juros, o Brasil vive um contexto de insustentabilidade das contas públicas. Nos últimos anos, a solução para o desequilíbrio das contas públicas brasileiras tem se sustentado em maior arrecadação de receitas públicas. Esse caminho tende a elevar custos e ampliar pressões sobre o setor industrial, que já opera sob condições financeiras restritivas e elevada carga tributária.
De fato, nos últimos anos, houve um forte aumento das despesas e uma busca pelo crescimento das receitas para o cumprimento de metas fiscais. Esse cenário não só prejudica o setor produtivo, como também acaba tornando o ambiente de negócios muito instável. As projeções da Firjan mostram um crescimento da dívida pública em 2026. Não só a Firjan, mas o mercado de forma geral, está olhando para um ano de grande dificuldade para se alcançar a meta fiscal. Faltam medidas concretas que equilibrem as contas públicas. O país precisa de instrumentos que de fato garantam um equilíbrio sustentável das contas públicas, na avaliação da federação.
“O cenário econômico de 2026 dependerá da evolução de um ajuste fiscal e controle dos gastos públicos, diminuindo a percepção de risco e aumentando nossa atratividade, principalmente para investimentos externos. A combinação de queda da inflação, mesmo que de maneira discreta, redução dos juros e reformas estruturais são fundamentais para criarmos um ambiente favorável à economia”, acredita Julio Talon, presidente do Conselho Empresarial de Economia da Firjan.
Por fim, a Firjan prevê uma desaceleração da atividade econômica em 2026, já sentindo o impacto mais forte da taxa de juros, que está bastante elevada, e destaca a importância de se voltar a discutir e aprovar as reformas que são estruturais e criam caminhos para poder conter o crescimento das despesas obrigatórias, principalmente as de pessoal.
O Congresso já está discutindo a reforma administrativa, que é essencial. A Firjan defende que seja ampla, que inclua todos os poderes, todos os entes federativos, porque só assim serão criados instrumentos para que os gestores consigam alocar os recursos públicos de forma eficiente, sem ter que recorrer sempre ao aumento da carga tributária. A indústria não aguenta mais impostos e já está fragilizada pelo ambiente econômico de alta taxa de juros.
Comércio mundial sofre reflexo de Trump
A eleição norte-americana, em 2024, trouxe uma mudança severa do jogo comercial. Então a política comercial dos Estados Unidos acaba sendo uma forte influência para o mundo de forma geral. Mudou drasticamente. Cada mês é uma novidade.
“A nova política tarifária dos EUA, continuidade de conflitos militares e a exponencial aplicação e evoluções da IA são exemplos de eventos que fizeram de 2025 um ano marcante e em grande medida disruptivo nas relações e geopolítica mundial. Podemos conservadoramente esperar que 2026 seja um ano de adaptação e construção progressiva, que demandará a todos nós empresários muita resiliência, estratégia e inteligência coletiva na Firjan dentro desses cenários repletos de incertezas”, analisa Rodrigo Santiago, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da Firjan.

As mudanças repentinas em relação às políticas comerciais acabam impactando de forma direta os negócios e as previsões de investimento. Então é um cenário bastante adverso para o mundo, apesar da projeção ser de crescimento da economia mundial. Mas é um crescimento instável porque está alerta com esse contexto imprevisível, de acordo com a Firjan.
O tarifaço imposto pelo governo dos EUA também impactou a previsão de crescimento do PIB Brasileiro e aumentou as incertezas, de acordo com a Firjan.
Desde abril deste ano, foram anunciadas as primeiras tarifas aplicadas pelos Estados Unidos que em agosto estabeleceram às tarifas de 50% contra os produtos brasileiros. Em paralelo, também se observou a retomada das tarifas contra produtos de aço, alumínio e a criação de taxas para o setor automotivo e de cobre.
Após meses de negociações e atuação da Firjan, em novembro foram anunciadas novas exceções para produtos brasileiros no mercado americano. Apesar de parcial, este anúncio representa uma perspectiva de possíveis novos avanços em 2026.
A retirada pelos EUA das tarifas de 40% sobre cerca de 200 produtos agropecuários em novembro é um movimento bastante positivo para os setores afetados, mas permanece a incerteza diante da instabilidade do ambiente internacional. E os produtos industrializados continuam tarifados em até cerca de 50%. Mais de 49% das exportações do Brasil aos Estados Unidos ainda sofrem algum tipo de tarifa adicional.
As medidas tarifárias americanas acabam influenciando fortemente o comércio mundial e o nível dos preços. E já podemos observar os efeitos no câmbio, com o dólar menos valorizado. 
O dólar está mais enfraquecido diante da nova política do governo dos Estados Unidos. O câmbio, que vinha superando R$ 6 há alguns meses, foi substituído por uma projeção um pouco menor. É um câmbio menos depreciado para o próximo ano, refletindo muito esse contexto internacional, mais do que um movimento interno de valorização da moeda brasileira, explica Nayara.







