Robótica na Volkswagen Caminhões e Ônibus, em Resende, Sul Fluminense

ROBÓTICA: DA ESCOLA
PARA A INDÚSTRIA


Conhecimento vem ajudando ex-alunos da Escola Firjan SESI a entrarem no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que forma profissionais qualificados para a indústria 4.0

 

Anderson Guerra Almeida, de 23 anos, estudou na Firjan SENAI SESI Resende, depois cursou engenharia eletrônica na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, onde faz mestrado em engenharia elétrica. Simultaneamente, trabalha no setor automotivo, na Stellantis, em Betim (MG), de forma remota, como engenheiro de arquitetura eletrônica.

 

No Ensino Médio na Escola Firjan SESI, fez Curso Técnico de Mecatrônica pela Firjan SENAI, disciplina correlata com a robótica. Na faculdade, participou do projeto de automobilismo, na parte de desenvolvimento de projeto e piloto de carro de corrida. Hoje é juiz de competição.

 

“O curso técnico me adiantou muito na faculdade. No primeiro ano, já tinha uma base muito boa, melhor que a de quem não fez curso técnico. Também, por ter participado de competições de robótica no SESI, busquei equipes de competição na faculdade e consegui me desenvolver mais ainda. Esses projetos na escola me ajudaram muito na hora de conseguir o emprego. Fui contratado logo depois que me formei”, conta ele.

 

Anderson aconselha que os alunos busquem essas experiências extracurriculares, que são incentivadas pela Escola Firjan SESI. “Importante participar de um projeto em que você possa desenvolver, que exija que você tenha que buscar soluções diferentes”.

 

Anderson pilotando carro de corrida: ex-aluno do Curso Técnico de Mecatrônica da Firjan SENAI seguiu carreira na área e trabalha na Stellantis (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Indústria robotizada

 

O ensino de robótica vem ajudando ex-alunos da Escola Firjan SESI a entrarem no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que supre parte da procura das empresas por profissionais qualificados para a indústria 4.0.

 

Não é só no setor automotivo que o estudo da robótica desde a infância vem ajudando a abrir portas no mercado de trabalho. De acordo com Marco Saltini, vice-presidente da Firjan CIRJ, “em qualquer setor da economia, a formação educacional é vital, pois permite que os jovens recebam uma bagagem adequada de informações para que sejam profissionais qualificados. E o mais importante é entenderem a importância de estarem constantemente se atualizando. As tecnologias aplicadas hoje estão cada vez mais avançadas e têm uma evolução muito dinâmica”. 



Para Saltini, que também é diretor da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a tecnologia vem avançando muito rapidamente. “Quando a gente fala especificamente da questão da robótica, ela está muito presente. Na nossa fábrica, em Resende, a gente tinha uma linha de montagem de cabine, que era praticamente a armação da cabine, que são aquelas soldagens que você vai fazer nas chapas, era praticamente manual. Aí nós passamos por uma nova etapa em que algumas coisas eram feitas já por robôs. E hoje estamos numa evolução que praticamente a linha inteira é robotizada. Toda a armação da cabine praticamente já é robotizada. Você tem a presença, logicamente, de pessoas que fazem o controle, que garantem o funcionamento disso”, pontua.

 

Robôs no parque industrial da VW Caminhões e Ônibus, em Resende (Sul Fluminense), onde a aplicação dessa tecnologia na fabricação dos veículos vem evoluindo rapidamente (Foto: Divulgação/ no alto da página, um recorte desta mesma imagem)

 

Robótica na sala de aula

 

Ter conhecimento em robótica proporciona um importante papel também no aprendizado de matemática. A linha pedagógica da Escola Firjan SESI – com o Programa Firjan SESI Matemática e a robótica educacional – utiliza diversas ferramentas para tornar a disciplina prazerosa e compreensível à maioria dos alunos. Atividades de robótica desde o 2º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio são dessas ferramentas que também despertam nas crianças o interesse por temas associados à indústria.

 

Alunos jogam Minecraft durante as aulas (o SESI tem parceria com a Microsoft) e produzem conteúdos digitais para resolver problemas. Participam de quizzes e games utilizando a plataforma MangaHigh, que permite aprofundar o conhecimento em matemática. O SESI é a principal referência no Brasil no uso dessa plataforma, que utiliza inteligência artificial para detectar as habilidades não consolidadas de cada estudante e direcionar o aprendizado de acordo com as necessidades individuais.

