Fachada da sede da Firjan no centro do Rio de Janeiro

TRINTA ANOS DA FIRJAN SEDE


Inaugurado em 1994, o Centro Empresarial Arthur João Donato fortaleceu ainda mais a representação política e a defesa dos interesses comuns e setoriais e abriu as portas para a sociedade

 

A assinatura de um convênio visando a reciclagem de profissionais desempregados deu vida ao prédio da atual Firjan Sede, inaugurado em 12 de setembro de 1994 pelas mãos do então presidente da República, Itamar Franco. Construído em um terreno de 1,8 mil metros quadrados, o Centro Empresarial Arthur João Donato aumentou significativamente o espaço físico das entidades que operavam desde 1951 na Avenida Calógeras 15. Na época, os objetivos da Firjan e suas instituições eram criar um novo instrumento a serviço do empresariado fluminense – tendo em vista lhes dar mais força na representação política e na defesa dos interesses comuns e setoriais – e elevar, ainda mais, o grau de representatividade do CIRJ e da Firjan, valorizando sua imagem pública.

 

A intenção ficava bem clara na inauguração desde o brinde de Arthur João Donato, presidente da federação entre 1980 e 1995. Ele saudava a todos com uma declaração positiva e profética, destacando que as entidades integrantes do Sistema Firjan não estavam mudando apenas fisicamente de endereço, mas também que se iniciava um novo ciclo, no qual novos objetivos e metas viriam a se ajustar à fase em que o Brasil estava ingressando: uma era de desafios representada pela globalização da economia.

 

Informativo Firjan/CIRJ de setembro de 1994: nas duas fotos do alto o então presidente da República Itamar Franco e Arthur João Donato (Reprodução/Firjan)

 

A instituição necessitava de uma sede à altura de sua representatividade e da importância de um estado que tinha, já época, o segundo maior PIB do país. Ao longo desses 30 anos, grandes eventos nacionais e internacionais foram realizados na sede, que recebeu diversas autoridades, como presidentes da República, governadores e prefeitos do Rio.

 

Democratização e interiorização

 

Foi implantado naquele período um modelo de representação empresarial moderno no Rio, que contribuiu ainda com a ampliação do acesso aos serviços prestados pelo SENAI e pelo SESI. A nova sede permitiu uma integração entre as entidades do Sistema Firjan com ganhos de sinergia e racionalização administrativa.

 

Na abertura da festa de inauguração do prédio, o então presidente do Conselho Empresarial de Economia da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, em nome da diretoria e dos funcionários da casa, presenteou Arthur João Donato com uma maquete do edifício.

 

O edifício da Firjan Sede, com seus 14 pavimentos e dois subsolos, nasceu computadorizado e incorporado aos mais requintados avanços da tecnologia (Foto: Firjan)

 

Recentemente, em depoimento ao Projeto Memória da Indústria, da Firjan, Eduardo Eugenio falou sobre a importância do prédio: “Arthur Donato fez o prédio. E eu tratei de abrir as portas para trazer a sociedade para dentro”, declarou, após ressaltar que Donato começou naquela época a interiorização da Firjan.

 

No mesmo projeto, Armando Salgado, presidente do Conselho de Eméritos da Firjan, declarou que “a construção do prédio foi um grande passo para a federação. Porque deu uma solidez. A missão do Donato foi construir esse prédio que deu uma solidez muito grande à federação”.

 

No dia da inauguração, o convênio entre a Firjan, o SESI e o SENAI visando à reciclagem de profissionais desempregados foi assinado pelo então ministro do Trabalho Marcelo Pimentel. Participaram ainda do evento os ministros Bayma Denys, dos Transportes, e Elcio Alvares, da Indústria; Mauro Durante, secretário-geral da Presidência, com status de ministro; autoridades municipais e estaduais; o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugenio Salles; e as mais representativas personalidades da indústria fluminense.

 

Políticas públicas para o Rio

 

O imponente prédio inteligente de 14 pavimentos e dois subsolos nasceu computadorizado e incorporado aos mais requintados avanços da tecnologia, em termos de sistemas eletrônicos para controle das instalações e equipamentos. E foi assim, totalmente informatizado, que a nova sede do Sistema Firjan passou a abrigar a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), o Serviço Social da Indústria (SESI-RJ), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-RJ) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RJ).

 

 

Na nova sede, a Firjan e suas instituições tiveram, a partir dali, melhores oportunidades para se dedicar mais eficazmente aos objetivos prioritários da classe empresarial, como elevar o grau de representatividade do CIRJ e da Firjan e aglutinar forças políticas em favor de projetos para o Rio de Janeiro, além de defender os interesses da indústria.

 

Atualmente também ocupam andares do Centro Empresarial as Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha; a Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro e a Câmara Portuguesa, além do Consulado Geral Honorário da República da Coreia.

 

Desde 2020, o edifício conta com o Sindworking, um espaço de coworking para os sindicatos filiados à Firjan, que aderiram ao programa de Suporte Sindical. O local encontra-se em obras para expansão, o que possibilitará a ampliação para 31 sindicatos se instalarem, com mais salas de videoconferência, de reunião e de arquivo. Além das estações de trabalho de uso exclusivo com computadores, telefones, internet e serviços de impressão, o Sindworking conta com suporte de help desk e serviço de administração do espaço.

 

Localizada no coração do Centro da cidade, na Avenida Graça Aranha 1, a nova sede ganhou um amplo Centro de Convenções, um Centro Internacional de Negócios, bar e restaurante, além do Teatro Firjan SESI Centro, com 350 lugares. A casa de espetáculos, no entanto, só foi aberta em novembro daquele ano, com a peça “Uma Rosa para Hitler”, de Greghi Filho e Roberto Vignati, com Francisco Milani e Alice De Carli.

