Pesquisador no Instituto SENAI Química Verde, da Firjan RJ

INSTITUTOS FIRJAN SENAI SESI
INTERNACIONALIZADOS


Institutos Firjan SENAI SESI fazem parcerias com órgãos de diversos países. Missão chinesa iniciou negociações

 

A rede de Institutos de Inovação (ISIs) e de Tecnologia (ISTs) da Firjan SENAI e o Centro de Inovação da Firjan SESI (CIS) vem internacionalizando suas parcerias e serviços nos últimos anos com instituições de pesquisa, empresas, hubs de inovação e startups de vários países. Os Institutos SENAI de Inovação (ISIs) atingiram em 2023 contatos e projetos com representantes de 23 países de quase todos os continentes, menos a Oceania. Os ISIs têm cinco projetos internacionais ativos, com destaque para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de produtos baseados em bioativos da biodiversidade brasileira com Alemanha e Dinamarca. Os Institutos SENAI de Tecnologia (IST) e o Centro de Inovação Firjan SESI em Saúde Ocupacional (CIS-SO) também vêm trilhando esse caminho.

 

Em junho deste ano, uma missão chinesa, com 13 representantes de instituições, governos e empresas, visitou a Firjan SENAI SESI, com o foco em educação profissional, tecnologia e inovação. Um primeiro passo rumo a possíveis parcerias. Os chineses se mostraram muito interessados em trabalhar com a Firjan SENAI SESI nesse intercâmbio de informações. Fang Yingsheng, professor e secretário do Comitê da GDSPC, uma instituição multidisciplinar chinesa, diz que as perspectivas são boas.

 

“Está tudo de acordo com a expectativa de conversas futuras. Existe a possibilidade de acordo, porque nós identificamos muitos pontos em comum, que serão mais discutidos”, afirma.

 

 

Trocas efetivadas

 

Parcerias internacionais da Firjan SENAI SESI consolidadas se destacam na área de biodiversidade. Esse campo representa um grande potencial para inovações que podem ser aplicadas em vários setores industriais, trazendo benefícios econômicos e ambientais significativos.

 

Uma delas é entre o ISI Química Verde (ISI-QV) e a Alemanha: os projetos envolvem o fomento de P&D entre os dois países, além do treinamento de pessoal em bioeconomia. Com financiamento do governo alemão, é realizada há quase dois anos e está na fase final, com término previsto para setembro de 2024. Esse projeto agrega valor à indústria do Rio de Janeiro e do Brasil, ao promover a transferência de conhecimentos técnicos avançados e a implementação de práticas sustentáveis, que podem aumentar a competitividade das empresas locais.

 

Já houve missões do Brasil para lá e vice-versa, que geraram outras parcerias entre o ISI-QV e institutos alemães. As instituições estrangeiras envolvidas são: EIC Trier, IHK Trier, ZENIT, EEN.

 

Showroom do Instituto SENAI de Inovação Sistemas Virtuais de Produção: espaço apresenta alta tecnologia na prática (Foto: Vinícius Magalhães)

 

“Nos intercâmbios, levamos as tecnologias do Brasil para fora, assim como recebemos conhecimento e novas tecnologias. As inovações dos institutos se somam às do exterior, em um trabalho conjunto”, ressalta Carla Giordano, gerente regional de Pesquisas e Serviços de Tecnologia da Firjan SENAI SESI.

 

Outro projeto importante, que envolve também o ISI-QV, tem como foco novos desenvolvimentos para o tratamento de água e saneamento, dessa vez com o governo e instituições da Dinamarca. Está no início, com o kick-off ocorrido em janeiro de 2024. Estão sendo efetivadas as parcerias com universidades, visando trazer nova expertise para o Brasil. O projeto tem o potencial de agregar valor às indústrias fluminense e nacional, ao introduzir inovações tecnológicas e promover a colaboração em áreas como energia limpa e sustentabilidade. As instituições estrangeiras envolvidas são: Clean, Aalborg University, University of Southern Denmark, Roskilde University.

 

Internacionalização de empresas

 

Há outras ações com governos e empresas da Suíça, Suécia e Turquia. A parceria entre Firjan SENAI e Swissnex foca na promoção da indústria brasileira e suíça, com ênfase em P&D. A Swissnex é a rede global que conecta a Suíça e o mundo em educação, pesquisa e inovação. Não há pesquisa direta envolvida, mas a colaboração pode agregar valor ao facilitar o intercâmbio de tecnologias e o desenvolvimento de novos processos industriais, além de promover a internacionalização das empresas brasileiras.

 

Já a parceria entre Firjan SENAI e a empresa sueca Dakmatter, sob a iniciativa da Sweden Brazil Innovation Initiative, visa o desenvolvimento de P&D na área de produtos naturais. Embora não envolva pesquisa direta, a colaboração pode levar ao desenvolvimento de novos produtos baseados em bioativos da biodiversidade brasileira, o que é altamente relevante para os setores de cosméticos e farmacêuticos do Rio de Janeiro e do Brasil.

 

Pesquisador do ISI-QV: o Instituto SENAI de Química Verde possui várias intercâmbios internacionais (Foto: Paula Johas)

 

A colaboração entre a Firjan SENAI e a empresa turca PMO Partners está focada no desenvolvimento de P&D na área da indústria química. Embora não haja pesquisa direta envolvida, pode resultar em novos processos e materiais, fortalecendo a competitividade da indústria química local.