 

“Em geral, as atividades de robótica auxiliam na aprendizagem de matemática e servem para o aluno perceber a disciplina como uma ciência mais acessível. São apresentados desafios, não é só repetir contas. O aluno é levado a pensar no problema e descobrir as possibilidades de solução. A robótica desenvolve uma série de atividades que vão ajudar na solução de problemas e depois na construção de robôs”, explica Vinícius Mano, gerente de Educação Básica da Firjan SESI.

 

 

Os alunos começam construindo com lego e depois usam material industrial. Os estudantes participam também de várias competições municipais, estaduais, nacionais e internacionais: First Lego League (FLL), First Robotic Competitions (FRC), First Tech Challenge (FTC), Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), Torneio Juvenil de Robótica (TJR) e Mostra Nacional de Robótica (MNR).

 

Nessas competições, tem crescido a participação de meninas. Uma estatística do Torneio Nacional de Robótica, do SESI, mostrou que mais da metade dos competidores no país em 2023 eram meninas. “As escolas têm programas de diversidade, que vêm se refletindo na robótica e no esporte. Por outro lado, os meninos têm participado mais de projetos artísticos”, comenta Mano.

 

E agora ex-alunos têm sido contratados como auxiliar técnico competidor, uma espécie de monitor, para ajudar as equipes. Eles estão presentes nas unidades Friburgo, Jacarepaguá, Resende e São Gonçalo, informa Mano.

 

Reidson (à dir.) junto com alunos da Escola Firjan SESI, na competição World Robot Olympiad: ele é ex-aluno e se tornou auxiliar técnico competidor  (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Reidson Rocha Ferreira, 21 anos, é auxiliar técnico competidor na Escola Firjan SESI Resende, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Ele estudou na unidade do 3º ano do Fundamental até concluir o Ensino Médio. Depois fez faculdade de Tecnólogo em Logística e agora cursa Administração.

 

“Tenho na universidade um diferencial por ter sido aluno de escola envolvido com robótica. Participei de competições de robótica desde o 7º ano do Fundamental. Desde então, não larguei a robótica até me formar em 2020. Foram várias competições e prêmios, como no Torneio Brasil Robótica, em que minha equipe foi campeã no desafio prático da mesa, ganhou o 3º lugar geral, além de mérito científico”.

 

Reidson conta para os alunos que a robótica mudou sua vida. “Era um aluno tímido nas aulas, mas perdi a timidez e desenvolvi o senso criativo. Na competição, temos que apresentar os projetos para muitas pessoas. Até na faculdade isso me ajuda bastante”, avalia.

 

Há um ano e meio acompanhando as equipes de robótica, ele ressalta que a atividade desenvolve o trabalho em grupo, desperta a concentração, a organização e o pensamento lógico; e que a automatização tem sido usada tanto na área de logística como na de administração.

 

Wanderson (de óculos pretos quase no meio da foto, na fileira de trás) com alunos da Escola Firjan SESI na etapa nacional 2024 da First Tech Challenge. Ele também é ex-aluno e se tornou auxiliar técnico competidor na instituição (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Wanderson Silva Damasceno, 21 anos, também é auxiliar técnico competidor e atua na Escola Firjan SESI São Gonçalo, onde cursou o Ensino Médio integrado com o Técnico do SENAI em Automação Industrial. Participou de torneios nacionais de robótica como mentor de equipes da Escola Firjan SESI São Gonçalo, de forma voluntária. No Ensino Médio, competiu como aluno.

 

“Quando me formei, queria continuar nas equipes, de forma voluntária, então a Firjan SESI criou esse cargo de técnico competidor para reaproveitar os talentos da robótica e fui contratado desde 2022”, lembra Wanderson.

 

Wanderson é responsável pela orientação da programação de todas as equipes da unidade São Gonçalo. Entre os prêmios alcançados, está o 2º lugar na etapa sul-americana do First Tech Challenge, com robôs semi-industriais, e o 1º lugar tanto no geral como no desafio prático do Torneio Brasil Robótica, em 2023.