Desfile de moda na Fevest

FEVEST: MODA ÍNTIMA
RUMO AO EXTERIOR


Confecções de lingerie, praia e fitness de Nova Friburgo se preparam para fortalecer suas marcas no exterior na Fevest Trend 2024 

 

Com a experiência de quem já exportou grandes volumes para a maior rede de lojas de varejo do Uruguai, a Evidenza Lingerie e Fitness, de Nova Friburgo, na Região Centro-Norte do estado do Rio, se prepara para ter mais presença no comércio exterior. Atualmente, a empresa exporta para EUA, Argentina, Chile e Uruguai, via Grupo Romance e Lojas Renner, para quem produz com a modalidade de etiqueta do cliente, incluindo, nesse caso, a oferta de seus produtos para Argentina e Uruguai.

 

Os maiores importadores de moda íntima, praia e fitness do estado do Rio de Janeiro são EUA, Uruguai e Portugal. Já as vendas externas de Nova Friburgo têm como líder o Uruguai, seguido de Argentina e Bolívia, de acordo com dados de 2023 elaborados pela Firjan Internacional com base nas informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Por sua vez, entre os maiores exportadores mundiais desses produtos, é interessante notar a presença da China, que detém quase 40% do mercado.    
 

  
Em junho, Nova Friburgo se tornou, oficialmente, a Capital Nacional da Moda Íntima, após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionar lei aprovada pelo Congresso. A cidade produz cerca de 114 milhões de peças por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Moda Íntima (Abit) e o setor, que inclui também moda esportiva, praia e roupas de dormir gera aproximadamente 20 mil postos de empregos diretos e indiretos, segundo o Sindicato da Indústria do Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindivest). 

 

Capacitação para exportar

 

José Américo Farias, proprietário da Evidenza, explica que a fábrica atende a vários segmentos. “Temos as marcas Evidenza Intimates e Evidenza Sports. Há 35 anos, trabalhamos com lingerie. O fitness é um projeto novo, de poucos meses. Na Fevest 24, maior feira de lingerie, praia e fitness do Brasil, a empresa pretende alavancar de vez sua marca para as futuras vendas internacionais”, conta ele. O evento, realizado pelo Sindvest com patrocínio da Firjan SENAI, será nos próximos dias 25 a 27/6, no Nova Friburgo Country Clube.

 

As perspectivas são animadoras. O Polo produz por ano mais de 336 milhões de peças. Nas exportações, o setor têxtil de Nova Friburgo teve alta de 20% em 2023, em relação ao ano anterior, um bom horizonte para a economia local.

 

Um dos grandes desafios do setor é o segmento de “lingerie dia”, devido à concorrência com os produtos asiáticos, que é muito grande. Por isso, alguns empresários, como José Américo Farias, optam por mercados menos procurados pela China, como o Chile e o Uruguai, sem deixar de lado as vendas internas. O e-commerce é outro projeto que a Evidenza está desenvolvendo. “É a joia da coroa. Estamos investindo muito em fitness, para crescer num futuro próximo. Queremos vender eletronicamente, direto para o consumidor até o fim do ano”, conclui.

 

 

Projeto Sindexporta

 

No caminho rumo ao comércio exterior, a Evidenza está participando do projeto Sindexporta realizado pelo Sindvest. O projeto inclui também capacitações exclusivas promovidas pela Firjan. “A empresa está focando nos projetos: e-commerce, internacional e América Latina. No treinamento, por exemplo, discutimos questões de formatação de custos, definição de regras e margem de lucro. Percebemos que será preciso fazer muita prospecção de mercado e de adequação. Para isso, pretendemos contar com o apoio da Firjan Internacional”, declara o empresário.

 

O projeto Sindexporta foi lançado pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindvest) na Fevest 2023 para que o Polo Têxtil se fortaleça como um Polo Exportador. Entendemos que o volume de exportações do setor cresceu. Isso significa que a moda brasileira, mesmo com a forte concorrência asiática, consegue se colocar no mundo. Esperamos que esse projeto exportador seja cada vez maior nas próximas edições da Fevest”, prevê Gustavo Moraes, presidente do Sindvest.  

 

As empresas associadas ao Sindvest ajudaram na formatação do curso de qualificação, que inclui modelagem, desenvolvimento de produto e outros temas. Só depois desses conteúdos começa a prospecção de mercado.