 

O Instituto SENAI de Tecnologia em Solda (IST Solda) fez um estudo em 2023 para uma multinacional sediada na Bélgica, utilizando testes inovadores, para comparar as propriedades mecânicas ao longo do tempo de caixas de polietileno de alta densidade (PEAD), tanto novas quanto usadas, que armazenam garrafas de bebidas.

 

Nesse estudo, que durou três meses, foram realizados diversos ensaios mecânicos tais como: flexão, tração, impacto, queda, entre outros. E a empresa teve um entendimento mais profundo sobre o material e as influências das propriedades mecânicas ao longo do tempo, contribuindo para determinar a vida útil dessas caixas.

 

Apoio à saúde ocupacional

 

Por sua vez, o Centro de Inovação Firjan SESI em Saúde Ocupacional (CIS-SO) tem um histórico de projetos com a multinacional alemã Boehringer, do setor farmacêutico. São estudos que analisam bancos de dados disponíveis no Brasil para avaliar o impacto socioeconômico de doenças crônicas. No caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), o trabalho já foi apresentado em eventos e disponibilizado para o governo. Foram avaliados a quantidade de dias perdidos com a doença e o impacto tanto previdenciário como na produtividade das empresas. Há ainda um toque humanizado, com pesquisas feitas com profissionais através de associações médicas, por exemplo.

 

Agora o CIS-SO está fazendo estudo semelhante para o déficit cognitivo associado à esquizofrenia e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essa atuação do centro abre espaço para se fazer esse mesmo trabalho em outros países, o que está sendo negociado com a Boehringer.

 

Negociação

 

Três Institutos SENAI de Tecnologia (Química e Meio Ambiente, Solda e Automação) e a área de Responsabilidade Social da Firjan SESI estão negociando uma parceria com a startup alemã Black Forest, para montar um estaleiro no entorno da Baía de Guanabara e beneficiar plásticos coletados na baía.

 

A Black Forest ganhou um edital do governo alemão para financiar esse projeto e agora está negociando para a Firjan SENAI SESI ser a prestadora dos serviços. Os institutos vão instalar o estaleiro e seus equipamentos, tratar do licenciamento ambiental do projeto, além de promover oficinas ambientais, entrevistas com os pescadores da região sobre suas necessidades e análise sobre qual a melhor rota para o tipo de plástico coletado. A Responsabilidade Social vai mapear os pescadores e a comunidade para participarem do projeto, além de ajudar a indicar o melhor local para instalá-lo.

 

Delegação chinesa durante visita aos institutos SENAI da Firjan, no Rio de Janeiro (Foto: Paula Johas)

 

Diálogo Brasil-China

 

É nesse rol de parcerias e intercâmbios que pode entrar também a China. A delegação chinesa fez visitas técnicas aos três ISIs da Firjan SENAI: Química Verde; Inspeção e Integridade; e Sistemas Virtuais de Produção; e conheceu o trabalho da Firjan SENAI SESI, no evento China Brazil Dialogue.

 

“A visita foi muito produtiva. Uma oportunidade de mostrar muito do que fazem os ISIs nas áreas de educação e inovação. A troca com outros países é uma via de mão dupla, observamos de forma efetiva um crescimento dos pesquisadores, o aprimoramento das tecnologias desenvolvidas e a incorporação de conhecimento que consegue alavancar soluções”, explica Carla Giordano.

 

Representantes dos ISIs e do CIS-SO se reuniram com os chineses para conversarem sobre as inovações verdes, em material e na área digital. O objetivo é criar uma parceria estratégica com a Firjan SENAI. Na Casa Firjan, ocorreram apresentações de serviços e projetos de interesse mútuo, para possíveis iniciativas em conjunto.

 

A negociação com os chineses terá ainda um longo processo. Os relatórios serão compilados para identificar os pontos em que há mais sinergia. “Haverá reuniões virtuais e eventuais visitas a algum parceiro chinês. É o pontapé inicial de uma construção de anos”, esclarece Carla.

 

A missão chinesa está no âmbito do Grupo de Trabalho dos Brics (Brasil, África do Sul, Rússia, Índia e China), segundo Gustavo Rosa, superintendente de Negócios Internacionais do SENAI/DN, organizador do evento ao lado da Firjan Internacional.

 

“Olhamos tecnologias que interessam tanto para o Brasil quanto para a China, que podem evoluir para uma instituição de educação e de inovação virtual. As tecnologias que eles trouxeram têm muito a agregar ao que a gente está fazendo e, pelo que foi comentado por eles, a nossa forma de trabalhar, a nossa metodologia de educação e o nosso diálogo com a indústria é algo que salta aos olhos dos chineses”, destaca Rosa.

 

Alguns projetos discutidos são a criação de um Centro Educacional Brasil-China para ser desenvolvido de forma virtual, com itinerário de formação profissional; o desenvolvimento da tecnologia de solda para outras possibilidades; e um serviço para a indústria sobre base de dados (big data), além de serviços de educação, baseados nos projetos apresentados.

 

Um dos projetos apresentados pelos pesquisadores do ISI Inspeção e Integridade foi o de inspeção de solda, ligada à indústria, que despertou o interesse chinês. A tecnologia chinesa nessa área está voltada para a educação. O objetivo seria uma inspeção automática para melhorar a produtividade.