Leo Edde, vice-presidente da Firjan

SOFT POWER E
INDÚSTRIA CRIATIVA


Patrimônios culturais, naturais e históricos do Rio atraem e influenciam

 

Se o Rio de Janeiro fosse uma empresa, quanto valeria essa marca? Quantas companhias não gostariam de comprá-la para se agregar a ela? A provocação é de Leonardo Edde, vice-presidente da Firjan, ao destacar a grande potencialidade em soft power da cidade, que atende a todos os requisitos para ser um vetor de promoção e desenvolvimento econômico, com seus patrimônios culturais, naturais e históricos.  

 

Edde participou de dois painéis no Rio2C, no dia 7/6. Ao discutir o tema “Soft Power: o Patrimônio Cultural como Vetor de Promoção e o Desenvolvimento Econômico”, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, ele traduziu o soft power, como o poder da influência. “É uma forma de influenciar a vida, os seres humanos, os países e as nações, através principalmente da cultura”, conceitua.  

 

Para exemplificar, o também presidente do Conselho Empresarial da Indústria Criativa da Firjan citou o poder do audiovisual dos EUA, e mais recentemente da Coreia do Sul, na disseminação de suas culturas no mundo inteiro, influenciando através do desejo, seja de uma calça jeans americana ou de uma maquiagem coreana. “As marcas vão aonde os filmes vão”, ressaltou, lembrando que, desde o ano passado, a Firjan tem um projeto estratégico chamado Soft Power Rio para potencializar o soft power que o Rio de Janeiro possui. 

 

Leo Edde debate soft power com Natale Onofre, Adriana Rouanet, Christiano Braga e Fábio Cesnik. Foto: Paula Johas

 

“O tripé que está sendo trabalhado no projeto SoftPower Rio são ações de visibilidade; levantamento de potencialidades, com fortalecimento da confiança, resgate da autoestima e monetização; além de boas práticas em soft power”, esclareceu.

 

Segundo o empresário, se a cultura é uma união de hábitos e costumes, é por aí que o soft power deve ser levado, influenciando outras culturas, criando relevância à nossa própria e conquistando territórios. “Se entendermos que o investimento no estado brasileiro em cultura e turismo ainda está aquém do que poderia, temos muito para crescer. Soft power é negócio. Cultura é negócio. O soft power transforma ativos intangíveis em tangíveis, como todos os bens de capital”, evidencia.

 

Já Christiano Braga, supervisor de Economia Criativa da Embratur, falou da perspectiva do Brasil, pensando o turismo. Ele destacou que o conceito de soft power se casa muito com o país, porque o que acontece aqui interessa ao mundo. Para ele, é um poder que se acumula para ter um posicionamento e alcançar seus objetivos na geopolítica internacional, na forma como se insere no mundo.  

 

“Cem milhões de turistas viajam internacionalmente motivados pelas séries que veem no cinema. O turismo audiovisual se transformou no top “ten” de tendências pós-pandemia. O Brasil tem potencial para se desenvolver dentro dessa prática turística desde que a gente fortaleça a nossa indústria criativa”, frisou Braga.

 

Sob a mediação de Fabio Cesnik, advogado e sócio-fundador da CQS/FV Advogados, Adriana Rouanet, diretora-executiva do Instituto Rouanet, filha do autor da Lei Rouanet, falou da diplomacia cultural, de buscar em outros territórios fontes de inspiração e de poder levar a nossa cultura brasileira, tão rica, para fora do país.  “É através do atrativo do soft power na cultura que se consegue seduzir as pessoas e atrair investidores”, enfatizou Adriana.

 

A presidente e gestora do Instituto Cultural Cidade Viva, Natale Onofre, apresentou cases sobre o Vale do Café e a preservação do patrimônio local. "As lindas fazendas históricas, que fazem parte do patrimônio material, incentivam o turismo de audiovisual, que é palco de vários projetos. No patrimônio imaterial, destacamos os saberes e fazeres, como a gastronomia, no potencial que possui para trazer a memória afetiva”.

 

Leo Edde debate indústrias criativas com os secretários Danielle Barros, Marcelo Calero e Marília Marton. Foto: Paula Johas

 

O debate sobre “O Futuro do Ecossistema Cultural: Indústrias Criativas como Ativo Econômico Estratégico”, deixou evidente, na visão do moderador do painel, Leonardo Edde, a importância da indústria criativa como um todo. A mesa reuniu titulares das secretarias municipal do Rio de Janeiro, de São Paulo e do estado do Rio.

 

“Ficou clara a importância de se consolidar como indústria, trazendo informação e dados para a sociedade se conscientizar que somos uma indústria pujante, que gera emprego e renda, precisa de proteção e investimentos como qualquer outra para o nosso produto local”, pontuou Edde.

 

“A cultura se propõe a nos trazer experiências sensoriais que nos tire da zona de conforto”, disse Marcelo Calero, secretário de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, ao enfatizar a importância dessa indústria. Calero chamou atenção para a construção reputacional do Rio, que o levou a superar Paris e integrar o ranking das cidades com mais filmagens no mundo.  

 

O papel facilitador do poder público passa, na opinião de Danielle Barros, secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do RJ, por um processo de institucionalização para que as pessoas se sintam seguras e saibam o que podem fazer. Ela lembrou que o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) criativo no Rio é maior que o nacional.

 

Por outro lado, Marília Marton, secretária estadual da Cultura, Economia e Indústria Criativa de São Paulo, disse que o estado tem uma curadoria que olha para o pequeno, o médio e o grande na cadeia criativa, mas ressaltou que é preciso traçar uma rota, que, se for realizada, “é um caminho sem volta, de pleno sucesso”.