 

Expansão de mercado

 

“Essa meta de atrair novos compradores internacionais faz parte do Projeto Comprador, que integra o Sindexporta”, detalha Junior Mafort, diretor do Sindicato. O objetivo é fortalecer a internacionalização das empresas da região e também a marca e a presença de Friburgo como importante Polo Têxtil.

 

“A ideia do Sindexporta agora se materializou. As atividades de capacitação estão sendo desenvolvidas desde o ano passado, para culminar na Fevest 2024. Foi uma idealização do sindicato, que buscou parceiros, como a Firjan. Nós, como entidade de representação empresarial, estamos dando todo o suporte necessário ao Sindvest e fortalecendo as empresas associadas que buscam o caminho da exportação”, acrescenta Giorgio Luigi Rossi, coordenador da Firjan Internacional.

 

Outro item do Projeto Comprador é a atração de empresas de outras regiões do Brasil. Representantes de 20 empresas nacionais terão a oportunidade de visitar a Fevest Trend 2024, com custos de passagens e uma diária de hotel custeados pela organização do evento. A escolha foi feita pela relevância da empresa e/ou pelo potencial de compra. Rodadas de negócios serão realizadas durante os três dias da feira.

 

Mais 266% em exportação em 12 meses

 

Junior Mafort, que é gestor Comercial da Mafort Lingerie, conta que sua confecção tem uma linha completa até o GG e o king size, o que é um diferencial. A empresa foi criada em 2006 e tem como destinos mais frequentes de exportação Angola, Austrália, Chile, Espanha, Japão e Portugal: “Queremos expandir. Detectamos outras regiões que importam lingerie do Brasil. Por isso, queremos alcançar novos mercados e aumentar nosso comércio exterior. Nos últimos 12 meses, tivemos um crescimento de 266% nas nossas exportações”, ressalta.

 

Para crescer ainda mais, a Mafort também está fazendo a capacitação. “Os consultores têm muita expertise nesse assunto, trazem muita coisa prática. Já aprendi sobre gestão financeira internacional para exportar, câmbio e financiamento. Câmbio é um fator muito relevante. Além disso, no curso, discutimos a formação de preço para o mercado internacional. Temos consciência da regra do jogo”, detalha o gestor.

 

“Descobrimos que o mercado sul-americano importa lingerie porque quase não tem fábrica desse tipo de roupa. A exportação da Mafort, que começou em 2016, é feita a partir da busca dos compradores”. A fábrica investiu em palavras-chave para ser achada nas ferramentas de busca de internet, entre outras estratégias adotadas. Na Mafort, praticamente todos os compradores do exterior são brasileiros que moram fora e querem vender lingerie brasileira. Cerca de 60% são revendedores em atacado, conta o empresário, para quem a Fevest é a “melhor vitrine, a maior feira de lingerie da América Latina e uma das maiores do mundo. A lingerie brasileira tem design, tendências e potencial de fazer muito sucesso lá fora”.

 

Sobre logística, a Mafort tem uma empresa parceira que faz toda a parte de documentação e consegue frete mais barato. “O mais complicado nesse processo é a parte aduaneira, que a empresa de logística presta para a gente. Quando chega a mercadoria no destino, eles têm contato com outra equipe que resolve qualquer problema”, afirma Junior Mafort.

 

  
Entraves e desafios

 

Os principais entraves à exportação foram mapeados pela Firjan Internacional no Diagnóstico de Comércio Exterior 2023. “São eles: burocracia tributária, custo do frete internacional, burocracia alfandegária no porto, custos tributários e taxa de câmbio. Burocracia tributária e frete lideram com folga na pesquisa feita com empresários pela Firjan”, pontua Giorgio Rossi.

 

Rossi detalha que a maioria das empresas entrevistadas pela Firjan prevê o aumento das exportações e das importações, num cenário sem esses entraves. As empresas do Polo Têxtil são, em grande parte, de pequeno e médio portes, muitas de característica familiar. Parte delas exporta os produtos, enquanto outras importam matérias-primas. Há quem exporte com o auxílio de tradings. Outros vendem diretamente para parceiros e clientes no exterior, detalha Rossi.

 

Na etapa de capacitação, a Firjan Internacional vem realizando palestras online uma vez por mês. Nesses Tira Dúvidas, temas sobre habilitação no sistema de Comércio Exterior do governo, o Siscomex, modelos de exportação e as vantagens do Certificado de Origem são trabalhados com os participantes. Durante a Fevest 2024, a equipe da Firjan Internacional estará presente para prestar atendimento nos estandes aos empresários que estejam necessitando de assessoria.