 

O prédio, cercado por vizinhos como a Academia Brasileira de Letras e o Consulado Americano, combina granito e vidro na fachada, numa construção de linhas modernas e arrojadas. Foi projetado pelo arquiteto Edson Musa e teve as obras executadas pela João Fortes Engenharia, que venceu a concorrência entre as oito melhores construtoras do país à época.

 

Participaram ainda do projeto e construção da nova sede a Giroflex, Escriba, ML Magalhães, L’Atelier – Lustres e Projeto, Avanti, Oca, Vilares Elevadores, Johnson Controls, Dinamica, Araújo Abreu, Heating Cooling, Construtora Gávea, Hall Stage e Fiel.

 

O então governador Marcello Alencar e Arthur João Donato na inauguração oficial do Centro Internacional de Negócios (CIN), que organizou o II Mercotrade, em 1995 (Foto: Firjan)

 

Grandes eventos na sede

 

A inauguração da nova sede, que também tinha vocação para o compromisso social, acompanhou um novo momento para a indústria fluminense, que voltava a crescer com o Plano Real, após mais de 15 anos de crise. O momento era de transição do país e do mundo. A economia fluminense entrava numa fase particularmente promissora.

 

No ano da inauguração, o primeiro grande evento sediado pela nova casa da indústria fluminense foi o I Encontro de Negócios do Mercosul, o Mercotrade. Promovido pelo Sebrae e apoiado pela Firjan, Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) e Banco do Brasil, o Mercotrade reuniu empresários do Brasil, da Argentina, Uruguai e Paraguai.

 

XV Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada na Firjan Sede em 1998, com os presidentes (a partir da esqu.): Eduardo Frei Ruiz Tagle (Chile), Carlos Menem (Argentina), Raúl Cubas Grau (Paraguai), Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Julio Maria Sanguinetti (Uruguai) e Hugo Banzer Suárez (Bolívia) Foto: Firjan

 

Ainda em 1994, foi realizado o Fórum Brasil-Europa de Cooperação Empresarial, com o objetivo de estreitar esse relacionamento entre os países da União Europeia e o Rio de Janeiro. Pouco depois, a Firjan criaria o Eurocentro Rio, em associação com o Sebrae-RJ e a Comissão das Comunidades Europeias, visando a promoção de negócios, formação empresarial e disseminação de oportunidades de exportação de empresas brasileiras para a Europa.

 

Em 1995, na Firjan, o momento era também de transição, com foco no compromisso social. Uma das últimas ações da gestão de Arthur João Donato foi a implantação do Centro Internacional de Negócios (CIN), voltado para o desenvolvimento do comércio exterior, com o objetivo de atrair investimentos. O CIN realizou o II Mercotrade, que contou com a participação de mais de dois mil empresários brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios e chilenos, além de representantes governamentais e entidades empresariais dos cinco países para discutir novos negócios, movimentando cerca de US$ 150 milhões.

 

Na mesa (a partir da esqu.), o então governador Marcello Alencar, o vice-presidente da República, Marco Maciel, e Eduardo Eugenio, em sua posse na Presidência da Firjan, em 1995 (Foto: Firjan)

 

Ainda em 1995, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira foi eleito presidente da Firjan e do CIRJ. Na posse, ele destacou que a indústria tinha consciência de seu compromisso social. Uma das metas foi a decisão de tornar a Firjan não apenas uma representação econômica, mas também uma representação social do estado do Rio de Janeiro. Um dos fatos que marcou esse período foi o lançamento da campanha Reformas Já, em favor das reformas constitucionais em tramitação no Congresso Nacional. Outra meta era intensificar o processo de interiorização das entidades, iniciada na gestão de João Donato.

 

Em 2001, a Firjan criou o grupo multidisciplinar para enfrentar racionamento de energia durante a crise energética. A federação criou em sua sede a Bolsa de Energia, que funcionou de maio a dezembro com o objetivo de apresentar associados que ultrapassavam o limite de energia e aqueles que utilizavam abaixo do limite. A força-tarefa reuniu Firjan, SENAI e demais instituições parceiras.

 

Em 2008, o Encontro com o Mercosul pela integração regional atraiu à sede empresários, representantes do governo, instituições acadêmicas e organizações não governamentais. Criado em 2010, o SESI Cidadania, programa de investimento social da Firjan e do SESI, ampliou oportunidades de inclusão para o mercado de trabalho através do acesso à qualificação profissional, desenvolvimento de atividades sócio esportivas e educacionais contribuindo para melhoria na qualidade de vida das pessoas. Em 2011, foi reinaugurada a Biblioteca da sede.

 

 

História da indústria no Brasil

 

Nestes 30 anos, o prédio se tornou o repositório de toda a fase de implantação e afirmação da representatividade empresarial da indústria brasileira. Há documentos desde 1820, quando foi fundada a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Sain), reconhecida em 1827, com autorização de D. Pedro I. A Sain nasceu para incentivar a livre criação de indústrias no país e é a instituição precursora da Firjan.

 

As informações disponíveis incluem, entre outros, dados do Centro Industrial do Brasil (CIB), que funcionou até dezembro de 1931, quando se transformou em entidade regional, passando à denominação Federação Industrial do Rio de Janeiro. Em 1941, deu origem ao Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), que passou a funcionar em conjunto com a Federação das Indústrias.

 

O nome Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro foi adotado em 1975. A Firjan representa as indústrias fluminenses nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Já o Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ) é uma organização privada que representa empresas do encadeamento produtivo, ou seja, fornecedores de produtos ou serviços para a indústria. O CIRJ representa legalmente seus associados em questões como sistema tributário, mercado de trabalho, infraestrutura e políticas públicas.